PorEssasPáginas 08/06/2015
Resenha: Inverso - Por Essas Páginas
Tem algum tempo que a nossa querida Cuca, a Karen, nos mandou uma prova de seu mais novo livro para que pudéssemos dar nossa opinião. Na verdade, foi um presente e um privilégio muito grande em ler em primeira mão e agora podemos compartilhar isso com vocês! Minha parte no texto está em azul, da Lany está em rosa e da Drika em verde.
A primeira impressão que tive ao ler Inverso foi de “Alice através do Espelho” mais macabro. Tudo bem, não é para tanto, e a história também não tem nada a ver com a mencionada acima. Não tem uma explicação totalmente lógica, mas foi a impressão que me deu.
Megan é uma jovem que perdeu a mãe para o câncer. Como seu pai e sua irmã, ela tenta se recuperar aos poucos e a família decide se mudar. Ao arrumar alguns pertences, Megan encontra o diário da mãe e o guarda. Nãããão! Sou curiosa demais! Eu leria tudo na mesma hora! Quando questiona sobre o futuro do espelho no quarto da mãe, o pai é incisivo em dizer que o espelho não vai com a mudança. Megan estranha e, quando está sozinha em casa, ela se olha no espelho atentamente. Mas não é a imagem dela que vê, pelo menos não como ela é, acima do peso e com os cabelos tingidos: ela é uma versão mais magra e loira de Megan, com um visual totalmente diferente em relação a roupas.
Sem entender nada, ela fecha os olhos, mas ao abri-los, a imagem permanece… Megan não entende nada, especialmente quando esbarra em sua irmã Mina e ela a repreende. Quando Megan surpreendetemente dá uma resposta grosseira e vai para o quarto, sua mãe aparece para repreendê-la de novo sobre como tratou a irmã. Isso mesmo, ninguém menos que sua mãe! Porém, a mãe a chama de Megami e não parece nada feliz com a filha e vice-versa. O que aconteceu para que a mãe estivesse ali? E por que ela chamou sua filha de Megami?
Sabem aquele ditado que diz “cuidado com o que pede”? Aos poucos, vamos entendendo o que aconteceu com Megan e como ela consegue ‘interagir” através de Megami nesse mundo inverso do espelho. Megan se dá conta de que não gosta muito de como Megami é e o mundo em que ela vive, mas tem a oportunidade de conviver mais com a mãe, algo que Megami estranhamente não aceitava.
A história é rica em mistério e tem um quê sobrenatural, típico da Karen. Afinal de contas, qual foi a última vez que você conseguiu atravessar seu espelho e visitar o universo paralelo? (Karen, não se atreva a matar o gato!) (Se o gato morrer, terá guerra!!!). Além disso, também se trata de um típico YA onde encontramos todas as dúvidas e dilemas sobre decisões a serem tomadas em uma fase em que não sabemos o que queremos ser da vida – e é uma época de muita pressão. Megan é um exemplo claro de uma adolescente questionando o mundo! (E, aqui, me sinto tentada a fazer uma análise literária do livro! hahaha)
Eu gostei muito do tema central do livro, porque como a Lucy disse, ele toca em algo que é comum para todo mundo durante a adolescência: nós temos que fazer escolhas. E a Megan está em uma situação mais complicada ainda… Por causa do que aconteceu com a mãe dela, ela se encontra ainda mais abalada psicologicamente. Porém o que é interessante é que o mundo do “espelho” é exatamente aquele mundo do “E se…”. “E se eu tivesse feito escolhas diferentes durante a minha vida?”. Como Dumbledore mesmo disse (aliás, Inverso tem várias referências a outros livros que eu amo) (também adorei as referências) (eu também!), são as nossas escolhas, mais do que as nossas qualidades, que revelam quem realmente somos. É interessante como Megan e Megami são completamente diferentes, mas ao mesmo tempo, se completam. Imagine só se você tivesse uma irmã gêmea (ou irmão gêmeo) do mal: é mais ou menos nessa situação que Megan se encontra.
O livro é em terceira pessoa, algo diferente do que vimos em Alameda dos Pesadelos. Gostei da narrativa, mas senti falta dela em primeira pessoa. Por algum motivo, achei que talvez pudesse entender melhor os sentimentos de Megan se ela fosse a narradora. Por outro lado, com uma narrativa em terceira pessoa, conseguimos acompanhar a história de forma simples e clara, não prejudicando a leitura em momento algum – mesmo porque, se fosse em primeira pessoa, provavelmente acabaria entregando muitas respostas logo de cara e o legal é ir desvendando aos poucos. Eu, por outro lado, gosto de histórias que trazem mistérios narradas em terceira pessoa, porque nós, leitores, é que enchemos o personagem de sentimentos. Acho que atiça mais nossa criatividade e imaginação!
Além de Megan e Megami, contamos com a presença fofa de Mina e sua gata, Alanis (adorei!), o pai de Megan e seu melhor amigo, Daniel. Megami, inclusive, mostra sua face mais cruel para Megan usando Daniel para atingir Megan. Todos os personagens muito bem escritos, mas eu fiquei com uma pulga atrás da orelha sobre a participação de Daniel no mundo de Megami, uma vez que ele não parece tão diferente do Daniel do mundo de Megan. Mas enfim, talvez tenha diferença apenas no comportamento de Megan/Megami e isso não afeta Daniel. Será que teremos respostas no segundo livro? (SIM! Será uma duologia!). Eu também fiquei muito curiosa sobre o Daniel porque até a Mina que é uma fofa no “mundo real” é completamente diferente no mundo no espelho. Porém o mistério que mais me intriga mesmo é o da mãe de Megan! Olha aí, somos três leitoras diferentes com visões diferentes. rsrs Tô super intrigada pra entender o pai de Megan/Megami! E realmente a Mina é fofa de um lado e tive vontade de esganá-la do outro!
Mas bem, comentando sobre o final e o próximo livro, o único motivo de eu não ter dado cinco estrelas é que pelo ritmo do enredo eu esperava um final mais impactante. Aconteceram coisas que me deixaram extremamente curiosa e querendo que eu tivesse logo Reverso na mão para poder ler. Concordo! Mas, analisando somente Inverso, eu fiquei com aquela sensação de que ficou faltando alguma coisa… Verdade! O livro todo estava em um ritmo muito frenético, então o clímax no final ficou um pouco diluído e logo depois o livro acabou. Talvez seja porque eu realmente estava muito envolvida com esse universo e não queria que o livro acabasse…
O livro, inclusive, é muito diferente de Alameda dos Pesadelos, que tem um tom mais sombrio desde o início. Inverso, embora tenha partes que deem um certo arrepio, consegue ser mais dinâmico e simples, e a leitura flui rapidamente e quando chega o final… Caramba, cadê a continuação?
Acho que Karen escreve muito bem fantasia. Adoro seu estilo! Me prende! Me faz querer mais! Mas fiquei com a mesma sensação em relação à dinâmica e ao final repentino. Gostaria muito que ela tivesse desenvolvido muito mais a história em Inverso e nos trouxesse ainda mais coisas fantásticas no próximo livro!
Aliás, em alguns momentos me pareceu que em um piscar de olhos (literalmente) eu estava em um outro momento da história. Provavelmente, senti isso por causa da rápida dinâmica da história. Mas, gostaria de mais acontecimentos, de mais idas e vindas entre os mundos, de mais, mais, mais!!!!
Inverso é aquele livro que você não consegue parar de ler exatamente por causa da dinâmica da narrativa. Não existe um capítulo que estava ali “só por estar”: todos eles fazem com que o enredo se movimentasse. E é claro, como eu amo romance, eu tenho que comentar sobre ele. Eu adorei como o romance foi desenvolvido (sim, foi FOFO!) e a utilização dele durante a interação entre Megan e Megami.
Será que recomendo? Claro que sim! Leiam, leiam, leiaaam tenho certeza que vocês não vão se arrepender, principalmente pela criatividade do enredo, que sai completamente da “receita de bolo” que estamos tão acostumados a encontrar ultimamente. Recomendo pelo tema, pelo enredo, pela escrita… e até mesmo pela vontade louca que vai dar de ler a continuação!
site: http://poressaspaginas.com/resenha-tripla-inverso