Gabriel 05/07/2021
Um bom livro, mas me deixou com um pé atrás
O primeiro terço do livro foi o que me pareceu mais interessante. A contextualização da história por trás do mecanismo maníaco-depressivo é muito boa, assim como as críticas à banalização do diagnóstico de bipolaridade são extremamente cirúrgicas e pertinentes.
O discurso neoliberal, através da ode à produtividade e competitividade extremas, é minado de maneira muito assertiva por ser um dos contribuintes mais diretos dessa banalização diagnóstica. Mais que isso, o culto à performance desemboca em uma verdadeira promoção da mania, anunciando aspectos de sua sintomatologia como positivos quando vistos pelas lentes do mercado.
O receio que me abateu se deu pelo restante do livro se organizar como mais um manual diagnóstico, sem dúvidas mais cuidadoso e atento à história do que CIDs e DSMs, mas que ainda assim me parece, em menor medida, sucumbir a um dos pontos de sua própria crítica. Sem o apelo próprio do discurso psiquiátrico à medicalização, mas ainda sustentando algo que me incomoda em relação aos diagnósticos e que talvez eu não consiga formular tão bem nesse momento em que ainda engatinho nas aproximações com a clínica e a psicopatologia.