Nu e As 1001 Nuccias 31/03/2016Resenha do Blog As 1001 NucciasÀs vezes quando nos apaixonamos e somos ludibriados de várias formas diferentes, temos uma tendência a duvidar de nós mesmos, a acharmos que nós estamos errados. E também pode ser bem difícil compreender que o erro talvez não seja nosso. Talvez, algumas pessoas sejam assim, não sabem se entregar num relacionamento, não conseguem ver o mal que escolhem fazer. São pessoas (sim, porque convenhamos tem muita mulher que age assim também) que se acham o último biscoito do pacote de alguém que está morrendo de fome. São uns trastes.
Esse é o tipo de coisa que acontece com Valerie (também chamada de Vale). Nossa história começa quando o cara com quem Vale estava namorando desapareceu sem dar notícias. Até ela o encontrar na rua, saindo com outra. E quando ela o confronta, ele simplesmente a manda passear. Enquanto está em casa, na fossa com os amigos, descobre que eles a apelidaram de "Ímã de Traste", por sentir atração por estes tipinhos que ela acha que pode mudar, fazendo-os serem homens melhores.
Obviamente receber um apelido desses dos seus melhores amigos, auto-proclamados 'O Quarteto', não é agradável. Vale fica muito chateada, mas ao analisar todos os tipos com quem já teve um relacionamento percebe que seus amigos tem muita razão. Aí, ela tenta se livrar desse karma indo atrás de terapia. Enquanto isso, ela esbarra com um dos seus Trastes numa cafeteria, e passa por uma avaliação no trabalho que pode levá-la a uma belíssima promoção.
Os novos problemas começam quando o seu trabalho e sua vida pessoal se misturam: o vocalista da banda, Romeu, que ela tem de promover e lançar no mercado, sente-se atraído pela Vale e eles acabam saindo juntos algumas vezes. Mas ele é um cara ciumento e, porque não admitir, um bocado infantil. Ainda por cima, seu grande amigo Rico enfrenta uma batalha do trabalho: um de seus pacientes tem leucemia e ele se sente conectado com a criança.
Aos poucos, Valerie descobre que misturar trabalho e relacionamento é furada. Descobre também nutre um sentimento profundo pelo garotinho doente. Mas demora pacas pra descobrir que sente algo ainda mais profundo por seu amigo. E as confusões e brigas com o 'quarteto' e seus antigos Trastes são inúmeras.
A protagonista, Valerie, trabalha em uma gravadora e está passando por uma situação que pode levá-la a ser promovida a Produtora Musical. É uma mulher de fibra, de coração imenso, apaixonada por música e pelos amigos, mas tem tendências a sair com homens que, mais cedo ou mais tarde, vão passar por cima dela. No entanto, ela também aprende a ser firme e impor sua presença no trabalho e, mesmo demorando um pouco, consegue enxergar seu futuro e lutar por ele.
Os demais personagens são bem definidos, com fortes características. Seus amigos são como todos os nossos: alegres, divertidos, desconfiados, atolados em trabalho, inventivos e apoiadores, cheios de defeitos, mas amam a Vale e fazem questão de dizer e ajudá-la sempre que podem. Ricardo, ou Rico, é o único homem do quarteto de amigos, o melhor amigo de Vale, aquele que sabe exatamente o chocolate que ela necessita e na hora certinha. Seria ele um traste como os outros? Os trastes apresentados são tudo aquilo que amamos odiamos num cara. Quantas vezes eu não passei por situações parecidas? Aprender... Aprendi, mas quem disse que evito?
Sobre a parte técnica: a capa da primeira edição é belíssima e tem o jeitão da Valerie. Traz uma moça (que descobri recentemente ser a própria autora!!!) de batom rosa com boina ou boné preto encobrindo parte do rosto. O título é em branco e rosa, tendo a palavra 'traste' mais destaque em tamanho e fonte diferenciada. Já a capa da segunda edição (divulgada pela autora) é mais divertida, dando o tom real de chick-lit, e combinando bem com o livro: de fundo cinza e branco, temos no canto esquerdo 3 rapazes que parecem ser arrastados até um ímã vermelho gigantesco ligado ao vestido, também vermelho, da moça representando a protagonista.
Eu tenho em mãos apenas a primeira edição, pois a segunda ainda nem foi lançada. Então vamos avaliar a parte interna apenas dela. A diagramação de 'Ímã' é linda! Todas as páginas do livro possuem uma marca d'água em tom cinza claro embelezando o livro com notas musicais de diferentes tamanhos.
Além disso, quando havia troca de mensagens entre os personagens pelo celular, a editora caprichou e colocou os balões de diálogos condizentes. Isso foi muito bacana. Porém...
A revisão da editora precisa melhorar na parte de pontuação, principalmente. Não é irritante, nem chato, pois dá pra ler o livro bem.
Aconteceram uns outros detalhes estranhos, como por exemplo, alguns capítulos iniciarem na página esquerda (quando o comum é sempre na direita) e formatação de texto de flash-back ou ponto de vista de outro personagem em negrito e itálico (quando o comum é apenas itálico - e isso foi uma coisa que aprendi com minha editora. Na qualidade de autora iniciante, nem eu sabia que negrito não é usado. A explicação que me foi dada é que negrito em um livro afasta o leitor).
De resto, um livro lindo e bem feito.
Tá, e o que você achou do livro? Diz de uma vez! Calma, cocada, a opinião final já vai:
Eu estou entrando no mundo dos chick-lits aos poucos. Desde meados de 2015 que venho conhecendo melhor alguns livros desse gênero, pois antes nunca fui muito chegada e os estrangeiros que li achei os enredos um tanto forçados (com exceção de um único, Marsha Mellow e eu, que é a coisa mais hilária da face da Terra!!). O que tenho a dizer dos nacionais desse gênero que li até o momento é: eles têm me conquistado com louvor!
Nota-se que Ímã é uma obra que recebeu cuidado da autora. Que foi escrita com o coração na mão, pensando em formas de ajudar as mocinhas que, como eu, são viciadas em cafajestes, especialmente a não temerem as consequências de sair com um desses, nem se sentirem desvalorizadas por isso. O negócio é aproveitar o cafajeste, sem manter um vínculo - fácil, certo? #SQN. O livro ajuda também a nos lembrar que podemos não estar vendo quem efetivamente nos ama (vou manter olhos bem abertos agora).
Vale nos ensina a amar música, a focar nosso trabalho na direção certa, a lutar pelo e por quem amamos sem passar por cima de ninguém, nem ferir corações a torto e a direito. Outra lição importante é que comunicação é a base de tudo, gente! Mantenham-se às claras e tudo melhora!
Quando vocês forem abrir o livro, porque é óbvio que vocês vão ler, lembrem-se destas palavras: não há traste que não mereça uma chance, mesmo que seja uma chance de esfregar na cara dele a felicidade em que você está. ;)
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