Clio0 14/05/2021
O volume Descartes da coleção Os Pensadores apresenta três trabalhos do autor: Discurso do Método, As Paixões da Alma, e Meditações.
Por que essas obras foram escolhidas? Por serem a proposta e a exemplificação do pensamento racional moderno como método científico.
Em Discurso do Método, Descartes faz um breve relato de sua vida como justificativa para a apresentação de seu modelo. Não se deve, porém, pensar em bases atuais. O que ele faz é argumentar sobre a forma de se obter conhecimento e como tal deve ser observado, questionado e testado.
Essa talvez seja sua contribuição mais emblemática: a asserção de aceitar informações sem prejulgá-las, mas todavia preparar-se para colocá-las em questionamento. Vem nesse texto a argumentação da famosa máxima "Penso, logo existo" o que por si só já é motivo para lê-lo.
Em as Paixões da Alma, há uma extensa análise do que compõe fisiologicamente o nosso organismo e como cada parte se relaciona com as emoções e pensamentos, posteriormente com a religião e a moral. Obviamente, por ser uma obra do século XVII, suas proposições já caíram por terra (embora algumas pseudociências insistam em trazê-la à tona, vide Leitura Biologica, Microfisioterapia, etc.).
A razão de sua apresentação nessa seleção, então, é por ser uma apresentação característica do método proposto.
O mesmo pode ser alegado de Meditações. Mas, quero chamar a atenção que Descartes - profundamente afetado pelas ações inquisitoriais de seu tempo, como o destino de Galileu que ele chega a mencionar - se propõe a conjecturar como a existência divina pode ser percebida por um ser falho como o Homem.
Enfim, são escritos dignos de atenção e de leitura relativamente simples, embora a prolixidade possa afastar alguns leitores.
A edição da Nova Cultural é de qualidade, contendo biografia, bibliografia e cronologia. Infelizmente, não há notas de tradução.