LT 13/03/2017
Boa noite galera, aqui é o Júlio, e dessa vez com a resenha de Mestre da Guerra do autor David Gilman. Nesse livro ele nos conta a história de um garoto e que se passa dentro da guerra dos cem anos, sim, a guerra que existiu entre França e Inglaterra, que ocorreu entre os anos 1337 e 1453 (116 anos) e foi a maior e mais sangrenta guerra da Europa medieval.
Thomas Blackstone é o nosso protagonista, ele vivia em um vilarejo pobre, trabalhando como pedreiro e cuidando de seu irmão surdo mudo, Richard, após o falecimento de seu Pai. O Pai dos garotos já fora um guerreiro importante. Ao serem acusados do assassinato de uma garota, eles escapam da pena de morte, por sorte, e com a ajuda de alguém que devia sua vida ao Pai dos meninos. Mas, para serem liberador da pena de morte, eles são enviados como soldados ingleses à guerra por serem ambos ótimos arqueiros, o que muda completamente e para sempre a vida dos dois irmãos. Thomas. além de lutar. passa o tempo todo cuidando de Richard e é o único capaz de se comunicar com o irmão. O autor nos mostra o desenvolvimento da guerra por dentro, do ponto de vista dos soldados, da matança, da pilhagem e da crueldade. A violência está presente em doses altas nesse livro.
O protagonista se mostra, no decorrer da trama, ser incrivelmente inteligente e um ótimo estrategista, se desenvolvendo bastante como guerreiro. Após a batalha de Crécy, ele fica aos cuidados de um lorde francês e sua história paralela começa. Thomas apaixona-se por uma garota que salvou na batalha, ela passa a lhe ensina a educação e comportamento de um cavalheiro, enquanto o lorde francês o ensina como lutar com espadas. Tudo isso vai acontecendo e se desenvolvendo em meio a intrigas, notícias da guerra, alianças e traições. O nosso mocinho vai se envolvendo em problemas, desde o princípio de sua história, portanto, a cabeça de Thomas muitas vezes está a prêmio em meio a tudo isso.
O período marcado pela peste negra, da qual acredito que a maioria já ouviu falar, é abordado nesse livro e mostra o quão terrível foi essa epidemia pela Europa. Chega a ser uma das partes mais tensas do livro pois passa para nós, leitores, a realidade de quem viveu nessa época o tempo todo com medo da doença.
O irmão, Richard Blackstone, na minha opinião, é o único ponto negativo do livro, por simplesmente não ter acrescentado nada à história (todavia, não é nada que prejudique a leitura). Ele foi citado como sendo o melhor arqueiro (melhor do que Thomas), mas só. No mais, tudo que faz é atrapalhar o irmão, esse que por sua vez, precisa cumprir a promessa que fez ao Pai, a de que vai cuidar de Richard até o fim.
Como disse anteriormente, a trama é recheada de intrigas, e tinha de ser, porque se passa ao decorrer de um longo período o que exigiu do autor bastante criatividade para inserir personagens fictícios em algo real, tendo ainda de prender o leitor. O livro nos ensina de forma indireta sobre aquela época, e isso é bacana. Imaginar o cenário real, a forma com que os humanos lidavam com coisas que hoje seriam banais, o motivo para guerra e como os homens viam honra em matar para defender o nome de outro, mais do que o reino, a lealdade ao Rei.
A escrita do autor é um pouco morosa, deixando a leitura mais lenta, ainda assim, gostosa. É necessário prestar atenção aos detalhes, para compreender a história. É interessante também ver que, estando preparado ou não para encarar batalhas e mortes, a maioria dos jovens eram obrigados a fazer parte daquilo tudo, e a grande maioria perdia suas vidas sem sequer tê-las vivido verdadeiramente. É uma história fictícia que nos leva a pensar como aqueles homens sentiam-se em meio a tudo, dos mais frios aos mais sentimentais. É um livro para ler-se de mente aberta. Contando com cenas nojentas, com cenas em que o desespero humano é evidente ao extremo, enfim, um livro para aprender uma história do passado que existiu, contada pelos olhos de alguém que não existiu.
Quanto a edição, páginas amareladas, e fonte de tamanho adequado para leitura. O texto possui pouquíssimos erros , ao menos que eu tenha notado. A capa condiz com o enredo, fazendo a alusão da guerra que foi real com a história fictícia de Thomas, mas quantos Thomas da vida real passaram por aquela guerra? Algo a se pensar.
Falando como leitor, diria que foi uma livro bem diferente para mim, por se tratar, exatamente disso, de um acontecimento real, apesar de ser a história de um personagem fictício (não costumo ler muita coisa que tenha fatos reais), e que me surpreendeu pois acabei gostando bastante. Com certeza recomendo para vocês, para quem gosta de livros que misturem ficção e realidade. Estou ansioso pelo volume dois, intitulado "Desafiando a Morte", em breve retorno para falar sobre ele com vocês.
Até a próxima semana, pessoal!!!
QUOTES
"-Você é um tolo! Lord Marldon não pode protegê-lo agora.
- Meu senhor sempre disse que um homem não tem nada a temer se for inocente."
"Pense! – ele sussurrou com urgência. – Pense no que seu pai lhe ensinou!
Ele era um soldado, pelo amor de Deus! – Lord Marldon ensinou seu pai, seu pai deve ter lhe ensinado! Pense no Privilégio!"
"– Então é por isso que você está aqui. Para lutar por seu rei."
Resenhista: Júlio César.
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