Paranóia

Paranóia Roberto Piva




Resenhas - Paranóia


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oursapphism 13/10/2023

?[...]
eu preciso cortar os cabelos da minha alma
eu preciso tomar colheradas de
Morte Absoluta
eu não enxergo mais nada
meu crânio diz que estou embriagado
suplícios genuflexões neuroses
psicanalistas espetando meu pobre
esqueleto em férias?
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Adriana Scarpin 19/06/2023

É difícil eleger uma obra-prima do Piva para chamar de sua, mas esse foi o primeiro que li dele e foi amor à primeira mordida.
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Ferferferfer 30/09/2021

Uma vontade de beatnikar...
Para entender Roberto Piva, é necessário abrir-se, escancarar-se e unir-se ao seu objetivo poético. Não adianta, a visão crítica vem depois de se fundir ao mundo delirante e do gozo fervilhante que o poeta nos oferece. Tenho a certeza disso pois, me debruço (sim, no presente) sobre esse livro desde 2019 para dar continuidade à minha dissertação de mestrado e ainda não acredito que mastiguei e o engoli em toda a sua potencialidade. É regra: para ler a poesia de Roberto Piva, você precisa se despir.
Quem topar com esse livro, aviso: é preciso de coragem. As associações são construídas em um hermetismo clássico, as formas líricas são diversas e a linguagem, apesar de se aproximar do coloquial, ela vai te iludir, porque o conteúdo sempre se esconde no fundo de todos os vocábulos empregados cuidadosamente em cada verso. A verborragia é patente e característica imprescindível para entender sua poética, sabendo, também, dos duplos sentidos e claro, o duplo cinza da cidade morada nossa, não é, Piva?
E a cidade, cidade que me atravessa desde que nasci, que se confunde com a minha ideologia e é, também, uma ideia particular. Essa cidade é própria de Roberto Piva. Sua construção se dá pela sensação narcotizante, pelo álcool, por outros meios que envolvam e impulsionem o escapismo do eu. As mais variadas associações clássicas, de Dante a Mário de Andrade, criam uma cidade em que o espaço é lugar de desordem e de excitação, uma orgia literária, um rasgar desenfreado.
Além de se despir, é preciso aceitá-lo. Aceitação é fórmula básica para entender, sentir, vociferar nas avenidas, nos becos e claro, de repousar na companhia beatnikadora de Roberto Piva.
Katielly 30/09/2021minha estante
Que interessante! Vou anotar.


Ferferferfer 01/10/2021minha estante
Kat eu sou totalmente suspeita mulher hahahaaha


Katielly 01/10/2021minha estante
hahahaha eu adorei a resenha




Peleteiro 27/11/2018

De um lirismo rasgante
Apesar de sentir uma grande similaridade entre Piva e Alan Ginsberg, não há como não se encantar com o lirismo iconoclasta e desvairado que Piva praticamente trouxe ao Brasil. Este é, sem dúvidas, um dos livros mais importantes da poesia brasileira. Embora em alguns momentos tenha soado, para mim, demasiadamente psicodélico, de modo algum isso tira o mérito da sua poesia, pelo contrário, lhe confere uma particularidade que o torna único. Ler Piva é uma imersão no cinza da cidade, uma experiência imperdível. Destaque para os poemas "A piedade" e "Poema Porrada".
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Martha Lopes 12/11/2009

No Colherada Cultural (www.colheradacultural.com.br):
Não raro, poetas com um trabalho sensível e pungente são esquecidos pela história. Muitas vezes, isso se dá pelo fato de seu trabalho ler o momento em que é feito com tanta destreza e modernidade, que críticos e público são incapazes de compreender e admirar. Esse parece ser o caso de Roberto Piva. O paulistano marcou a literatura da década de 1960 com um lirismo violento que traduzia as mudanças pelas quais o mundo passava e o caos urbano de São Paulo.

Nascido em 1937, teve seus primeiros poemas reunidos na "Antologia dos Novíssimos", em 1961. Depois vieram oito livros de poesias, sendo "Paranoia", de 1963, um dos mais conhecidos. Em 2000, o Instituto Moreira Salles relançou a obra, ilustrada com fotografias de Duke Lee, que, neste mês, ganhou nova edição.

O volume resulta em um alinhamento perfeito entre os poemas delirantes e as imagens caóticas. Piva transporta o lirismo paulistano para versos soltos, longos, sem métrica, rimas ou regularidades. Já no começo da década de 1960, fala de homossexualismo, marginalidade e desigualdade social. Descreve cenas e pensamentos desconexos que parecem se encontrar no caos urbano, fugindo do concretismo que marcava a época.

As passagens são pontuadas por referências à metrópole -- que, mais do que mera referência espacial, parece ser parte ativa desses sentimentos e fatos. Diz: "na rua São Luís o meu coração mastiga um trecho da minha alma". Ou ainda "meus êxtases não admitindo mais o calor das mãos e o brilho/ platônico dos postes da rua Aurora comichando nas omoplatas/ irreais do meu Delírio".
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