Robson (Bob) 07/02/2021
Maravilhoso - Mas posso estar sendo parcial...
Desde a adolescência o tema militar, especialmente campanhas e batalhas históricas, desperta-me interesse. Sobretudo o assunto Segunda Guerra Mundial. Contudo, embora sempre tenha sido um profundo fã de batalhas de eras antigas/clássicas, medievais e Segunda Guerra, não fui, por muito tempo, tão aficionado por batalhas modernas, ou da época dos mosquetes e cavalos, e, ainda, da Primeira Guerra Mundial.
Ao longo dos anos tal gosto foi sendo modificado. Primeira Guerra Mundial passou a interessar-me mais, depois guerras modernas (pós Guerra da Coreia), e, por fim, época dos mosquetes e cavalos... especialmente Guerras Napoleônicas.
E um dos grandes responsáveis por tal mudança foi justamente o autor dessa obra, Bernard Cornwell.
É fácil verificar, pelo meu histórico de leituras/estante aqui do Skoob, que sou um grande fã desse escritor. Entretanto, como muitos dos outros fãs dele, sempre mais consciente de seu lado como novelista. Embora a maioria de nós saiba que ele é um Historiador por formação, o que torna seus romances tão bons, dado à acuidade histórica com que escreve.
Depois de ter lido tudo o que podia dele, decidi aventurar-me em Sharpe, um de seus mais famosos personagens, um soldado inglês que luta na Índia e nas Guerras Napoleônicas... E apesar de minha resistência inicial... que histórias fantásticas essas escritas sobre esse personagem e seu grupo. Apaixonei-me tanto quanto havia pelas histórias de Uhtred ou mesmo pela trilogia Crônicas de Artur (que, por sinal, é a obra que mais gosto dele).
Tal interesse desperto fez-me ir atrás da série televisiva que, apesar de suas claras limitações, também curti muito. Depois acabei conhecendo Black Powder, um dos miniature wargames que mais curto. E tudo isso foi fazendo meu interesse pelo período aumentar mais e mais.
Esse livro, então, comprei há cerca de 3 ou 4 anos e, mesmo assim, jamais o peguei realmente para ler. Até que enfim, após assistir ao filme Waterloo, de 1970, com Christopher Plummer, falecido nessa semana, no papel de Duque de Wellington, resolvi acabar com essa vergonha em minha vida literária e, enfim, devorá-lo.
O filme é muito característico desse tipo. Um relato leve sobre os eventos, carregado de excertos de declarações dos sobreviventes, cartas dos soldados e civis, transcrições de documentos oficiais, etc. Tudo, é claro, relativizado com os comentários do autor, tentando trazer a declaração para algo mais condizente com o que se tem aceito como fato, e não mera suposição ou excesso.
Cornwell descreve uma das maiores batalhas da História com maestria, utilizando-se do dinamismo pelo qual é conhecido. Apesar de muitos dados, não são dados de forma cansativa. Não vai ter parágrafos e mais parágrafos de apenas dados estatísticos.
Da mesma forma, apesar de inglês, e, embora seja claro que seja um fã/admirador de Wellington (acredito que não há como não ser), ele não desmerece Napoleão ou seus marechais, embora não deixe de apontar as falhas desses, e faz para todos os três exércitos envolvidos na batalha.
O autor, mais uma vez, consegue não transportar, por meio de sua narrativa, não apenas ao local, mas ao momento histórico da batalha. Sua marca registrada, como todo fã bem sabe, é a habilidade com que descreve batalhas, e essa obre não fica nem um pouco atrás. Aliás, fato de ser o tema principal faz com que consiga descrever ainda melhor.
Embora Cornwell faça conjecturas ao final, destacando a discussão história sobre quem e porquê venceu a batalha, não deixa de apontar o que é também admitido, e a razão de achar que essa ou aquela teoria não são tão corretar sob seu olhar.
Enfim, o livro é excelente, bem escrito, bem organizado, e com as características de um bom Cornwell, mesmo não sendo um romance, e sim um relato histórico. Já tivemos breve relatos desses ao fim de cada um de seus livros, em que faz uma nota história sobre a principal batalha descrita nos romances, e quais alterações fez para o bem de suas tramas. Mas aqui vê-se realmente o Cornwell Historiador.
Por derradeiro, uma nota de lamento por Wellington ter sido esquecido nas páginas da História. Não apenas isso. Nas poucas vezes em que é lembrado, é tido como mero general de tática defensiva, o que não fazia qualquer justiça à sua carreira militar.
Desde que comecei a ler Sharpe, e passei a fazer pesquisar sobre esse General, a admiração apenas cresceu e, ainda assim, é visto como alguém menor por muita gente. Claro que Napoleão era o gênio daquele tempo. Mas Logo atrás com certeza vinha "O Duque de Ferro".
Suas maiores batalhas, além de Waterloo, como Salamanca e Assaye (essa última da qual tinha grande orgulho, e que sempre dizia que tinha sido sua melhor batalha), demonstram melhor sua capacidade tática. E qualquer um que, com exército muito inferior ao do inimigo em termos de número, como geralmente era sua situação, lutaria a maior parte de suas batalhas defensivamente também.
De qualquer forma. Se você curte história militar, ou Bernard Cornwell, ou, ainda, tem interesse sobre Waterloo, recomendo esse livro com toda certeza (e o filme acima mencionado, de 1970).