Ana Paula 04/05/2020
O tempo presente
Uma jornada através de portais multidimensionais, relatividade, buracos de minhoca e outras aventuras de viagem no tempo
Marie D. Jones...
Das fantasias da cultura pop e das fantásticas teorias da conspiração até o pensamento científico de vanguarda, este livro instigante sobre a teoria, a prática, a verdade, a ficção e as conspirações envolvendo a mecânica das viagens no tempo, traz temas como: as teorias e máquinas de viagem no tempo do passado, presente e futuro; por que buracos de minhoca, universos paralelos e dimensões extras poderiam permitir a viagem no tempo; misteriosos saltos no tempo, lapsos de tempo e dobras temporais que as pessoas estão relatando pelo mundo afora; e até teorias da conspiração acerca da viagem no tempo: será que já existem à nossa volta autênticos viajantes do tempo? Prepare-se para uma grande aventura sobre os mistérios das viagens pelo tempo, espaço e pelo multiverso.
Sou apaixonada por tudo o que diga respeito ao que ainda não sabemos. Sou uma curiosa inveterada e sempre aberta a novas teorias e possibilidades. Sou daquele time que pensa que o Improvável não é impossível. E onde há fumaça, possivelmente há fogo...
A imaginação é mais importante do que o conhecimento. Pois o conhecimento é limitado a tudo o que agora conhecemos e compreendemos, enquanto a imaginação abarca o mundo inteiro e tudo o que ainda está à espera de ser conhecido e compreendido. – Albert Einstein
Além disso, sou uma leitora com um gosto bastante eclético. Gosto de variar alterando os estilos literários (quando não os leio simultaneamente). Após finalizar a leitura de dois romances seguidos a sinopse deste livro capturou a minha atenção.
A proposta da autora é gerar inquietação e mais perguntas do que respostas. Desacomodando e fazendo com que a pergunta reverbere cada vez mais alto: Por que não?
A narrativa segue uma sequencia lógica. Inicia questionando a nossa compreensão sobre o tempo e segue fazendo uma apresentação da evolução das teorias cientificas (comprovadas ou não) e uma possível e sonhada viagem através dele.
Temas como buracos negros, teoria do caos, teoria das cordas, supercordas, teorias da conspiração, buracos de minhocas e dobra no tempo são explicadas de forma relativamente simples.
No geral, a escrita é bastante acessivel (em alguns momentos com detalhes demais), mas nada que comprometa a compreensão.
A abertura de cada capitulo é uma frase de impacto atribuída a grandes pensadores da história. Evidenciando que a preocupação sobre os mistérios do tempo sempre acompanharam a nossa civilização.
“O tempo é obra de ti mesmo; seu relógio faz tique-taque em tua cabeça.
No momento em que paras de pensar o tempo também para seu movimento.
– Angelus Silesius, filósofo do século XVII”
A possibilidade de voltar no tempo para mudar alguma coisa e/ou avançar para saber se estamos agindo corretamente é um assunto recorrente em filmes e obras literárias - alguns mais ou menos embasados do que outros- mas o fato é que desperta a nossa curiosidade desde sempre. São tantas, que existe um capitulo dedicado a todas as obras, em ordem cronológica, que se basearam em teorias da física como argumento de narrativa.
Além das limitações ainda existentes para a realização de um salto no tempo- questão de tempo ou percepção- , o livre-arbitrio e a ética são abordados de maneira brilhante, para complicar um pouco mais...
“Uma das questões que surgem dessa aparente impossibilidade de alterar o passado é a ideia do livre-arbítrio. Se tudo se encontra em uma linha do tempo fixada, que não podemos alterar, será que nós temos alguma opção? Será que temos realmente algum livre-arbítrio? Se os resultados estão todos predeterminados e se estamos vivendo em um universo de constantes inalteráveis, onde a ideia de livre-arbítrio entra no quadro? Talvez só sejamos capazes de praticar o livre-arbítrio no presente e, como cada momento de nossa vida só é realmente experimentado no presente, temos de fato todo o livre-arbítrio que podemos querer. Mas uma vez feito, está feito.”
Conjecturas à parte, a leitura me trouxe muitos questionamentos e a certeza de que a nossa responsabilidade com o tempo muda tudo.
“Queremos dominar o tempo da maneira como dominamos as pequenas coisas em nossa vida. Queremos possuir o tempo e não deixar que ele nos possua. Para completar, nós simplesmente queríamos ter mais tempo. Talvez seja essa a verdade realmente sólida por trás da nossa tentativa de controlar, manipular o referencial do tempo e até mesmo viajar pela paisagem temporal: no final das contas, talvez a verdade acerca do tempo seja que realmente só queremos mais dele.
No entanto, se nos perguntarmos por que, a resposta voltará sempre a isto: Nós todos obtemos o mesmo quinhão de tempo, pelo menos nesta ramificação do multiverso. Não é, porém, quanto obtemos dele que importa. É o que fazemos com ele.”
Me lembrou de Santo Agostinho e suas considerações sobre o tempo. Segundo ele, os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das coisas futuras e presente das coisas presentes.
No fim, temos apenas o PRESENTE. Que possamos disfrutar com sabedoria!
Estamos muito próximos de desvendar esse mistério, resta saber se estamos prontos para isso.
O livro é interessante para todos aqueles que queiram abrir a mente e pensar fora da caixa.
Beijos e boa leitura!
Ana Paula