Claudio 09/11/2017
Nossa Cultura
Este livro é uma compilação de 26 ensaios sobre a degradação dos valores, escrito por Theodore Dalrymple, mesmo autor de a vida na sarjeta. Dalrymple na verdade é um pseudônimo de Anthony Daniel, médico psiquiatra nascido em Londres no ano de 1949.
Os ensaios, resultados de suas pesquisas e observações do cotidiano, estão divididos em dois blocos ou capítulos, no qual o primeiro “Artes e Letras” aborda justamente a questão cultural do ocidente moderno, principalmente dentro do contexto inglês no qual o autor se encontra. Versa sobre a frivolidade do mal, a banalização da moral e as distopias que povoaram o cenário artístico na segunda metade do século XX.
“Sociedade e Política” fazem parte da segunda metade do livro. Mostra como o politicamente correto se disseminou na sociedade principalmente nas áreas da educação e nos meios de comunicação, trata da banalização da infância, do erotismo infantil precoce, a relativização da violência e o avanço do fundamentalismo em solo europeu, principalmente o islâmico.
Opinião sobre o livro
O autor escreveu a maioria dos ensaios no início do século XXI. Anteviu com singularidade e precisão o estado em que a arte e a cultura se encontrariam anos mais tarde, de gosto duvidoso, sem parâmetros mensuráveis ou aceitáveis pois não se contemplam alguns limites do bom senso comum no modernismo atual.
O ensaio sobre a “Imaginação Distópica” é um dos melhores do livro. Demonstra como a cultura artística promoveu um futuro sombrio e pessimista, aonde a tecnologia e o avanço científico não conseguiram produzir uma sociedade melhor e com mais liberdade, pelo contrário, nos apresentam um presságio apocalíptico, totalitário, no qual o ser humano é escravo de si mesmo.
Versa também sobre os sistemas políticos que deixaram seqüelas como o comunismo e o marxismo cultural que contamina a agenda midiática. Põe o dedo na ferida ao dissertar sobre os modelos econômicos que não conseguiram atenuar as mazelas sociais, as faltas de oportunidades e de inclusão social dos marginalizados, principalmente no contexto francês dos subúrbios de Paris mas que podem ser aplicados em qualquer sociedade em desenvolvimento. È contra o assistencialismo do Estado, entende que o indivíduo deve procurar se desenvolver e crescer por conta própria. Ao Estado caberia apenas dar a oportunidade para que isso se concretize sem se tornar paternalista. Alega que um Estado Social cobrará em breve um custo muito elevado de seus cidadãos para manter as políticas públicas assistencialistas, o que concordo com o autor.
Em “Sexo e Mais Sexo” demonstra como as relações estão objetificadas, denuncia a erotização infantil precoce das crianças e adolescentes e a fragmentação dos relacionamentos amorosos e as interações sociais.
O livro foi escrito e organizado de uma maneira linear. Começa falando de artes e cultura, sua degradação e relativização e por conseqüência sua influência na sociedade e na política. Diria que proposital. Explico!
A lógica é que uma sociedade culturalmente diversa e fragmentada, dissimulada, reflete-se em uma sociedade alienada, moralmente falida e pouco objetiva, suscetível a qualquer mudança que surja, sem ao menos questionar se isso será benéfico ou não. Razão pela qual o livro termina com assuntos envolvendo o fundamentalismo, principalmente o islâmico, sua expansão para o ocidente, sua imposição religiosa, seus usos e costumes sendo impostos em uma Europa que se tornou fraca ou conveniente com o atual crescimento da religião do profeta em suas entranhas. O alerta do autor é para que o Ocidente fortaleça sua cultura, sua liberdade e suas crenças a fim de tornar uma sociedade mais homogênea frente aos desafios deste novo século.
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