Paraíso dos Livros 18/10/2022
Gyo • Junji Ito
O casal Kaori e Tadashi estão passando as férias na ilha de Okinawa, no sul do Japão, e durante um mergulho após um susto com tubarões, Tadashi retorna ao barco onde Kaori está aparentemente passando mal por conta do cheiro da Maresia. Porém ao voltarem a sua locação, Kaori continua sentido um forte cheiro ruim, que só piora a medida que a noite passa. Logo, o casal descobre que o cheiro vem de um estranho peixe com pernas mecânicas que estava escondido no local. Tudo vira um verdadeiro pesadelo, quando outros seres marítimos também aparecem com as pernas mecânicas, promovendo o caos a toda população da ilha e mais tarde por todo o Japão.
A Kaori é uma garota muito sensível a cheiros, e isso faz, ela ser grosseira com seu namorado, sendo algo bem irritante de ler no início da história. Por outro lado, apesar do jeito autoritário da moça, Tadashi faz o possível para que ela se sentir melhor, tentando resolver todos os incidentes que vão surgindo. Porém, a medida que os fatos acontecem, fica claro que a situação só piora e não há como fugir.
A história ganha um tom ainda mais sombrio, quando é revelado que o cheiro (citado por diversas vezes como cheiro da morte) tem relação com uma bactéria que faz seu hospedeiro expelir o gás fedorento sem controle e as pernas mecânicas foram criadas durante a Segunda Guerra Mundial, pelo exército Imperial Japonês que tentou usar a bactéria localizada como uma arma biológica que unia hospedeiro a máquina. Porém, sendo este um projeto ultra-secreto e fracassado, tudo indicava que ficaria afundado e enterrado para sempre no mar, porém algo alterou esse fato possibilitando o terror nos tempos atuais.
Apesar de Gyo significar peixe em japonês e ser claramente o elemento principal, Junji Ito dá seu toque especial gerando situações inimagináveis que se agravam a cada virada de página tornando a leitura fluída e viciante. A epidemia que tem início com os peixes, destrói seus hospedeiros, logo contaminado outros seres e também os humanos. Assim, a aflição, a sensação de pânico, que o mundo está acabado se intensifica, numa zona de caos e horror.
Com um final em aberto, o mangá termina em um momento significativo gerando reflexões sobre como tudo chegou a esse ponto e com a dúvida no ar: Será que se alguns fatores fossem alterados, as coisas poderiam ser diferentes? Enfim, Junji Ito deixa essas conclusões para a imaginação do leitor.
O quadrinho também contém dois contos curtos:
• A Trágica História do Pilar Principal
• O Mistério da Falha de Amigarra
Que são igualmente impactantes como a narrativa principal.