regifreitas 14/02/2021
AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA (Las venas abiertas de America Latina, 1971), de Eduardo Galeano; prefácio Isabel Allende; tradução Galeno de Freitas.
"[...] o subdesenvolvimento latino-americano é uma consequência do desenvolvimento alheio, que nós, latino-americanos, somos pobres porque é rico o solo que pisamos e que os lugares privilegiados pela natureza têm sido malditos pela história" (p.287).
Essa passagem do clássico de Eduardo Galeano praticamente resume esta obra. Nela, o escritor e jornalista uruguaio busca resgatar a história da América Latina a partir da visão dos colonizados, o impacto que a chegada dos europeus acabou provocando nas civilizações que aqui viviam - muitas delas com um nível de desenvolvimento surpreendente -, mas que foram sendo paulatinamente subjugadas e dizimadas pela ambição do colonizador.
Os latino-americanos tiveram a “má sorte” de possuírem um solo riquíssimo, cuja exploração, em todas as suas formas imagináveis, levou-o até quase à exaustão. Primeiro a prata, depois o ouro, posteriormente o açúcar e outros produtos agrícolas, culminando com a dilapidação do subsolo, são retratados na primeira parte do livro. Na segunda, o autor se debruça sobre a espoliação contemporânea, advinda da estrutura perversa do capitalismo, que empobrece cada vez mais os mais pobres, enquanto enriquece ainda mais os mais ricos, gerando uma das regiões com maior desigualdade social do globo.
Lido a primeira vez há exatos vinte anos, a obra se manteve relevante, muito embora tenha ficado desatualizada em muitos pontos. Desde o início dos anos 1970, quando da sua primeira publicação, o mundo e as relações políticas e econômicas entre os países mudaram bastante. Muito embora os povos da América Latina continuem pobres e explorados.
Apesar dessa defasagem, é um trabalho essencial!
Primeira leitura: concluída em 8/2/2001.
Releitura: concluída em 8/2/2021.