z..... 27/02/2014
A obra despertou minha atenção por ter sido publicada na década de oitenta por uma escritora paulista. Não se propõem a ser um livro histórico, tecnicamente é uma literatura infanto-juvenil, mas em muitos aspectos retrata a Macapá dos tempos do Território Amapaense.
Há alguns exageros, as impressões de quem visita a terra pela primeira vez, e, em certas particularidades, não gostei de algumas referências (como o Curiaú sendo lugar de miséria e tristeza, e uma tal hora da sesta, em que todo mundo larga tudo para dormir e a cidade assim para). Faltou mesmo, indispensável, citar a linha do Equador e o nosso famigerado açaí, tão presentes na identidade amapaense.
Na obra vemos o choque cultural de um garoto migrante do sul, com seu processo de descobertas e familiarização, logicamente, acostumado com outra rotina e tendo uma visão estereotipada do Norte, como permanece hoje. A mudança para Macapá ocorreu para acompanhar os pais, que eram donos de um garimpo, e a estória, narrada em primeira pessoa, é recheada de observações e contrastes, fazendo com que o garoto descubra e valorize coisas que até então sequer supunha. A realidade do garimpo, a busca por riqueza a todo custo, a desvalorização do indígena enquanto cidadão e dono da terra, são pontos apresentados e dissertados em conversas que trava com personagens que encontra.
Referindo-se ao título, "Macapacarana" é uma mistura de Macapá com Pacarana (roedor parecido com a paca, porém, mais robusto e com cauda). Uma alusão a uma localidade fortemente marcada pela presença da natureza em suas impressões.
Um bom livro, gostei bastante, que proporciona uma interessante e agradável leitura. Assim foi a minha.