Jef 17/08/2018
Histórias curtas, mas longas decepções de expectativa
Esse foi meu primeiro contato com o grande contista brasileiro Rubem Fonseca, autor de "Histórias curtas" (2015), lançado pela editora Nova Fronteira, com suas 176 páginas, entretanto já tinha lido sobre em minha procura por contistas nacionais. E devo confessar que para este livro, especificamente, foi um tanto quanto decepcionante. Esperava mais.
Das 38 histórias, no máximo umas 5 eu verdadeiramente gostei. Dentre elas, meu conto favorito é de longe, disparado: "Viver" pelo seu humor negro e ironias deliciosas de se ler. Outros contos que se destacam são: "Coma", "Humilhação", "Jardim das flores". Os outros achei fracos, esquecíveis apesar da ousadia de abordar certos assuntos. Nenhum conto é mal escrito e totalmente ruim, mas não fui impactado pelo estilo do autor nesse livro. Pretendo tentar em outros, pois pelo que se fale de Rubem ele é ótimo em contar histórias e provavelmente não estava muito inspirado neste livro já que algumas histórias beiravam ao óbvio, outras eram desinteressantes e até bobas sendo colocadas ali pra preencher. (Ao menos é o que pareceu.)
O que apreciei foi a capacidade de Rubem Fonseca de escrever histórias bizarras, incomuns, nonsense que parecem ser tão cotidianas com protagonistas amorais e imorais. Muitas vezes sem nada heroico, sem lição de moral, com até um pouco de drama e reflexão, ou sem nenhuma característica que torne o(a) narrador(a) em um exemplo aos olhos do leitor(a). Isso é admirável e inspirador para quem escreve porque mostra que é possível criar todo tipo de personagem. Ponto para o Rubem.
A leitura de todo conto (por mais desinteressante que fosse) é fluída com algumas informações interessantes e descrições sem exagero. Uma leitura direta, crua, sem firulas com um boa dose de humor negro e sarcasmo, algo que eu adoro. Boa parte das histórias termina com um final em aberto, o que posse ser visto por dois modos:
1. Preguiça do escritor;
2. Instigar o leitor a pensar sobre o ocorrido;
Acredito que nesse caso é a número 2.
Apesar do primeiro contato com Rubem ser por meio deste livro " Histórias curtas", que muitos julgam um dos mais fraco dele segundo algumas resenhas, eu incluso, gostei da experiência de tê-lo lido e me divertido com essas 38 histórias incomuns sobre loucuras, traições, compulsões, assassinatos, etc. Bom saber que há contistas dispostos a contar todo tipo de histórias sem amarras politicamente corretas.
Mesmo o livro sendo aquém do esperado, vale pelo passatempo maravilhoso da leitura em si e pelas histórias serem muito rápidas de serem lidas.
Das frases que levarei comigo após a leitura, com certeza, essa é a mais memorável e com ela concluo esta módica resenha: "Os velhos sabem, mas não podem, os jovens podem, mas não sabem." (Do último conto "Fazer as pessoas rirem e se sentirem felizes".)