Thaise @realidadeliteral 21/02/2022Contra a estupidez nossos próprios deuses lutam em vão? Essa frase que é parte uma citação extraída da peça “A Donzela de Orleans”, do escritor alemão Friedrich Schiller, escolhida por Asimov para nomear sua obra e as 3 partes desse livro, bem distintas entre si, ilustra bem o sentimento que vamos encontrar nas páginas dessa obra.
Essa história tem tamanha magnitude que fica difícil resumi-la aqui, mas vou tentar. Tudo começa em um laboratório na terra quando um radioquímico medíocre, Frederick Hallan, percebe que dentro de um frasco que estava esquecido em sua mesa não havia mais tungstênio e sim uma matéria desconhecida não existente na terra. Essa “descoberta” é responsável por uma revolução no suprimento de energia da terra por meio de uma “Bomba de Eletróns” criada para possibilitar aos terráqueos estabelecer uma troca de substancias com o para-universo, que é de onde vem a matéria nova que é enviada, teoricamente, pelos para-homens. Acontece que essa troca entre universos pode causar o colapso de ambos e o fim da humanidade. Entretanto, todos os cientistas que descobrem isso e tentam alertar às autoridades são silenciados por Hallan que se tornou uma figura importante e tirânica da terra e que não quer perder seu lugar de prestígio não deixando assim a verdade ser revelada.
“A forma mais fácil de solucionar um problema é negar sua existência.”
Desde o começo da leitura somos absorvidos pela narrativa genial de Asimov, que nos prende do início ao fim numa trama envolvente e cheia de mistério. É incrível como o autor consegue imaginar situações e seres complexos e fascinantes e ao mesmo tempo tratar de assuntos que parecem muito fáceis de acontecer a qualquer momento.
Vamos acompanhar o árduo trabalho dos personagens para evitar uma catástrofe apocalíptica e torcer para tudo dar certo no final mesmo com Hallan tentando impedir a todo custo que isso aconteça, apenas para manter sua fama e pode - qualquer semelhança com Brasil de 2022 não é mera coincidência. A trama é muito bem amarrada, só senti falta de uma interação entre os terráqueos e os para-homens na conclusão, mas o final me surpreendeu muito, não imaginava o que aconteceu. Ou seja, além de tudo fui mais uma vez feita de trouxa por Asimov, e claro, amei mais ainda a leitura por isso.
Vencedor dos prêmios Hugo e Nébula, Os próprios deuses era, segundo ouvi dizer, o livro favorito de Asimov, e se o mestre falou a gente só assina embaixo e se delicia com o prazer de poder ler esse livro incrível!