spoiler visualizarGiulia.Pessoz 17/12/2020
Ótimo
Li uma versão adaptada de 210 páginas, com uma nota ao final de Liz comentando sobre o que ela escreveu poucos anos após a Ted ter confessado os crimes à ela, e um capítulo exclusivo para Molly, a filha de Liz. Vale ressaltar que não é ficção, é um ponto de vista contado pela mulher que namorou por longos seis anos um dos serial killers mais famosos, Ted Bundy. Mas isso não significa que isenta o leitor de emoções. Fiquei com raiva quando eu li, porque, para mim, parecia tão óbvio que Liz TINHA QUE sair de perto de Ted assim que ela desconfiou que ele poderia ter sido o cara que raptou duas mulheres em uma tarde de verão em um lago; TINHA QUE seguir seu próprio caminho quando percebeu que Ted podia ser cleptomaníaco; TINHA QUE sumir do campo de visão de Ted quando ela ligou os pontos e percebeu inúmeras coincidências das ações de Ted quando os crimes aconteciam em cidades diferentes; TINHA QUE deixar Ted quando ele assumiu sua infidelidade várias vezes; TINHA QUE abandonar Ted quando ele foi acusado de tentativa de sequestro; TINHA QUE esquecer o Ted quando ele dizia que a amava e depois a tratava com desdém. Mas, ao longo das páginas eu tive um insight besta, mas importante. Liz era/é humana. Quando ela conheceu Ted em 1969, ela era divorciada e tinha uma filha, o que naquela época não era motivo de orgulho. Quando ela conheceu Ted, ele não se mostrou o monstro que realmente era, muito pelo contrário, era um homem honrável, educado, amoroso, gentil, prestativo com Molly e que jurou amor por Liz durante muito tempo, e que proporcionou bons momentos para a mãe e filha. E foi essa imagem que Liz carregou por muito tempo, não deixando espaço para nenhuma outra versão de Ted que tanto falavam. Ela não acreditava. Mesmo depois de Ted ter sido preso, ela ainda o amava e deixava claro. Ela tinha baixa autoestima, dependência emocional e desenvolveu alcoolismo. Isso tudo afetava o modo como ela via Ted. Lógico que ela teve suas dúvidas, seus receios, desconfianças e medos a respeito dele, mas era tudo bobagem. Afinal, ele nunca tentou machucar ela ou Molly. Isso começou a mudar quando Ted confessou indiretamente a responsabilidade dos crimes por telefone. Durante muito tempo, depois de tanto caos causado por Ted na vida de Liz, ela lutou para se manter sóbria e entender o que havia acontecido. É interessante saber que após Ted ter sido executado e muito autocuidado por parte dela, priorizando sua saúde mental, a ficha de Liz caiu. É um livro muito interessante para ter uma noção de como a dependência emocional, carência, baixa autoestima pode afetar uma pessoa, principalmente quando uma pessoa manipuladora, egoísta, egocêntrica, narcisista, cruel e psicopata está por perto. O relato de Molly ao final também é tocante. Liz, Molly e os amigos e parentes das vítimas de Ted tiveram que achar um novo sentido na vida e mostraram como fizeram isso com maestria e uma força inspiradora.