Tamirez | @resenhandosonhos 31/08/2018Bom Dia, Sr. MandelaEssa foi minha primeira biografia e eu posso dizer com toda certeza: não poderia ter escolhido livro melhor para começar. Mandela é uma daquelas pessoas que inspiram a gente, mesmo não estando mais entre nós e já fica aqui minha primeira recomendação pra você que não é habituado a ler biografias, escolha alguém que você admire.
Foi muito importante ter os capítulos iniciais trazendo a fase de crescimento da Zelda para que pudéssemos entender como era, pelo ponto de vista dos brancos, o apartheid. Além disso ao longo do livro vemos as pessoas ao redor de Zelda mudando de opinião, baseados na relação dela com Mandela, e isso foi muito bacana para se dar por conta de que o preconceito é sim algo que se cria, mas que também pode ser derrubado. A relação entre La Grange e Mandela é muito bonita e através do relato dela conseguimos sentir um pouco do carinho entre os dois e também a dor dela no fim, quando a família dele impedia ela de ter contato com Mandela, pois sempre houve muitos questionamentos e olhares feios em direção a Zelda, por ela ser o braço direito de Madiba, sendo branca.
“Eu me recordo de ter dirigido de volta pra casa vendo os negros sorrindo nas ruas, pareciam felizes, confraternizando e dançando. Meus pensamentos eram simples, sim, agora vocês podem fazer o que quiserem, mas por favor, não nos matem essa noite por sermos brancos. Antes das eleições algumas pessoas brancas juntaram comida enlatada e não perecível, por medo da guerra civil, violência e anarquia. Esperávamos que as pessoas negras que controlavam o país nos destituíssem dos serviços básicos, que atacassem as lojas e criassem um caos absoluto, sabotando a água e a energia dos bairros brancos. As pessoas estocavam e juntavam garrafas d’agua, velas, comida enlatada e tudo que pudesse durar e ser necessário em caso de emergência. Esperávamos por vingança.
Mas naquela noite nada aconteceu e todos nós acordamos na manhã seguinte, voltamos para o trabalho e para nossas vidas normais, intocados pelos eventos do dia anterior e por quem quer que estivesse governando o país. A vida continuava de maneira estranhamente igual. Ainda tínhamos nossas casas, ainda estávamos vivos e a água ainda corria pelas torneiras, nada havia que indicassem que logo os próximos fundamentos da minha vida, minha ignorância, minhas crenças, meus valores estariam prestes a ser sacudidos e testados.”
A leitura fui excelente e vivi muitas emoções diferentes, como já mencionei. Também dei boas risadas com alguns fatos engraçados que também norteavam a histórias em alguns momentos, como por exemplo quando, o então Senador, Barack Obama, pede para conhecer Mandela e a pessoa que quer convencer Madiba a conhece-lo diz que Obama pode ser o primeiro Presidente negro dos Estados Unidos e na incredulidade daquilo naquele momento. Também é engraçado ver o quanto Mandela era afastado da mídia Hollywoodiana e não conhecia os atores ou cantores que queriam o conhecer, e Bono Vox, que esteve com Mandela muitas vezes, o qual demorou pra compreender a dimensão do alcance dele e de outras personalidades na sociedade.
Enfim, o livro é muito inspirados e se você é um adepto da leitura de biografias, com toda certeza esse é um livro que eu recomendo de olhos fechados. Caso você, assim como eu, não costuma ler o gênero, posso novamente dizer que esse pode ser um bom lugar por onde começar.
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