O uruguaio

O uruguaio Copi




Resenhas - O Uruguaio


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Gustavo Rafhael 27/12/2020

Copi - O início e o fim
Nesse livro o leitor irá encontrar a primeira e a ultima obra escritas pelo escritor, ator, dramaturgo e cartunista argentino Copi, sendo elas: O uruguaio e A internacional Argentina.
O uruguaio é um relato em forma de carta onde o remetente (que leva o nome de Copi) relata a um interlocutor (que ele chama de mestre) em um fluxo de pensamento a situação do Uruguai ao ser atingido por um tsunami de areia que encobre praticamente todo o país e dessa tragédia ele é o provável único sobrevivente. Mas mais adiante o país começa a reaparecer e também pessoas vão recobrando a consciência, porém nada é igual a antes.
O mais interessante é a forma da escrita em um único parágrafo, onde o leitor anseia por chegar ao desfecho enquanto tenta entender o que está acontecendo.
A internacional Argentina tem como protagonista Dario Copi, poeta argentino radicado em Paris, que é encontrado por um negro milionário e levado ao seio de uma sociedade secreta que tem por ideal financiar e levar Copi de volta a seu país natal, alçando-o a presidente da república.

Graças ao teatro eu já havia tido contato com algumas obras dramatúrgicas de Copi, inclusive minha primeira peça foi Uma visita inoportuna, de sua autoria.
Lendo O uruguaio e A internacional Argentina é perceptível toda a velocidade dos fatos narrados, o sarcasmo, os acontecimentos que fogem muitas vezes à realidade... Tudo isso são características que o autor emprega também em suas outras obras.

Copi ainda é pouco conhecido no Brasil. Contudo vale muito a pena a leitura de seus textos. E nesse ponto o posfácio do livro é muito interessante por contar um pouco da história do autor e falar mesmo que brevemente sobre suas obras.
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jota 19/01/2020

Exilados em Paris...
Neste volume temos duas histórias do argentino Copi (1939-1987), cujo verdadeiro nome era Raúl Natalio Roque Damonte Botano: a primeira que escreveu, publicada em 1972, O uruguaio, e a última, A Internacional Argentina, de 1988. Dessas duas novelas O Uruguaio é a mais curta e provavelmente seu texto mais conhecido mundo afora.

O Uruguaio foi escrito como se fosse uma longa carta endereçada a um Mestre, num parágrafo único e alucinado. Lá pelas tantas me pareceu que esse texto dialoga muito bem com duas obras de nosso Campos de Carvalho, A Lua Vem da Ásia e O Púcaro Búlgaro, pois como elas, é pleno de inventividade e nonsense, quer dizer, é surrealista ao extremo. Trata do desaparecimento, soterrado pela areia da praia e depois, do ressurgimento do país vizinho, redesenhado por Copi. Verdade que tanta criatividade cansa um pouco e mal comparando, o brasileiro parece se sair melhor do que Copi na empreitada de fazer o leitor rir um pouco...

A Internacional Argentina traz uma narrativa mais longa, mais realista, mas também com certo humor e suspense. Trata de uma associação baseada em Paris que visa promover a eleição de Copi, poeta e narrador, para presidente da Argentina. O chefe da Internacional Argentina é um tal Nicanor Sigampa, negro milionário que tem como um de seus planos a imigração maciça de negros para o país portenho. Sigampa distribui dinheiro generosamente e promove festas inesquecíveis, lambuzadas com doce de leite. A imaginação de Copi também vai longe nessa novela. Veja esse trecho (que trata de uma festa para embaixadores):

“O embaixador Zivago (primo do outro, ao que parece) nos assegurou que era tradição entre os embaixadores com posto em Paris (e isso desde o Império) adotar como bicho de estimação um exemplar de um animal entre os mais representativos de seu país; por isso possuía um urso, nosso embaixador um puma, o do Marrocos um camelo, e o dos Estados Unidos um búfalo. Quem mais incomodava, nas tais festinhas para animais, era o embaixador da Índia, que vinha com seu elefante, e o mais perigoso, o do Brasil, com sua anaconda pronta para devorar a mascote de um país vizinho.”

A Internacional Argentina tem personagens curiosos e trechos engraçados como o citado, mas O Uruguaio chama mais a atenção do leitor porque as coisas vão acontecendo freneticamente e o texto exige que sua leitura seja praticamente feita de uma só vez. Pois envolve o leitor nos [loucos] acontecimentos narrados por Copi de tal forma que é desejável não abandonar o livro nem por um minuto.

Lido entre 15 e 18/01/2020. Minha avaliação: 3,7.
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