Jon O'Brien 07/07/2020
Ainda melhor que Roseanna
O Homem que Virou Fumaça é o segundo livro da série protagonizada pelo inspetor Martin Beck. A série foi escrita pelo casal Maj Sjöwall e Per Wahlöö, pioneiros da literatura policial sueca, que influenciou escritores bastante conhecidos no mundo todo, como Stieg Larsson (trilogia Millenium) e o Jo Nesbø (Boneco de Neve). Quer saber sem spoilers do que achei do segundo livro da série? Acompanhe!
O Homem que Virou Fumaça conta a história de mais um caso investigado pelo inspetor Martin Beck, algum tempo depois da história de Roseanna, que inclusive é citada no livro em dado momento.
Trata-se do caso do desaparecimento do jornalista Alf Matsson, que, por conta de circunstâncias específicas, precisa ser solucionado pela polícia o mais rápido possível. O problema é que as pistas o desaparecimento do jornalista são bastante escassas; até mesmo parece que o homem virou fumaça.
Esse tipo de construção é algo que vi pela primeira vez, se bem me lembro, no livro Roseanna: um caso a ser solucionado com o auxílio de pouquíssimas pistas. Assim como em Roseanna, aqui você lê o livro até certo ponto sem saber para onde a história está indo, o que é um pouco agoniante.
O Homem que Virou Fumaça é, na minha opinião, uma versão melhorada das habilidades de escrita do casal Maj Sjöwall e Per Wahlöö. Em Roseanna, eu me deparei com um caso enigmático que demorou muito para me chamar a atenção. Eu de fato não me afeiçoei pelos personagens, pelo menos não no início, e o caso me parecia “um entre tantos”. Até que, é claro, as investigações foram tomando forma e o caso foi sendo construído a ponto de me deixar incomodado (no bom sentido) com a leitura.
Neste livro, a gente se depara com a mesma agonia mostrada por esses talentosos escritores. O que me faz mais gostar de O Homem que Virou Fumaça do que de Roseanna é que desde o início eu me interessei pelo caso. Foi praticamente instantânea a minha atenção pela trama; acredito que isso aconteceu porque em Roseanna a vítima mal tinha rosto, sequer tinha um nome, e não havia nenhum outro elemento que me chamasse a atenção, enquanto neste livro temos um desaparecido problemático e um desenvolvimento bem mais rápido.
Dei 4.5 estrelas como nota de O Homem que Virou Fumaça, só não tendo dado a nota máxima porque o encerramento do livro foi muito rápido, quando podiam ter sido inseridas algumas páginas de texto para dar mais corpo ao livro. No fim, é um livro excelente, mas recomendo que faça a leitura sem pretensão alguma, talvez ao mesmo passo que lê outro livro.
O Homem que Virou Fumaça é o segundo livro da série Martin Beck, mundialmente aclamada. Apesar de no Skoob os dois únicos livros da série estarem com notas absurdamente baixas, no Goodreads, uma plataforma maior e mundial, os livros estão com notas bem mais altas, o que acho que deve ser levado em conta. Além do mais, sugiro que você leia o livro considerando que ele é um clássico, então, a fim de ter uma leitura mais prazerosa e até mais “justa”, espere menos, certo?
Outra informação interessante é que o livro foi lançado em 2015, pela Record, mas, tendo em vista que aparentemente a repercussão da série não chamou tanto a atenção dos brasileiros, seja pelas notas negativas ou por outros motivos, não dá para dizer com um maior grau de certeza se a editora desistiu de Martin Beck ou não. Ainda assim, quero dizer que eu gostaria muito que novos livros da coleção chegassem ao Brasil.
Muito obrigado por ler até aqui; fique à vontade para ler mais conteúdo do REDIPE.
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