Digão Livros 09/03/2013E César se foi! O impossível aconteceu.
Assassinado por traidores da República (que já não existia mais), que se proclamavam Libertadores, e profanaram o solo sagrado do Senado para conquistar seus objetivos.
Morto traiçoeiramente pelos seus iguais, que se sentiam inferiores perante a sua presença. Morto pelas costas. Morto com a ajuda do seu protegido Marco Bruto, entre outros.
Os relatos aqui serão sobre Marco Antônio. Mas é impossível falar de Marco Antônio sem citar Júlio César. Aliás, é impossível falar de qualquer senhor de Roma sem falar de Júlio César, pois este era tão imenso que, mesmo após a sua morte, sua sombra encobria e obscurecia seus sucessores. Todos queriam ser César. Todos queriam ser amados como foi César. Todos queriam o legado de César.
A morte de César desorganizou totalmente a estrutura da sociedade, de modo que um clima de angústia incertezas, desespero e medo, abraçaram o povo e a elite.
Os assassinos de César não foram aceitos como libertadores, sendo desprezados pela sociedade romana, e obrigados a fugir para sobreviver.
A ausência de um líder fragmentou o poder entre as lideranças, dando início a um perigoso e violento jogo de intrigas, conflitos e mortes.
A guerra civil era iminente. E lá fora, após as fronteiras de Roma, outras guerras precisavam ser travadas.
Nesse contexto, apenas poucos homens poderiam reestabelecer a ordem. Talvez 2 – Marco Antônio, o cônsul e general. Popular entre os civis e os homens de guerra. Avesso á política, mas popular em um mundo onde as vitórias dos soldados mantinham a estrutura de Roma.
O outro era o adolescente Otávio. Sobrinho e filho adotivo de Júlio César. Tido por quase todos como inexperiente e inofensivo, mas provido de uma mente privilegiada, além de amigos astutos.
Ah! Havia também o general Lépido, que comandava um considerável exército, mas desprovia do carisma ou do sangue de Júlio Cesar, como Marco Antônio ou Otávio, não assumindo assim, posição protagonista perante os fatos.
A morte de Júlio Cesar desesperou a todos próximos a ele. Contudo, mesmo em desespero, Marco Antônio foi eficaz e agiu rapidamente.
Utilizou-se de seu status de cônsul para tomar documentos, assumir os exércitos em Roma e controlar os tesouros do governo. Aproveitou seu carisma para ser aceito pelo povo, perseguindo, logicamente, os assassinos de César.
Como soldado, Marco Antônio era perfeito. Seguro, determinado, perfeccionista. Porém, assim como era normal entre os soldados, era dado a bebedeiras e orgias, permitindo ser corroído em outro campo de batalha que pouco conhecia – o da política.
Contra ti, também contava o fato de, ao contrário de Otávio, estar cercado de pessoas que pouco contribuíam para articular a conquista de seus objetivos, e a bem da verdade, muito atrapalhavam, tal como sua irascível e geniosa esposa Fúlvia, ou até mesmo seu inseguro irmão Lúcio.
De início, Marco Antônio ignorou Otávio, que para ele era apenas um garoto. Isso lhe custou caro.
A sucessão doa fatos, e as sucessivas traições de Otávio perdoadas por Marco Antônio mostraram que Otávio era um adversário perigoso, contudo, Marco Antônio recusava-se a aceitar o óbvio; talvez por respeito a César talvez por realmente acreditar que Otávio não lhe faria mal algum. Ledo engano.
Em determinado momento, Otávio havia conquistado Legiões e tinha poder de negociação, e Lépido, apesar de pouco protagonista, possuía consigo um respeitável exército, interessante e necessário em tempos de guerra.
Criou-se o triunvirato. Marco Antônio, Otávio e Lépido.
Mas as fronteiras estavam em perigo, e um verdadeiro general era necessário. Além disso, as ambições de expandir as fronteiras de Roma, e a necessidade de alguém especial para isso, levou marco Antônio a seu erro fatal.
Otávio ficou em Roma, administrando o coração do governo. Lépido cuidou das fronteiras periféricas, e Marco Antônio se dirigiu ao Oriente.
Lá, conheceu a paixão e a loucura.
Envolveu-se e consumiu-se com a misteriosa e enigmática Cleópatra.
Tornou-se inseguro, voraz, e cada dia mais manipulável por sua amada do Oriente.
E a cada dia, Otávio avançava mais e dominava mais. E a cada dia, Marco Antônio era menos para os outros e para si.
E mesmo com os avanços de Otávio, e suas demonstrações de que ele queria dominar tudo a todo custo, Marco Antônio ainda acreditava que se tratava apenas de um menino, e que uma reconciliação sempre era possível.
E sua paixão por Cleópatra era repugnada pelos romanos, tornando menor seu vínculo com eles quando se divorciou de Otávia.
E foi envolvido nessa loucura de amor que Marco Antônio pereceu, induzido por Cleópatra a morrer com ela; suicidando-se como em uma linda história de amor. Seguiu Cleópatra como sempre seguira, afinal de contas.
Teria sido lindo se não fosse uma trama. Pois para Cleópatra, tudo não passava de uma simulação. Uma artimanha que lhe dava esperanças de manter seu reino. Pois a morte de Marco Antônio abriria espaços para sua tentativa de conquistar Otávio, o que o futuro mostrou ser em vão.
E assim morreu Marco Antônio. Apaixonado, louco, impulsivo e voraz.
Nunca conseguira a verdadeira amizade de Otávio, e nem conquistar o que tanto César almeja conquistar. Morreu marco Antônio, essencialmente Marco Antônio.