Doutor Pasavento

Doutor Pasavento Enrique Vila-Matas




Resenhas - Doutor Pasavento


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jota 17/06/2015

Passou...
Autor cult, conhecido como escritor de escritores, Enrique Vila-Matas faz de Doutor Pasavento uma obra de culto ao escritor suíço Robert Walser, citado centenas de vezes aqui. Também presentes em muitos trechos estão J. D. Salinger, Thomas Pynchon e outros autores avessos ao público ou muito discretos quanto a suas vidas privadas.

O livro apresenta doses cavalares de metalinguagem e todos esses escritores conhecidos e outros nem tanto comparecem para exemplificar aquilo que Vila-Matas entende por “desaparecimento”. O personagem aqui é um escritor atormentado pelo excesso de exposição ao público que deseja obter privacidade e então inventa uma série de outros “eus” para apagar – ou fazer desaparecer – sua vida pregressa e a atual.

Parece um pouco confuso por vezes, exige bastante atenção na leitura e mesmo que você não se perca nessa jornada literária, a coisa se torna um tanto cansativa, fazendo com que o livro pareça longo demais, quando na verdade tem cerca de quatrocentas páginas. Contudo há referências a filmes, canções e livros conhecidos, são muitas citações deles extraídos, então dá para ir levando, chegar ao final.

Doutor Pasavento tem tudo para agradar estudantes, professores e especialistas em literatura e também leitores que buscam obras originais. O crítico José Castello (em Sábados Inquietos, que também leio no momento) vai mais longe e diz que o livro é “perturbador”. De todo modo, não de outro autor mas do próprio Vila-Matas recolhi uma frase lapidar, que diz muito sobre sua escrita: "A literatura consiste em dar à trama da vida uma lógica que ela não tem." Entendeu?

Lido entre 08 e 17/06/2015.
Thiago 18/06/2015minha estante
Então ele chega a fazer aquilo que o Gonçalo M. Tavares faz ou seja aquele exercício literário ou fica só mesmo nas citações e ele tem de fato um estilo original?


jota 18/06/2015minha estante
A afinidade entre o escritor português e o espanhol é tão grande que as orelhas do livro de Vila-Matas foram escritas por Gonçalo, de quem li apenas O Senhor Brecht. Este e Doutor Pasavento são livros que apelam mais para o cérebro do que para o coração - ou o riso - então não têm o poder de agradar tanto assim leitores precários ou medianos, meu caso.

Não sei o que acontece nos outros livros de Vila-Matas (tenho na fila de leitura Suicídios Exemplares e A Viagem Vertical) ou de Gonçalo M. Tavares, mas em Doutor Pasavento os autores, especialmente Walser, Salinger, Pynchon, incluindo Kafka (Gregor Samsa, personagem de A Metamorfose "desapareceu" ao ser transformado num inseto, não?) participam da história não apenas com citações de seus livros e referências a seus personagens como também são nela inseridos (muitas vezes com dados biográficos) através de sonhos do personagem, devaneios, suposições etc.

Mesclando ensaio, crônica jornalística e romance e fazendo da própria literatura e dos escritores o objeto de suas histórias - pelo menos é o que acontece em Doutor Pasavento - , não resta dúvida de que é um autor extremamente original.




Cassionei 21/02/2015

Desparecer para aparecer
Doutor Pasavento, de Enrique Vila-Matas (CosacNaify, tradução de José Geraldo Couto), foi publicado no Brasil na mesma época da morte de J. D. Salinger. O romance do escritor espanhol tem como tema o desaparecimento de escritores. E Salinger foi um notório recluso, que optou por sumir do meio literário, apesar de o seu paradeiro ser de conhecimento de todos. Sincronicidade ou apenas coincidência?
Para quem não sabe, sincronicidade foi um termo criado pelo psicanalista C. G. Jung para designar eventos que acontecem simultaneamente e que são significativos para as pessoas, diferente da coincidência, que é uma conexão aleatória entre os fatos. Se alguém está pensando em uma pessoa e de repente recebe uma ligação telefônica dela, estamos diante de uma sincronicidade, afinal elas se conhecem e, no inconsciente de cada uma, há o desejo de conversarem, mesmo sem terem combinado nada. Agora, se a pessoa conversa com um desconhecido em uma parada de ônibus e descobrem que ambas têm amigos em comum, há apenas uma simples coincidência, afinal, como diz o ditado, “o mundo é pequeno”. (Ok, sou leigo no assunto. Para críticas, escrevam cartas, ou melhor, e-mails para a redação.)
Poderíamos classificar Doutor Pasavento como um romance ensaístico ou um ensaio romanesco? Já no início é citado o primeiro escritor dentre tantos que vão surgir na narrativa: Montaigne. É uma pista de que leremos uma espécie de ensaio, afinal, o escritor francês foi o pai do ensaio moderno, assim como os escritores Sterne e Cervantes, também citados, foram os criadores do romance-ensaio. Montaigne se refugiou em uma torre para escrever e é isso que Vila-Matas vai analisar: os escritores que resolvem desaparecer. Em obras anteriores, como sua obra-prima, Bartleby e Companhia, ele retratou os escritores que deixaram de escrever. Em O mal de Montano, abordou a “doença” de querer escrever. Ou seja, grande parte da sua obra tem como tema central a própria literatura. É a obsessão de Enrique Vila-Matas.
O protagonista é convidado para um encontro literário em Sevilha, justamente depois de ter imaginado essa viagem. Hospedado em Paris, descobre que o lugar onde está também foi ocupado por outros escritores. Sincronicidades? Resolve, depois, sumir no meio do caminho para o encontro literário, assim como fez certa vez Agatha Christie, e como fizeram tantos outros escritores, principalmente Robert Walser. Assume uma identidade falsa, a do psiquiatra Doutor Pasavento, para realizar novos projetos. Vila-Matas, em seu site na internet, diz que interpretar que o romance é sobre o desaparecimento e a solidão é aceitável, mas do que realmente trata o livro é a “dificuldade de não ser ninguém”.
No Brasil, também temos alguns escritores que tentaram não ser ninguém. Os mais notórios são Dalton Trevisan e Rubem Fonseca. Ambos foram alvos de polêmicas nas últimas semanas. Sincronicidade? O primeiro, por ser retratado em um romance de Miguel Sanches Neto, seu ex-pupilo, e de não ter gostado nenhum pouco disso. O segundo, por aparecer no lançamento do livro de Paula Parisot, sua afilhada literária. O boato que corre nos meios literários é de que ela teria sido o pivô da saída de Rubem Fonseca da editora Companhia das Letras, que se recusou a publicar a obra da escritora. Para esse evento, Parisot faz uma performance dentro de uma caixa de vidro. Uma foto mostra Rubem Fonseca conversando com ela através da caixa, ele que sempre se fechou em uma redoma de vidro metafórica. Sincronicidade?
Enquanto alguns querem desaparecer, outros se expõem para chamar a atenção. Para se fazer literatura, não bastaria só escrever?

site: http://cassionei.blogspot.com.br/2010/03/estreando-colaboracao-fixa-na-gazeta-do.html
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Eduardo 12/02/2011

adiciono por conta da seguinte postagem: http://osquecheiraramcocteau.wordpress.com/2010/07/22/pasavento-robert-walser-em-vila-matas/
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Interaubis 03/02/2011

Breve resenha de minha leitura incompleta
O Doutor Pasavento nasce de uma vontade do narrador em desaparecer.
A história é narrada por um escritor que, após obter a fama pelo seu trabalho, passa a se sentir incomodado por isso.
A partir de um acaso ele encontra a oportunidade perfeita para executar seu plano e assumir uma nova personalidade, em busca de seu desaparecimento.

É um livro ensaístico pleno de digressões, com uma prosa refinada e várias idéias muito boas.

Infelizmente eu não estava no clima de ler algo tão proustiano no momento. Do mesmo ator, por outro lado, achei ótimo o livro de contos Suicídios Exemplares.

Este romance-ensaio decerto vale a imersão e sua completa fruição mas agora não deu, fica pra uma próxima vez.
Danielle 08/12/2018minha estante
Livro chaaaaatoooo. To quase largando ?




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