Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens

Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens Jean-Jacques Rousseau




Resenhas - Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens


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Julhaodobem 20/02/2023

Rousseau 2001
As noções do que é a desigualdade desde o nascimento da sociedade civil em uma comunidade pensante e determinada a viver juntos, sempre foram as questões abordadas entre os sábios que viveram. A palavra desigualdade desde então já foi usada por várias pessoas, sejam estes de lados opostos, como Karl Marx ao falar sobre a vida dos operários perante uma desigualdade de opressão e alienação nas fabricas ou nos discursos liberais do politico inglês Thomas Paine ao falar sobre os direitos humanos mas apenas para as pessoas ligadas diretamente com a liberdade americana e europeia colonial. Dois nomes distintos tanto no tempo como nas ideias mas que usam em contexto a palavra desigualdade em seus discursos.

Por tanto esta é uma palavra que ronda gerações, 1755 mais um capitulo para esta palavra foi colocada pela academia de Djon na França com a seguinte pergunta: qual é a origem da desigualdade entre os homens, e se é autorizada pela lei natural?. Um desafio interessante, que Jean-Jacques Rousseau aceitou de prontidão. Já que já tinha feito um outro discurso antes sobre as ciências e as artes, esta nova pergunta o colocou em uma nova perspectiva para a sua escrita acadêmica.

O interessante é que infelizmente este discurso nunca foi aceito pela academia de Djon pois no fim excedeu o numero de paginas propostas pelas regras, mas mesmo assim foi posteriormente publicado em um formato de livro, tornado mais uma vez Rousseau uma figura na história da filosofia e das Ciências Sociais , sendo estudado por vários estudantes e mestrandos das universidades, como aquele que escreve agora esta resenha.

Rousseau sempre foi uma figura enigmática para mim, é interessante pensar que ele é considerado um filosofo que esta sendo estudado em um área das Ciências sociais. Não estou ignorando todo o poderio filosófico de eras já produzidas, até por que se não existisse a filosofia provavelmente não teríamos nem um pouco de toda a tecnologia, química e teorias que temos hoje que ajudaram a moldar o mundo. Mas na verdade o que me fez ficar pensando sobre este aspecto é como as ciências humanas possuem esta conexão profundo entre as áreas, como um parente distante da filosofia que sempre esta trocando cartas sobre a vida e seus significados. Talvez no fundo sejamos tão menosprezados em um mundo onde os números e resultados concretos são mais importantes que deixamos de refletir sobre as desigualdades que permeiam a vida humana.

Lendo o Discurso das desigualdades entre os homens de inicio já é possível perceber que ele é uma grande gama de pensamentos do autor, formado diretamente como se estivesse discursando para uma grande plateia, com palavras fortes e um tom venerado e firme, totalmente cientifico e explicativo com uma literatura que beira a uma história sendo contada. Isto é o que difere Rousseau dos outros autores a serem estudados nas ciências sociais. Em um momento temos que entender as teorias duras e numerosas de Durkheim sobre seus métodos sociológicos, depois entender Evans Pritchard em seu diário antropológico, cheio de palavras e momentos que beiram a um livro de fantasia. Mas antes de tudo isso aparece Rousseau, um homem que somente escreveu um trabalho discursivo e ficou famoso para sempre na história humana.

É quase como tirar uma sore na humanidade, com isso se considerarmos o momento histórico que ele estava vivendo e a forma que ele via o mundo, torna este filosofo um ponto interessante a ser estudado, deixando os estudantes que o lê por umas semanas dizendo em alto bom som sobre o estado primitivo e a origem da propriedade privada. Dois aspectos estes que são um dos pontos chaves para entender o texto. Você leitor deve estar pensando agora que vou falar aqui seria um spoiler mas convenhamos uma regra que vou colcocar aqui para todos os livros acadêmicos que irei resenhar futuramente, não existe spoiler para livros acadêmicos, já que eles sempre serão estudados, e ainda mais, não estamos falando aqui e se capitu traiu, estamos conversando sobre teorias cientificas que são fermentadas a todo momento em milhares de perspectivas existentes entre diferentes visões por um pesquisador.

Quando se inicia o texto o que veio de primeira em minha mentre foi a cena inicial do filme 2001: uma odisseia no espaço, quando os macacos humanoides em um deserto esquecido conhecem o poder do dialogo quando um bate com um fêmur ao outro, descobrindo o poder da força ao ter um objeto que pode matar facilmente um irmão do mesmo grupo, resolvendo de uma forma definitiva as suas pendencias. Rousseau começa dizendo sobre esses homens primitivos, a sua vivencia e o estado que natureza os proporcionava se viverem livres, dizendo assim que a natureza é o estado primitivo que todo homens deveria ter, sem os avanços da tecnologia humana.

Ao estabelecer a natureza como a salvação e o tempo que deixa a humanidade livre, se torna uma reflexão interessante, para mim é irônico vindo de um homem que nasceu perante o homem europeu, negando todo o seu estado natural de vida e ao mesmo tempo vivendo em um mundo onde a Europa dizimava qualquer aspecto de estado primitivo. No fundo sei que temos que pensar apenas na questão filosófica e do mundo que o autor vivia, mas para mim isto o torna cada vez mais hipócrita pois no fim é apenas um homem branco pensando em algo que nem ele entende, viver na natureza, clocando a natureza como apenas animais com humanos como seres sem pensamento com uma dialética como esta reflexão fantasiosa fosse o certo, escrito por um homem que duvido que tenha se embrenhado nas florestas.

Entretanto, outra ideia citada que responde a pergunta sobre a academia de Djon, é o conceito de propriedade privada. Para ele, o ser humano perdeu a sua liberdade e contribuiu para a sua desigualdade quando ao primeiro homem que teve a inteligencia de cercar um pouco de terra e dizer que aquilo era seu, fez nascer assim a propriedade privada. Que é a o nascimento de humanidade como conhecemos, com as suas cidades, ruas, fabricas e toda uma construção social feita por roupas e pertences exclusivos.

A desigualdade para o outro é uma consequência da propriedade privada criada pelo homem, tornando um povo que ao aumentar o seu poder tecnológico, a desigualdade também aumentara. isto escrito sem nenhum tipo de anacronismo, pois naquela época não existia esta concepção atual de lados políticos com direita ou esquerda, deixando essa ideia interessante. Por mais que adoraria comentar sobre o capitalismo atual, teria que escrever um outro texto para comentar sobre isso. Por tanto o sentido de privado é o que deixa esse texto vivo até hoje, com uma ideia que existe em outras concepções da vida humana até hoje, com uma desigualdade avassaladora e cruel, sem o seu estado primitivo conectado pela natureza.

O Discurso sobre a origem entre a desigualdade entre os homens é um tratado que deixa a reflexão no ar, explicando algumas conexões e deixando a desejar outras. Isto porque devemos pensar que este texto não é um estudo de anos a fio sobre algum tema da sociedade. No fim gosto de pensar que é um trabalho acadêmico como qualquer outro, como o concurso de redações da escola ou algum trabalho em uma universidade no fim do semestre. Assim o que podemos tirar são as ideias centrais do texto e não uma teoria composta e duradoura como fazemos com Max Weber ou Émile Durkheim.

A leitura deste discurso foi uma forma interessante de conhecer mais profundamente o autor e mesmo que a matéria que me foi apresentada em sala de aula que esta sendo composta deixam a desejar a minha capacidade de gosto, o texto proposto para ler durante as aulas foi de bom grado para mim. No fim é isso que importa, posso ter desgosto de entrar na sala de aula de alguns mestres mas se o conteúdo for interessante para mim, é só isso que importa. Algo que muitos estudantes teriam que aprender desde já, ainda mais em um curso de humanas, as vezes é mais importante ler em diretamente o autor do que ouvir 4 horas de outra pessoa falando sobre ele, somente tendo um contato direto com os seu texto é que podemos entender seus conceitos muito mais fortes e também divertidos para alguém que gosta de conhecer suas teorias e pensamentos.

site: https://diariossemanal.blogspot.com/
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victorialane 13/12/2022

Um livro cheia de descobertas
Rousseau é brilhante e nós não temos dúvidas disso esse livro é como um soco no estômago por retratar tão bem a separação das classes, sobre a desigualdade e todos os outros problemas da sociedade. É forte, impactante e extremamente importante para formação de caráter.

"Os povos uma vez acostumados a ter senhores, não conseguem mais viver sem eles".
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biacruciaki 21/07/2022

?essa é, com efeito, a verdadeira causa de todas essas diferenças; o selvagem vive em si mesmo; o homem sociável, sempre fora de si?. não sabe viver senão na opinião dos outros e é, por assim dizer, exclusivamente de seu julgamento que tira o sentido de sua própria existência?
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Deise 12/01/2022

Uma leitura esclarecedora
Rousseau, através da sua obra, nos mostra sua visão da origem de todas as desigualdades sociais a partir da premissa de que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe.

É interessante ver os paralelos que ele traça entre os homens e demais seres vivos ou diferentes sociedades para validar sua ideia de que as diferenças sociais são frutos dos desejos e ambições que os homens desenvolveram à medida que a sociedade se desenvolveu também, enfatizando que se o naturalismo humano inicial ou sua selvageria fosse mantida até hoje, viveríamos de forma mais igualitária.

É uma leitura interessante e nos ajuda a entender de forma clara o pensamento filosófico do autor acerca do tema.
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Dyogo 26/07/2021

Um ótimo semi clássico
Com todo respeito, mas esse livro não é um clássico, apesar de ter todas as características de um. Não é porque bom, não é bem o primeiro livro que se pensa quando se fala em Rousseau, mas é tão atual, com todas reflexões interessantes, que é "quase um clássico", vale muito a pena a leitura!
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Raphael 11/06/2021

Imagine – apenas no plano hipotético – que na sua cidade exista uma pessoa proprietária de mil alqueires de terra. Uma indagação natural que pode surgir disso é a seguinte: de onde vem a legitimidade para esta propriedade? De forma apressada, poderíamos responder que a legitimidade advém das instituições estatais as mais diversas: o cartório lhe confere o título, a polícia e o oficial de justiça conferem a segurança e o Poder Judiciário, por fim, legitima a propriedade.

Olhando, contudo, a questão de forma mais aprofundada, traçando a genealogia da coisa, podemos indagar: tudo bem, o estado lhe confere a legitimidade, mas quem, nos primórdios da coisa, autorizou uma pessoa a cercar mil alqueires de terra e dizer: "isto aqui é meu". Surge, então, o contexto da obra. Nas palavras do autor: “(...) o primeiro que pensou em dizer isto é meu foi o verdadeiro fundador da sociedade civil” [e, por conseguinte, da origem da desigualdade entre os homens]. “Quantos crimes não teria poupado ao gênero humano aquele que houvesse gritado: não escutem este impostor; vocês estarão perdidos se esquecerem que os frutos são de todos e que a terra é de ninguém”.

Mais ainda, o autor analisa também questões anteriores ao surgimento da propriedade investigando a origem do próprio homem, o seu afastamento do estado de natureza e os problemas que surgem daí. Seus estudos têm profundas repercussões no campo da ética quando ele constata que, diferente dos animais, no homem, a vontade ainda fala quando a natureza se cala.“(...) Um pombo morreria de fome perto de um tanque repleto de carnes, e um gato em cima de montes de frutas ou de grãos, muito embora um e outro pudessem muito bem se nutrir com o alimento que desdenha se pensasse experimentá-lo. É assim que os homens dissolutos se entregam a excessos que lhes causam a febre e a morte, porque o espírito deprava os sentidos e a vontade ainda fala quando a natureza se cala”.

No mais, ainda, estuda-se a origem das linguagem e as dificuldades que o homem primitivo enfrentou para a elaboração de um sistema de comunicação que desse conta da complexidade da realidade que o cercava “(...) o que foi mais necessário, a sociedade já formada para a instituição das línguas ou as línguas já inventadas para o estabelecimento da sociedade?”. Por fim, Rousseau denuncia que os problemas do homem civilizado, todos eles, decorrem do seu afastamento do estado de natureza. “(...)Eu me pergunto se algum dia se ouviu dizer que um selvagem em liberdade tenha sequer pensado em se queixar da vida e se dar à morte”.
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Kauana 14/05/2021

Na obra Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens escrito em 1755, Rousseau pretende responder qual a origem da desigualdade entre os seres humanos.  Para ele, existem dois tipos de desigualdade. A primeira corresponde ao físico ou natural, e está no âmbito da diferença das idades, das características e forças físicas, dos aspectos da alma, mas não interessa examiná-la.  É notório que os seres humanos são diferentes, porém, essas diferenças não podem ser a causa da submissão de uns pelos outros.  A segunda parece estar no âmbito político e está ligada a origem do Estado Civil. Os indivíduos na constituição desse Estado, se submeteram a um homem só ou a uma assembleia de homens e renunciaram a sua liberdade natural. O filósofo parte de um artifício da razão: o Estado de natureza, para examinar a desigualdade que se apresenta. Estabelecendo que todos os humanos são livres por natureza, assim, a desigualdade não seria natural. Por fim, descreve a noção ficcional de contrato social para explicar como sujeitos livres se submeteram a um soberano ou a um Estado.
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Belos 13/02/2021

Eu gosto de Rousseau pela crítica à modernidade. Toca em algumas feridas causando certo desconforto. Pela edição da Martins, nota-se que ele foi muito combatido nos dois discursos.
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Daniel.Nery 03/02/2021

Necessário
Extremamente atual. Leitura recomendada se você quer conhecer o pensamento do autor e o pensamento que influenciou a Revolução Francesa.
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lukinhas 26/01/2021

Muito importante!
Esse livro trata de diversos assuntos em relação ao homem como um todo, endosa bem os fatos neles descritos e no final tem umas curiosidades muito legais, o livro fala desde ao primeiro homem a decidir seu espaço e dizer que é dele até os dias de hoje, apesar de ser datado de séculos atrás o livro se torna atemporal com conceitos sólidos e deliciosos#recomendo
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Nícolas 17/11/2020

A filosofia do bom selvagem
Neste livro, Russeau discorre sobre a origem da desigualdade entre os homens, começando por definir a desigualdade natural (força, altura, agilidade etc.) da desigualdade social (dinheiro, poder etc.)

Esperava mais profundidade do discurso já que estava com o contrato social em mente quando comecei. Discordo de alguns pontos do autor, que parece ignorar o fato que hominídeos são seres que naturalmente vivem em sociedade.

O livro vale a leitura, mas Russeau poderia ter feito algo mais enxuto.
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Lau 05/11/2020

A leitura não é tão fluída, mas é um daqueles livros essenciais para se entender um pouco sobre política e História.
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Bianca1148 09/06/2020

O homem é bom...
Parafraseando Rousseau: O homem em sua natureza é bom, contudo, no isolamento é igual a todo homem. É a partir do momento em que resolve viver em sociedade que as desigualdades aparecem. Ótimo livro para quem quer conhecer as ideias do autor.
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