Lina DC 29/07/2015Muito bom!O local: Inglaterra.
Os personagens: Corin é uma jovem de 19 anos, sarcástica, inteligente e que adora burlar as regras impostas pela sociedade. Principalmente a regra sob a alma gêmea.
Jacinta é a irmã mais velha de Corin. Ela passou por um grande trauma quando adolescente, de forma que é um pouco surtada. Qualquer quebra em sua rotina a leva até a ala psiquiátrica do hospital. A convivência entre as duas é bem difícil, pois Corin ressente-se da irmã mais velha, que por sua vez, na maior parte do tempo, está aérea ou é ácida. Não há amor fraternal entre as duas.
Colton Furnish estuda com Corin desde sempre, mas devido aos últimos acontecimentos no curso profissionalizante, aproxima-se da protagonista. Ele é o oposto da Corin: gentil, respeita as regras e tem um lar bem estruturado e amoroso.
Enredo/ Trama/ Narrativa e História: Nessa sociedade, quando jovens, as pessoas tem um nome tatuado em seu pulso. Apenas o primeiro nome. O nome do seu companheiro. E elas devem mantê-lo oculto.
"Os livros de História dizem que, por tradição, as almas gêmeas devem tirar os protetores de pulso somente na noite de núpcias". (p. 11)
Acontece que entre o surto de Jacinta e o falecimento de seu pai quando Corin tinha dez anos, a protagonista luta diariamente contra o sistema, que trouxe tanta infelicidade a sua vida. O que percebemos durante a leitura é que o sistema também luta contra Corin, como no caso de sua graduação nos cursos profissionalizantes.
"Todo mundo está sujeito a ter ideias preconcebidas e ideais de como você deve ser, como você deve querer ser, o que você deve fazer. Nada estraga mais uma pessoa quanto os outros esperarem algo dela. O mundo deixa você para baixo, você se irrita, não consegue responder às expectativas, ou, quando o faz, não é exatamente como esperou que fosse. No fim, todos não passam de caquinhos recém colados com fita adesiva e pedaços de barbante". (p.70)
Como se isso não bastasse, estão ocorrendo suicídios de jovens em todo o país. Apesar da mídia não expor em detalhes os motivos dessas mortes, Corin utiliza o submundo para adquirir mais informações.
" E o sujeito não parava de dizer: Ela é minha alma gêmea e eu estou feliz que ela queira morrer, porque eu a odeio". (p. 63)
A trama mescla a situação pessoal da Corin com os acontecimentos gerais, tornando a leitura mais dinâmica. A narrativa é feita em primeira pessoa, pela perspectiva da protagonista e acaba dando um tom mais intimista à história. A história é surpreendente, principalmente quando chegamos ao final desse primeiro livro e revelações são realizadas.
"A humanidade é muito boa em se gabar das coisas que supostamente são positivas e encobrir as coisas que não quer que mais ninguém saiba". (p. 66)
A interação de Corin e Colton vai amadurecendo com o avançar das páginas. Colton consegue ir quebrando as muralhas erguidas pela protagonista e Corin vai apresentando ao Colton o lado interessante de se quebras as regras.
A escrita da autora: A escrita da autora é direta e concisa. Não há excesso de adjetivos e descrições, mas nos casos das explicações sobre as peculiaridades dessa sociedade, como por exemplo, a semana do racionamento, o centro de vida eterna, o próprio conceito dos relacionamentos, as explicações são mais detalhadas.
Revisão/ Diagramação/Layout e Capa: A editora realizou um ótimo trabalho. A diagramação é simples, mas muito bem feita, as páginas são amareladas e o tamanho da fonte é agradável. A revisão está impecável e a capa chama a atenção.
"Esta é a primeira coisa que lhe ensinam quando você entra na escola, antes de lhe ensinarem a se limpar e a dar descarga depois de usar o banheiro; e antes de ensinarem a responder à chamada. Mas nem precisava. Seus pais lhe contam quando você está aprendendo a dizer seu nome; repetem inúmeras vezes quando você está aprendendo a dar seus primeiros passos vacilantes; é a sua canção de ninar quando você não pode ficar acordado até tarde. E, quando você entra na escola, as orientações são repetidas. Passam a fazer parte de sua psique. A partir do momento em que ele aparece pela primeira vez, você não revela a ninguém o nome em seu pulso". (p.07)
"O nome em seu pulso" é um romance, mas também uma crítica a sociedade. É uma história que leva o leitor a refletir não apenas sobre o amor e o companheirismo, mas também sobre as verdades ocultas que coordenam uma sociedade.