Lu 27/08/2015
Sou fascinada pelo período da Renascença italiana desde a adolescência. As intrigas políticas e religiosa, o favorecimento às artes e a construção de monumentos que existem até hoje e uma série de personagens fascinantes, como Da Vinci, Michelângelo, os Bórgias e, é claro, os Médici tornam o período um material excelente para livros, seja diretamente, como A Esposa Bórgia, O Nascimento de Vênus, Os Sopradores de Vidro ou em referências indiretas, como em O Código Da Vinci. Quem lê Agatha Christie sabe que a autora, volta e meia menciona Lucrécia Bórgia, uma das figuras mais controversas e fascinantes da História Italiana.
Falando em Lucrécias, eu nunca tinha ouvido falar em Lucrécia de Médici, nossa protagonista. Apesar de ter como figura central, um personagem histórico, ele não é um livro de ficção histórica, e sim, um romance histórico nos moldes de "Moça com Brinco de Pérola", de Tracy Chevalier.
Focando no livro em si, eu confesso que não gostei da primeira metade do livro. Não por deficiência narrativa ou falta de esforço da Gabrielle Kimm em tornar a Lucrécia uma personagem agradável, e sim porque os elementos da história, afrescos, casamento infeliz, um certo talento para pintura, pintores bonitões, me fizeram lembrar, e muito, de "O nascimento de Vênus", da Sarah Dunant. Na metade final, esta impressão se desfaz.
A narrativa é envolvente, ainda que a autora seja, de vez em quando, um tanto prolixa. É engraçado que ela detalhou a maneira como os afrescos eram feitos, mas pouco fez para descrever os personagens em si. O que eu mais gostei foram os diálogos. A sonoridade deles "me parecia italiana", por assim dizer, e davam um clima especial à história.
Quanto aos personagens, eu gostei bem mais dos personagens secundários, do que dos protagonistas. Olhando uma foto de Alfonso D'Este na internet, ele me pareceu bastante maquiavélico, mas ainda acho que a Gabrielle exagerou na dose aqui, porque ela só faltou dizer que ele acariciava o bigode de forma malígna. Lá pela metade final do livro, tanto Lucrécia quanto seu pavoroso marido meio que viraram caricaturas de si mesmos.
Essa deficiência na construção dos protagonistas não virou um desastre, porque a autora criou outros pontos de interesse, como Catalina e Giovanni. Ao criar uma subtrama, a história ganhou o equilíbrio necessário e eu encontrei por quem torcer.
Fechei o livro contente pelo desfecho, mas em dúvida sobre que nota dar ou o que dizer na resenha. Eu não vou negar que esperava mais do livro da Gabrielle Kimm, mas eu estaria sendo injusta dizendo que a leitura foi desagradável. Não foi. É, por fim, um livro que tem, sim, suas falhas, mas que também tem qualidades, oras.
Por isso, acho que as três estrelas estão de bom tamanho.
Recomendo.