Sonhos de Bunker Hill

Sonhos de Bunker Hill John Fante




Resenhas - Sonhos de Bunker Hill


16 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Keroway 03/03/2024

Um novo Bandini, um velho Fante
Sonhos de Bunker Hill é o último livro escrito por John Fante, já em idade avançada e com problemas de saúde. Neste livro, vemos as mais variadas e estranhas desventuras que um jovem poderia experimentar na caótica Los Angeles da década de 1930.

Bandini vive situações engraçadas e inusitadas para todos os gostos: com e sem dinheiro no bolso, com mulheres ricas ou pobres, jovens ou maduras, prostituas e strippers. Envolve-se com lutas grotescas e violentas de legalidade duvidosa. Mora em lugares diferentes, hotéis, pousadas, bangalôs à beira-mar, na casa de um roteirista hollywoodiano de quem ele não gostava. Trabalha também nos mais variados lugares: como garçom em um restaurante, como revisor de livros em uma editora, como roteirista de Hollywood. Este último deveria ser um emprego nos sonhos, aliás, mas revelou-se um engodo, uma premiação pela futilidade e pelo ócio, algo que o consumia por dentro e o fez quase perder a cabeça.

Além disso, os principais temas da obra do autor estão todos presentes neste livro: a religião católica e a dificuldade em conectar-se com sua fé e com Deus, os laços difíceis, mas ainda estreitos com a família (principalmente com o pai), as agruras que um escritor tem em escrever sobre o mundo que o envolve... Tudo está aqui.

Este Bandini é muito mais experiente que um jovem de 21 anos, principalmente que as suas outras versões homônimas, como a que vemos em "espere a primavera, Bandini" e "Pergunte ao Pó", ou mesmo em outros romances, como o Dominic Molise de "1933 foi um ano ruim". Não, este Bandini não é nem um pouco ingênuo, e sabe ler pessoas e ambientes como ninguém. Em entrevistas de emprego, o dono de uma editora oferece um dólar por dia, mas ele quer dois. Uma mulher rica se apresenta para ele, e ele imediatamente desfere a sua tentativa amorosa contra ela - sem medo da iminente rejeição. Nada para o leão que este - velho e jovem - personagem tem dentro de si.

E, nesse emaranhado de cenas e situações, uma delas merece destaque. Bandini, com dinheiro no bolso, quita a conta de sua família na mercearia do Colorado, sua cidade natal. Quer dizer, em meio a tantos rebuliços e reviravoltas de toda a ordem, os seus valores e princípios seguiram, de alguma forma, inalterados.

Este Bandini, mais do que nunca, é um Fante. Um homem já idoso, doente, que sente que a maior parte da sua vida já passou. E, mesmo diante de todas as adversidades que encarava, decidiu presentear-nos com mais essa pérola, que vem a ser, com sobras, o mais peculiar de todos os seus romances.

Obrigado, John Fante. Que a paz esteja com você, onde quer que você esteja.
comentários(0)comente



Caroline457 08/08/2023

Tragicamente hilário!
Em Sonhos de Bunker Hill somos introduzidos a Arturo Bandini, um anti-herói que se repete em diversas das obras de Fante. Este é um daqueles personagens muito complexos e difíceis de decifrar, justamente pelo fato de o mesmo não se conhecer e passar grande parte de seu tempo vivendo no limbo, através do ócio das coisas. No entanto, somos levados a ter empatia em relação a Bandini durante certas passagens, uma vez que as atitudes deste são um nítido reflexo do ambiente conturbado e característico da década de 30, no qual este se vê inserido.

Além disso, o livro faz o uso de uma linguagem muito cômica e ?suja?, onde acontecimentos trágicos e tristes da vida do personagem, tornam-se engraçados e divertidos.

Me surpreendo toda vez que penso que este livro não foi escrito, mas narrado. É surreal pensar que um livro que não tenha sido escrito conseguiu alcançar este nível de genialidade, sem perder a sua essência.
comentários(0)comente



Renata | @am0r_p0r_livr0s 06/03/2023

Foi o primeiro livro do autor que tive contato e, quando fui colher mais informações sobre ele, descobri que comecei pelo último livro da tetralogia de Arturo Bandini, um alter ego de John Fante. Este livro foi ditado à sua mulher depois de Fante ter ficado cego devido à diabetes. Foi publicado em 1982.
.
Bandini é um jovem aspirante à escritor dos anos 30 e se envolve com figuras, no mínimo, inusitadas, e ele tem atitudes bem estranhas. É um cara estranho. Demorei a me acostumar com seu jeito curto e grosso, mas ao mesmo tempo, sensível e bem humorado (o que me fez dar algumas risadas durante a leitura).
.
Esse cara esquisito se achava digno de um emprego como editor de cinema, onde não escreveu uma linha sequer, se apaixonou por uma mulher que tinha idade para ser mãe dele e foi tão livre, como ele sempre quis, que se sentia totalmente sozinho.
.
Podemos dizer ainda que, além de esquisito, Bandini é mentiroso, safado e hipócrita, o que o fez perder muito na vida e o obrigou a buscar vários recomeços (pelo menos ele é persistente, sou obrigada a admirar) buscando o reconhecimento de seu trabalho.
.
Foi uma leitura agradável e rápida e me fez sentir desprezo, dó, tristeza e mesmo assim, me fez rir em alguns momentos. Gostei muito por isso e me deu vontade de ler os outros livros da saga: ?O Caminho de Los Angeles?, ?Espere a Primavera, Bandini? e ?Pergunte ao Pó?. E levou 5 estrelas.
comentários(0)comente



Kirla 20/07/2022

Arturo Bandini é um escritor frustrado que resolve morar em Los Angeles. Mas ele tem um grande problema: falta de noção e de traquejo social. Sério, ele consegue se queimar toda vez que as coisas parecem estar se acertando. E tu fica com muita raiva dele por ser tão imbecil mas também dá um pouco de dó, que logo passa quando ele começa a ser queixar de como ele é bom e os outros é que fazem ele se dar mal. Ele não aprende com os erros. E obviamente devia apanhar pelo modo como trata as mulheres. Um livro sobre os pequenos do mundo, como dois Caio Fernando Abreu na apresentação do livro
comentários(0)comente



R. A. Carbonera 08/12/2021

Legal, mas...
Terminei de ler os quatro romances protagonizados por Arturo Bandini. O que me incomoda nessa "saga", é a descontinuidade do personagem entre um livro e outro. Não há uma coerência de história. Num livro ele se chama Arturo Gabriel Bandini. Em outro é Arturo Dominic Bandini. Num ele tem 18 anos e o pai tá morto. No outro, Bandini com 21, o pai tá vivo. Em um ele é criança e tem 2 irmão, no outro ele é adolescente e só tem uma irmã. E assim por diante. Mas se deixarmos isso de lado e avaliarmos apenas as obras como histórias independentes, são ótimos, com um personagem confuso, sonhador e um tanto dramático. Meu preferido é O Caminho de Los Angeles. Já Sonhos de Bunker Hill, por ter sido ditado pelo Fante e escrito pela esposa, tem de dar um desconto. Não é um grande livro, mas fecha bem a saga Bandini.
comentários(0)comente



jota 08/09/2020

Avaliação da leitura: 4,2/5,0 – MUITO BOM (Bandini queimou seu filme em Hollywood?)
Nesta edição da L&PM (2011) do último volume da tetralogia informal sobre Arturo Bandini, alter ego de John Fante (1909-1983), o elogio do artista foi feito pelo escritor Caio Fernando Abreu em texto de 1985, que pode ser lido como prefácio. Para ele “Bandini é palhaço, herói, gigolô, artista, vagabundo, romântico: tudo ao mesmo tempo. Daí talvez sua irresistível simpatia, capaz de fazer com que qualquer um de nós se identifique com suas confusões.” No entanto, Sonhos de Bunker Hill não era seu livro preferido do autor, mas Pergunte ao Pó, obra que lhe causou a mesma sensação de novidade que lhe propiciara, anos antes, a leitura de O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger. Apesar de sua admiração por Fante, ele não o tinha como um dos grandes da literatura americana, vários críticos americanos também não, mesmo reconhecendo sua importância no vasto painel das letras do país. Fante não se detinha sobre os grandes dramas humanos, mas sobre os pequenos acontecimentos na vida das pessoas, alegrias, tristezas, conquistas e frustrações comuns a todos nós.

Daí que seus personagens sempre cativaram os leitores, especialmente os mais jovens e até mesmo alguns autores da chamada contracultura, caso de Charles Bukowski, um grande admirador de Fante. Falando em admiração, Bandini admirava (certamente Fante também) os seguintes autores, que mudaram sua vida como afirma a certa altura: Sherwood Anderson, Knut Hamsun, Jack London, Dostoievski, D’Annunzio, Pirandello, Flaubert, Maupassant. Do primeiro cita particularmente Winesburg, Ohio e, do norueguês, Fome, dois volumes já clássicos. Em No Caminho de Los Angeles Bandini apreciava absurdamente Sinclair Lewis até vê-lo um dia num restaurante em Los Angeles. Dirigiu-se a ele mas o escritor ficou indiferente às palavras gentis que Bandini dissera, não apertou a mão que ele lhe estendera e então, a partir daí, passou a detestar o autor de Babbitt. Não sem antes enviar-lhe um bilhete desaforado através de um garçom e ver tudo terminar de modo inusitado. Se alguns trechos das histórias vividas por Bandini nos fazem rir ou sorrir, como nesse caso, ao mesmo tempo podem deixar em nossos lábios certo gosto de fel, como ele deve ter sentido na ocasião...

Em Sonhos de Bunker Hill, ao contrário do que acontecia em No Caminho de Los Angeles, a família do personagem parece que voltou a ser a mesma de Espere a Primavera, Bandini, mas não conferi toda a informação. Seu pai está vivo, a família continua vivendo em Boulder, no Colorado, porém sobre isso acho que preciso dar uma verificada também em Pergunte ao Pó, do qual me recordo pouquíssima coisa: lembro-me que o nome todo do personagem era Arturo Dominic Bandini; em No Caminho desaparece Dominic e entra Gabriel no lugar, vá entender. Bem, Sonhos é de 1982, um ano antes da morte do autor e conta principalmente as atribulações de Bandini aspirante a escritor em Los Angeles e depois propriamente em Hollywood como roteirista durante os anos 1930. Tudo narrado de um modo quase sempre engraçado, com bastante ironia e sarcasmo, nada assim aparentemente tão a sério, a coisa toda dita em poucas páginas. Talvez, por isso, Fante não seja considerado “um dos grandes da literatura americana” como já foi dito. Embora ele tenha construído personagens antológicos que contracenam com Bandini, ele mesmo uma grande figura.

Cito alguns deles me valendo novamente de Abreu, para não alongar muito esses comentários já longos. Eles são: “a roteirista Velda van der Zee, autora (em coautoria com Bandini) do hilariante faroeste Sin City, ou o também roteirista Frank Edgington, vagamente homossexual, com quem Bandini divide uma história ambígua, regada a vinho e maconha (ele agora está menos moralista do que quando conheceu Camila Lopez, a inesquecível princesa maia de sapatos em farrapos, de Pergunte ao Pó), o lutador Duque de Sardenha, ou a amante Helen Brownell, dona do hotel onde ele mora.” Com cada um deles Bandini mantém um tipo de relação no mínimo curiosa; por exemplo, Helen, sua amante é algumas décadas mais velha do que ele e ainda por cima usa dentadura. Na maioria das vezes isso provoca certo tipo de riso no leitor porque os sentimentos de Bandini são mutantes, podem passar rapidamente do amor para o ódio, da admiração para o desprezo, voltar atrás etc. Fante faz tudo isso muito bem, então sua literatura, que parece enganosamente simples, revela-se muito mais elaborada do que supúnhamos.

Perto do final de Sonhos, quando visita os parentes no Colorado, porque algumas coisas não deram muito certo em Hollywood, Bandini transita do cômico para o quase trágico ao comparecer a uma festa para a qual fora convidado por alguns jovens ricos de Boulder, curiosos, mas mordazes acerca de seu relativo sucesso na capital do cinema. Bandini mente descaradamente para todos sobre suas relações com os famosos de Hollywood. E cita uma imensa lista de atrizes de sucesso daquele tempo (era a época dourada do cinema americano): diz que jantou com algumas, com outras dançou, que fez amor com outras ainda etc. Que nunca desapontou nenhuma mulher... Fala da vida luxuosa que leva lá, que joga golfe com os grandes atores de então e resume: “Jogo de dia, trepo no crepúsculo e trabalho à noite. (...) Todo mundo me adora.” Será mesmo? Claro que não. Nós que lemos tudo até ali sabemos que as coisas não são (não foram) de modo algum como ele conta.

Apesar de não levar muita coisa a sério, Bandini também tem consciência da dificuldade de transformar seu sonho em realidade, então nesses momentos parece estar delirando, sonhando acordado, isso sim. O sonho de Holden Caulfield era o de ser o apanhador no campo de centeio, salvar as crianças de “uma louca queda de um penhasco”, o dele era simplesmente ter um trabalho criativo e gratificante, escrever. Nada a ver com aquela sujeirada toda e o mau cheiro da indústria de pescado onde trabalhara até pouco tempo (durante o período em que se passavam as histórias de No Caminho de Los Angeles). Ele não pode viver sem seus sonhos (quem pode?), então, depois de um incidente na festa dos ricaços, sem nem mesmo se despedir de sua família, somente de um irmão, com apenas dezessete dólares na carteira um Bandini amargurado mas esperançoso parte novamente para Bunker Hill. Em busca da realização do sonho, tornar-se um escritor de sucesso, implora a Deus e ao ídolo Knut Hamsun para que lhe deem força. Suas preces serão atendidas?

Lido entre 04 e 07/09/2020.
comentários(0)comente



Zeka.Sixx 12/08/2020

Fante retornou aos 45 do segundo tempo para nos deixar mais um romance memorável.
Este livro marcou o ponto final na história do personagem Arturo Bandini, o aspirante a escritor alter-ego de Fante. A saga de Bandini está narrada em quatro livros, na seguinte ordem cronológica: "Espere a Primavera, Bandini" (1938), "O Caminho de Los Angeles" (escrito em 1936 mas somente publicado postumamente, em 1985), "Pergunte ao Pó" (1939) e "Sonhos de Bunker Hill" (1982).

Mais de quarenta anos separaram "Pergunte ao Pó" de "Sonhos de Bunker Hill". Aqui vale lembrarmos o contexto da publicação de "Pergunte ao Pó", em 1939. Acreditem se quiserem, mas, na época, apenas 2.200 exemplares do livro foram impressos. O livro teve uma recepção morna da crítica e foi um fracasso de vendas, em parte também porque a editora responsável pela publicação se envolveu em imbróglios judiciais e, à beira da falência, não pôde promover o romance. Isso muito provavelmente explica porque Fante praticamente abandonou a literatura nas décadas seguintes.

Foi somente no final dos anos 70, início dos anos 80, que "Pergunte ao Pó" passou a ser reconhecido como a obra-prima que é, e o responsável por isso tem nome e sobrenome: Charles Bukowski. Foi o "Velho Safado", então no auge de sua popularidade, quem liderou um movimento junto à sua editora, a Black Sparrow Press, para que a obra de Fante - toda fora de catálogo àquela altura - fosse republicada. Buk escreveu um prólogo para a nova edição de "Pergunte ao Pó", lançada em 1980, no qual tascou a hoje famosa frase "Fante era o meu Deus". E foi, assim que Fante, quase no fim da vida, finalmente tornou-se popular, sendo, com toda a justiça, alçado ao panteão dos grandes escritores americanos.

É mera especulação de minha parte, mas não duvido que tenha sido esse interesse renovado de público e crítica em suas obras o que motivou Fante, já com mais de 70 anos, cego e debilitado pelo diabetes, a retornar para o "canto do cisne" da saga de Arturo Bandini: "Sonhos de Bunker Hill", lançado em 1982, um ano antes da morte do autor. Impossibilitado de escrever, Fante ditou o livro para sua mulher, Joyce.

O romance aborda os primeiros contatos do aspirante a escritor Bandini com o mundo do showbiz, quando ele, por uma série de acasos do destino, é descoberto e contratado para trabalhar como roteirista em um estúdio de cinema. É um livro amargo, recheado de sarcasmo e de sátiras ao sistema de Hollywood, e uma excelente conclusão para a saga de Bandini. Tem passagens hilárias, como quando Bandini vê na tela grande suas primeiras "contribuições" a um roteiro de filme de faroeste. Passagens duras, como a volta à sua cidade natal, no Colorado, na qual ele percebe que nem mesmo sua moderada ascenção profissional foi capaz de dissolver o desprezo que seus vizinhos mais ricos continuam tendo por ele. Acima de tudo, o livro mantém em seu espírito aquele que sempre foi o cerne de toda a saga de Bandini: a paixão do protagonista por tornar-se escritor, o desejo ardente de simplesmente ser livre para escrever, algo que nem mesmo o dinheiro fácil de Hollywood é capaz de afastar (uma vez que em seu emprego como roteirista ele é mais pago para NÃO escrever do que o contrário). Uma despedida em grande estilo do grande John Fante.
comentários(0)comente



simaritani 20/02/2020

Sonhos, amor e liberdade
Minha primeira impressão de Arturo Bandini foi um rapaz jovem, magro, cabelos escuros que luta para sobreviver e descobrir quem é realmente. No livro "Sonhos de Bunkerhill" o leitor pode ficar ao seu lado durante toda a trajetória e, um pouco a distância, imergir em sua intimidade. Você pode ver as ações, mas pode apenas sugerir o que o personagem está sentindo de verdade, já que a impressão que dá é que nem ele descobriu ainda.

Em busca de seus sonhos, amor e liberdade, Arturo se vê em um ótimo emprego como escritor onde não escreve nada, apaixonado por uma mulher com idade para ser sua mãe e tão livre que sente total solidão.

As imagens do livro são muito vivas e recheadas de extremos. Se em um momento se está morrendo de calor dentro de um ônibus, no seguinte se está morrendo de frio assim que sai do mesmo ônibus. Amor e repugnância. Amizade e ódio. Um seguido do outro. A narrativa é assim do começo ao fim, como a vida.
comentários(0)comente



Lary.Momentolitera 24/01/2018

Divertido e Envolvente
Sonhos de Bunker Hill, uma estória relevante em algumas partes e um tanto diferente, digamos. Arturo Bandini nosso protagonista dessa exuberante aventura e desventura, homem de personalidade um tanto exagerada, na qual pensa em conseguir algum sucesso em sua vida de escritor, porém, além de se considerar renomado no que escreve, Bandini tenta ter uma "vida bem louca", arrumando emprego para mostrar seu trabalho e principalmente ir direto ao alvo "mulheres".

Apesar que essa era sua intenção, sair com mulheres para se divertir, e ser reconhecido como vagabundo, malandro, palhaço e artista. Com tantas desventuras que passará em sua vida, Bandini não se satisfaz com que viverá, então dentro de sí despertará algo reflexisivo que te deixará pensativo e mudará sua vida, através de uma palavra... Amor!

Bom! Fiz a leitura desse livro em apenas 2 dias e esse foi o primeiro livro que li desse autor. Confesso que a escrita me prendeu de uma tal forma que não consegui mais parar. Na minha mente só dizia "não pare de ler, não pare de ler". O protagonista é meio doido e isso me chamou atenção, de querer descobrir o que iria acontecer em sua vida. E sinceramente! Fui surpreendida. Vale à pena ler esse livro.
comentários(0)comente



Otto 07/01/2016

Bandini é um safado, sujo, mentiroso, mas gera empatia, não consigo explicar o que nesse maluco me faz querer ler mais uma página sabendo de tudo o que ele anda fazendo, se fosse narrado em terceira pessoa pensaria em Bandini como sendo um babaca impulsivo e mesquinho, mas ao acompanhar suas angústias e sua coerência conseguimos entender (ou não) o que Bandini é. Me identifiquei com esse eterno recomeço, Bandini começa bem, sobe, cresce, desaba, e recomeça, Bandini recomeça bem, consegue, faz, sobe, e cai mais uma vez, assim como nós, procrastinadores, quando dizemos assim, nas férias lerei mais, mas chegam as férias e quando voltar ao curso lerei mais, mas chega o curso e, não há mais tempo pra leitura, o curso toma demais de mim, nessa busca do eterno recomeço talvez encontramos Bandini que muda e vai e volta pra recomeçar a ser alguém, e pelo fato (e pela mentira) de fingir sempre ser um outro acaba voltando ao início, ao ser desprezível que realmente é, vemos então sua hipocrisia, reclama das mentiras de Velda e mente da mesma forma, ou talvez de forma pior, enfim. Há traços fortes de Hamsun, principalmente nos atos incompreensíveis de Bandini, atos esses que são questionados pelo próprio, impulsos megalomaníacos incompreensíveis baseados na mentira, na negação de si mesmo, por um orgulho besta de ser desmascarado pela sociedade, ambos rapazes perdidos em suas próprias privações, um devido à negação da miséria, outro devido à negação da mediocridade, ou ambos por ambas as negações, mais uma vez encontramos os personagens em nós na pequena mentira ou no pequeno engrandecimento de uma situação ou outra que não faria diferença, ganho tanto, tenho tanto, faço tanto, escrevo tanto, sou tanto, e de tudo isso podemos concluir que somos nada, muito menos que esses pobres miseráveis, por não termos publicado nenhum livro sobre nossas aventuras.
comentários(0)comente



Rafael 08/11/2013

Fante é tripas e coração!
Em Bunker Hill, Bandini sonhava em ser grande. Mas em Hollywood não havia espaço para outro Dostoiévsky, Flaubert ou Dickens. Na Los Angeles da década de 1930 restava espaço apenas para a decadência, o vício, os bangue-bangues e as paixões supérfulas. Então o que faz ele, ante a esse cenário destruidor? Bandini vira palhaço, herói, gigolô, artista, vagabundo, romântico: Tudo ao mesmo tempo. "Fante é tripas e coração!" Diria o seu Admirador, o escritor Charles Bukowski. Afinal, voltar para o Colorado e aprender a assentar tijolos com o pai não era uma opção.
comentários(0)comente



Arsenio Meira 22/08/2013

O CANTO DO CISNE DE BANDINI


Este livro foi escrito um ano antes da morte de Fante, que ditou boa parte dele à sua esposa por causa de complicações com a diabetes que lhe deixou cego. Em Sonhos de Bunker Hill, Fante me pareceu mais maduro, bem resolvido, mais direto e objetivo.

Seu personagem é o mesmo Arturo Bandini do clássico "Pergunte ao pó", com os mesmos problemas, angústias e uma dose de ingenuidade, só que desta vez, outros personagens surgem na trama ou saga, e a vida do jovem errático Arturo tem que se defrontar com novas situações.

Não há rastros de Camilla Lopez, Hellfrick ou Hackmuth. É como se eles não tivessem existido na vida Arturo Bandini. Não é uma continuação, mas uma outra história do mesmo personagem, sem qualquer referência às suas aventuras passadas em "Pergunte ao pó."

Bandini é um jovem de 21 anos que largou sua cidadezinha do interior para se tornar um escritor em Los Angeles. Tem a maturidade de um adolescente de 14 anos, faz coisas descabidas, inconsequentes, torra seu escasso dinheiro em roupas e bebidas, finge ser alguém importante, chega ao ridículo com frequência e sua postura iconoclasta é, talvez, o autoretrato do próprio Fante.

Porém, em matéria de sexo está mais maduro, mais confiante, livre, sem escrúpulos religiosos, mas continua sofrendo com a falta de dinheiro, solidão e bloqueio criativo.

Trabalha como ajudante de garçom, tenta viver da arte, chega a ser contratado para trabalhar num estúdio de Hollywood, mas esbarra no velho conflito Arte X Mercado.

Desta vez, Bandini cruza com gente como Gustave Du Mont, um revisor que não larga os gatos, Frank Edington, viciado em jogos de criança, Velda van der Zee, roteirista de Hollywood que adora falar da vida alheia, e o lutador de luta-livre Duque de Sardenha. Uma fauna humana, que pode ter mudado alguns hábito, mas em essência continua igual.

Com eles, Fante constrói bons momentos em "Sonhos de Bunker Hill", utilizando-os para alfinetar Hollywood e a sociedade americana, criando situações que à primeira vista parecem surreais. Tais sentimentos aumentam ainda mais o estranhamento e inadequação que carregam o mítico personagem a um permanente caos interno.

John Fante foi um grande escritor. Traçou uma trilha de si próprio, e fiel ao seu ânimo rebelde, deixou sua marca.
comentários(0)comente



jessicambf 14/01/2011

Fante é o tipo de autor que não consegue perder sua inocência até mesmo em seu último livro. A jovialidade presente na maioria dos seus trabalhos, se não em todos, vem nesse trabalho com força total. Apesar de não ter sido exatamente escrito pelo autor, mas sim ditado por ele - a sua mulher que o pôs no papel - mesmo assim, a história é levada por um ritmo leve, empolgante, que envolve o leitor de uma forma compulsiva.

Não é um livro muito bem produzido, como um mega concerto de Ópera, ou um filme difícil de entender. É literatura pop na sua forma mais crua, ingênua, carregado de uma linguagem simples e ao mesmo tempo poética, característica até dos autores que o próprio personagem - Arturo Bandini - cita. As influências dos autores da época beat não ficam de fora, o que é impossível. John Fante é o autor que carrega o beat no seu cotidiano, só que numa forma inocente e muito, muito cristã. É, talvez, um dos poucos escritores de beat que realmente acreditam em Deus e na Igreja Católica.

Além de sonhos, Bunker Hill é formado de sentimentos, principalmente o medo de escrever, que se mistura a amores incondicionais relâmpagos, raiva da sua própria inutilidade e o desejo de estar sempre perto das mulheres, essa necessidade de ser nutrido por vários tipos de amores - prostitutas, secretárias, a senhora Brownell - tudo isso faz com que esse seja um livro escrito das entranhas do Fante. E como tudo, de repente, possa até fazer sentido.
comentários(0)comente



Lucas Ferreira 03/01/2010

Um punhado dos sonhos de cada um
O último livro de Fante é o meu primeiro. O primeiro de 2010 e me assustei com a leveza com que ele consegue falar sobre uma vida miserável – miserável por estar no meio da riqueza de Hollywood. Arturo Bandini não esconde seus defeitos – sua ignorância no agir e no falar, em como machuca as pessoas por não as entender, em como as machuca por não se entender direito.

Bandini possui um pouco de todos nós porque não nos deram o manual de instruções sobre a vida. Ele a tateia como a uma parede na escuridão; se dá bem hoje, mas amanhã acaba na pior.

Não é o melhor escritor que eu já li, mas está, sem dúvida, entre um dos mais sensíveis e com uma prosa fluída e fenomenal. Fala com uma leveza que só encontrei em....não me lembro.

Boa leitura e quando eu tiver oportunidade, “pergunte ao pó” será o meu próximo Fante.
comentários(0)comente



Lúcia Ramos 07/09/2009

Divertido, bem escrito e nada antisséptico!
Adorei a forma nada antisséptica de escrever deste autor. Criativo, bem escrito e muito divertido! Recomendo.
Lary.Momentolitera 23/01/2018minha estante
Vdd




16 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2