Amok e xadrez

Amok e xadrez Stefan Zweig




Resenhas - Amok e Xadrez e Fragmentos do Diário


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Filipe 31/07/2023

Sou suspeito para falar de Stefan Zweig, uma vez que ele é o meu escritor favorito. Mesmo assim, sinto a necessidade de elogiar, novamente, o talento que esse incrível ser humano teve para a literatura.

Não houveram surpresas em Xadrez, já tinha lido outra edição e gostei tanto quanto da primeira vez. Já Amok, foi o meu primeiro contato e? uau. Uma trama ótima, bem desenhada, com suspense na dose certa e personagens poucos mas bem desenvolvidos. Não conheço outro autor que tenha a capacidade de comunicar emoções como Zweig.

No mais, tanto a introdução falando sobre o autor quanto os fragmentos de seu diário de viagem ao Brasil no final foram extremamente interessantes, como tudo que passa perto de Zweig. Não me canso de me surpreender.
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Luiz Pereira Júnior 10/06/2021

Chocolate meio amargo...
Como é bom encontrar livros bem-escritos, sem grandes voos de linguagem, mas com profundidade a ponto de nos fazer refletir sobre o que pensamos, sobre o que sentimos, sobre o que somos...
E isso é o que ocorre nessas duas obras curtas de Stefan Zweig: “Amok” (a história de um amor obsessivo, que leva o enamorado à perdição – e quantas vezes essa mesma história parece ter sido contada e recontada ao longo dos tempos, mas, quando bem escrita, por um autor de talento, transforma-se em algo novo, original, diferente) e “Xadrez” (uma disputa desse esporte contada de um modo aparentemente superficial, à primeira vista ou na primeira camada da narrativa, como preferir – mas que também reflete sobre o autoritarismo, o preconceito, o orgulho, a riqueza e as diferentes formas de tortura que o ser humano é capaz de infligir a outro ser humano).
Constam também do livro (edição da Record/Altaya) alguns trechos do diário que Zweig escreveu durante sua vinda e sua permanência no Brasil e seu deslumbramento pela paisagem e pela miscigenação brasileiras (algo que já parece ter se tornado um lugar-comum em relação aos viajantes que aqui chegam), mas surpreende ver a franqueza do relato de quem não gosta de algo ou de alguém (a menção a São Paulo como uma cidade “feia, desordenada e inacabada” e a referência a Lasar Segall como um “mau pintor” são exemplos do maniqueísmo do autor e de sua opinião franca de como as coisas e pessoas chegaram aos seus olhos).
Duas narrativas curtas que mostram a profundidade da alma humana, mesmo naqueles espíritos que julgamos vazios, sem graça, ingênuos. Mas não se engane: os protagonistas (ao contrário do autor, pelo visto) são retratados em todos os seus defeitos também (a referência ao preconceito racial – principalmente em “Amok” – chega a desconcertar o leitor pela naturalidade com que é relatado, sem que seja necessária uma linguagem panfletária ou inflamada para mostrar ao leitor como era o pensamento da época – e mostrar também que esse mesmo preconceito permanece aonde quer que se vá).
Duas obras com o gosto de chocolate meio amargo: é chocolate, sim (doce, delicioso, agradável) mas também com o amargor característico das muitas ações que fazemos (e que também fazem conosco)...
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