A Saga do Tio Patinhas - Volume I

A Saga do Tio Patinhas - Volume I Don Rosa




Resenhas - A Saga do Tio Patinhas - Volume I


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Tom Chagas 05/03/2024

Vol 1/3
Primeiro volume finalizado. Revista conta a história do tio Patinhas desde sua infância na Escócia e suas aventuras pelo mundo buscando fortuna.
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edisik 28/02/2023

Relendo essa ótima HQ. É muito bom ver como Don Rosa conseguiu encaixar e preencher as lacunas da vida do nosso querido Tio Patinhas.
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Antonio Luiz 22/03/2010

Revisionismo em Patópolis
Toda biografia autorizada de empresário exalta o gênio, as virtudes, as habilidades e o trabalho duro que o elevaram da mediocridade para a fortuna. Esta não é exceção. Mas não se trata do típico calhamaço soporífero que serve apenas como presente de amigo secreto para o patrão e para adornar a estante de seu escritório na qual a cor de sua lombada caia melhor.

Em 1994, o cartunista norte-americano Keno Don Rosa recebeu da editora Egmont, da Dinamarca, a encomenda de contar a vida do magnata mais bem-sucedido de todos os tempos. No ano seguinte, a obra recebeu o prêmio Will Eisner, uma espécie de Oscar dos quadrinhos. Conta a história do velho mão-de-vaca do nascimento em 1867 à primeira aparição no mundo dos quadrinhos, em 1947.

Don Rosa fez um minucioso trabalho de conciliação das pistas incoerentes e contraditórias legadas por seu mestre e ídolo – Carl Barks, criador de Patópolis e de quase todos os seus habitantes, aposentado em 1966 e falecido em 2000 – sobre a origem do personagem e de sua fortuna. Se, como bom self-made duck, é um imigrante nascido na pobreza que ganhou sua primeira moeda engraxando sapatos, como herdou um castelo? Aliás, se nasceu na Escócia (como sugere seu nome original, $crooge McDuck), por que a moeda nº 1 é um dime (moeda de 10 cents) norte-americano?

A continuidade não era o forte dos comics norte-americanos dos anos 50. Em cada história. Donald buscava um novo emprego, sempre para pagar a mesma última prestação do televisor. Em uma aventura, seu tio habitava uma mansão absurdamente luxuosa; na seguinte, morava dentro da caixa-forte e se recusava a gastar umas poucas patacas para trocar o pince-nez que tinha há mais de meio século e já não lhe deixava ler as letras miúdas dos contratos.

Foi necessário escolher quais “fatos” deviam fazer parte do cânone e quais era melhor esquecer. Don Rosa foi mais realista que o rei Barks. Deu ao herói um viés mais humano, amenizou suas ambigüidades e sua selvagem incorreção política e tornou seus inimigos e rivais mais cruéis e criminosos.

Por que esse esforço inédito? É tentador responder que se trata de uma tentativa de dar uma resposta às desafiadoras biografias não-autorizadas do quaquilionário, das quais a primeira e mais famosa é "Para Ler o Pato Donald: Comunicação de Massa e Colonialismo".

Lançado pelo chileno Ariel Dorfman e pelo belga Armand Mattelart em 1971, no ultrapolarizado Chile de Allende, foi o Watergate dos quadrinhos. A imprensa chilena o discutiu não na seção de livros, mas na de política. Após o golpe militar, o regime Pinochet jogou nas águas do Pacífico o que restava da edição local.

Com mais de 30 edições em espanhol e 15 em outras línguas, o livro vendeu mais de um milhão de exemplares em todo o mundo, mas nem todos os especialistas em comunicação e quadrinhos o receberam com benevolência. Muitos o consideraram um sectário panfleto antiimperialista travestido de pesquisa científica. Na Argentina, a irada crítica do filósofo Eliseo Verón deu origem à revista Lenguajes e a toda uma escola de semiótica estruturalista.

Depois de 30 anos de pós-modernismo, globalização cultural e esfriamento das paixões revolucionárias, não é difícil dizer que essas críticas tinham alguma razão. Parte de um projeto de educação popular, o livro não prima por rigor analítico. Rejeita os quadrinhos, em bloco, como propaganda imperialista e sugere que cada traço é cuidadosamente planejado para a dominação cultural do Terceiro Mundo.

Às vezes, parece a imagem invertida do reacionário Seduction of the Innocent, livro do psiquiatra norte-americano Frederick Wertham que, em 1954, acusou os quadrinhos de promover o crime, a subversão e a perversão sexual. Generalizações, preconceitos e mal-entendidos à parte, porém, não custa admitir que nem tudo aí foi delírio. Uma vez apontadas, as tendências homossexuais de certos heróis tornaram-se inegáveis. E alguns comics de fato embutiram ácidas críticas sociais, antes de serem suprimidos pelo Código de Ética de Wertham.

As denúncias de Dorfman e Mattelart também não são totalmente vazias. Começam pela ausência de pais, mães e relações familiares normais – todos são tios e sobrinhos. Trata-se de excluir o carinho, a solidariedade e os gestos desinteressados – garantem os autores. Como no mundo ideal dos economistas ultraliberais, tudo deve ser comprado, mesmo o afeto de parentes e namoradas. Com o mesmo gesto, também se abole o sexo, o nascimento, o desenvolvimento pessoal, a morte e a história.

Como generalização, é exagero. Mesmo nos quadrinhos Disney, há relações menos mesquinhas (como a de Mickey e Pateta). Afastar ou excluir os pais é uma convenção comum a muitos contos de fadas (e também, por exemplo, ao Sítio do Pica-pau Amarelo), para obrigar personagens infantis a desenvolver seus próprios recursos ao encarar perigos reais. Em geral, isso não proíbe as relações afetivas: encontrá-las e desenvolvê-las é parte da aventura.

No caso específico de Patópolis, porém, pode-se perguntar se houve um propósito consciente dos roteiristas ou de Walt Disney ou um efeito inesperado da combinação e abuso de convenções aventurescas e humorísticas, mas é difícil negar que tudo se passa como diz o livro chileno.

É improvável que Barks e Don Rosa o tenham lido, mas ambos mostraram irritação com roteiristas menos reverentes (principalmente italianos) que, talvez sob sua influência, divertiram-se a ironizar as convenções de Patópolis, explicitar a luta de classes entre tio e sobrinho e inventar personagens heterodoxos.

Seja chamá-los à ordem, seja para responder a Dorfman e Mattelart, Don Rosa criou uma árvore genealógica para dar pai e mãe a Patinhas e seus parentes. Uma das impactantes revelações da epopéia é que Donald não nasceu de chocadeira. Curiosamente, Peninha foi incluído a contragosto, por exigência dos editores europeus. Barks e Don Rosa não reconhecem o relaxado beatnik, criado para consumo externo e indiferente à ética capitalista.

Dorfman e Mattelart insistiram muito que Patinhas e sua turma nunca se cansam de enganar e expropriar nativos ingênuos de terras e riquezas, em troca de moedas e quinquilharias – única coisa que os diferencia de seus rivais e dos Metralhas, que fazem o mesmo na marra.

Don Rosa não parece se incomodar demais com isso, mas uma das primeiras aventuras clássicas o perturbou: nela, o quaquilionário admite ter recorrido à violência para obrigar uma tribo a vender uma mina de diamantes na África. Admite que pensou em ignorá-la, com o argumento de que nessa época o personagem ainda não havia sido devidamente desenvolvido. Por fim, decidiu referir-se a ela como o “único erro” cometido pelo herói e que o perseguiria por décadas.

Fo também apontada a participação de Patinhas e herdeiros na guerra fria – ao enfrentar agentes de Brutopia (caricatura da URSS de Kruchev), restaurar a monarquia no “Vietbang” para impor a paz e enfrentar brutais revolucionários do Caribe que tentam escravizá-los.

Don Rosa limita-se a reafirmar as posições políticas do pato, idênticas às de Walt Disney, colaborador do FBI e dedo-duro da “caça às bruxas” macarthista. Revela que seu amigo mais íntimo foi o presidente Theodore Roosevelt, pai do imperialismo norte-americano e da política do big stick. Outra revelação curiosa: o pato mais rico do mundo retirou-se da vida pública entre 1942 e 1947. Seria por desgosto com o segundo Roosevelt, que implantou o estado de bem-estar social e fez a guerra com o Eixo? Nessa época, até Disney apoiou o esforço de guerra, ao fazer filmes de propaganda e criar dois personagens, Zé Carioca e Panchito, para ajudar a captar a simpatia da América Latina para a causa aliada.

Outra crítica de Dorfman e Mattelart – mais fácil de generalizar – é que a produção material está tão ausente quanto a reprodução biológica. Como nos primeiros capítulos de manuais de economia neoclássica, o trabalho operário, essencial e rotineiro, foi abolido deste estranho mundo de vendedores e compradores. Estes limitam-se a procurar empregos temporários (sempre no setor terciário) se acaso querem comprar algum supérfluo. É a teoria da utilidade marginal levada ao limite.

A riqueza se origina da caça a tesouros, mas é apenas colecionada. Jamais se converte em capital: trilhões repousam na caixa-forte como se não existissem. Como a avareza de Patinhas o impede de gastar com empregados e equipamentos caros, tem que merecer cada centavo com esforço e astúcia pessoais (e a dos sobrinhos) e recomeçar sua carreira a cada aventura.

O discípulo de Barks também parece responder a parte desse questionamento, embora continue com pudor de mencionar o setor secundário da economia.

Faz o herói explicar que os três acres cúbicos de grana na caixa-forte (*) são apenas a fortuna que ganhou pessoalmente, que não gasta por considerar cada moeda uma recordação e um troféu à sua coragem. Tem muito mais em bancos e propriedades no mundo todo. E pode provar ao sobrinho cético que sua acumulação primitiva foi resultado de vinte anos de frustrações, privações e trabalho braçal (como barqueiro, vaqueiro e garimpeiro) do próprio Patinhas.

Chega até a negar, no final, um dos poucos dogmas estáveis da lenda patinhesca: o papel decisivo da famosa nº 1, talismã que garante sua riqueza e é a eterna obsessão de sua mais carismática antagonista, a Maga Patalógica. Compare com a última história de Tio Patinhas 455, um clássico de Barks: assim que o cargueiro afunda com a moeda, o resto da fortuna começa a naufragar em todo o mundo.

Não parece ilegítimo ver nela um fetiche do suposto poder do capital de reproduzir-se sozinho: a quem tem, mais lhe será dado; de quem não tiver, até o que tem lhe será tirado. Don Rosa, porém, prefere reduzi-la a uma relíquia sentimental que lembra ao velho Patinhas seu pai Fergus e a lição mais valiosa que dele recebeu: não confiar em ninguém.



(*) Curioso para saber quanto é? Três cubos com um acre de face somam 772 mil metros cúbicos. Se forem moedas de prata, são 7 milhões de toneladas – US$ 35 trilhões ao preço de hoje.

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Pedro 14/08/2009

Magnífico!
Isso pode parecer apenas uma História em Quadrinhos, mas não é, o jeito que Don Rosa, utilizando-se de argumentos deixados pelo criador desse personagem da Disney, Carl Barks, é incrível. É essa humanização que deixa essa história igual a um livro de verdade. Nessa história, vemos a razão para Patinhas Mac Patinhas ser tão ranzinza e zangado, apesar do pão-durismo vir de família...A vida dura o deixou assim. Aquele ditado de que "O Trabalho dignifica o Homem", se encaixa perfeitamente aqui.Ele simplesmente deu a volta ao mundo, fazendo negócio em cada lugar, esteve na África, Austrália, Rio Mississipi, foi cowboy, conheceu Buffalo Bill, Theodore Rossevelt...
As história inesquecíveis que ele participou, não é a toa que ele lembre de quando ganhou cada moeda. Se ainda não se convenceu, aqui tem mais uma razão para ler: Nessa Saga aparece os pais e a irmã do Pato Donald, isso mesmo, a mãe de Huguinho, Zezinho e Luisinho.
Vale a pena, além de mostrar uma bela lição de vida... O que mais tenho a dizer sobre ele... Aprecie cada momento, deleite-se com cada quadro, junte-se a saga!!
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