Lina DC 15/03/2015A história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista Hector, um jovem de 29 anos de idade que está tendo uma crise de identidade. Hector sempre se considerou um artista, um escritor que teria um futuro brilhante se a realidade não existisse: contas a pagar, responsabilidades sociais e morais e o cotidiano.
Durante a narração, percebemos que Hector é um personagem sarcástico e inteligente. Acompanhamos a maneira como ele cria diálogos mentais, onde seus colegas de trabalho são analisados por uma perspectiva singular.
O livro é a trajetória de um personagem considerado normal, onde inúmeros leitores irão se identificar com sua história. Deixar a obrigação de lado e nos sustentar através daquilo que amamos. No caso de Hector: escrever.
Existe um certo conformismo do personagem, mesclado com a tentativa de isentar-se das responsabilidades. Hector adora apontar o dedo para o próximo, julgando que os demais são o empecilho para realizar o seu grande sonho.
Como é uma narrativa de primeira pessoa, o texto em alguns momentos tornou-se um pouco cansativo. O conformismo mesclado com os devaneios (em alguns momentos a história é interrompida para que Hector conte uma particularidade não relacionada) arrastam a fluidez do texto, mas também existem trechos onde as páginas avançam sem percebemos, como no caso onde ocorrem as discussões fantasiosas de Hector com os seus carnês de contas atrasadas.
A trama é interessante e aborda um tema que todos os leitores conhecem: a realização dos nossos sonhos e as dificuldades que enfrentamos no nosso dia a dia.
Hector é um personagem quase carismático, o que se deve principalmente pelas reclamações em excesso.
"Confesse-me" é uma história que nos faz refletir sobre as nossas escolhas. Será que estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para realizarmos nossos sonhos?
"Então algumas coisas ficam explicadas: felicidade plena e absoluta não é algo que conquistamos de uma hora para outra, mas é possível sim encontrar um pequeno fragmento dela... Fragmento este que já é o bastante para nos transformar em pessoas mais sorridente e menos apáticas. Este fragmento mínimo é encontrado no momento em que decidimos fazer aquilo que nos dá satisfação..." (p. 78)