Relatório ao Greco

Relatório ao Greco Nikos Kazantzakis




Resenhas - Relatório ao Greco


1 encontrados | exibindo 1 a 1


Glauber 19/10/2022

Uma joia
Esse foi meu livro de cabeceira por 2 anos. Conclui ontem.

Trata-se de uma espécie de autobiografia do autor. E esse cara é o meu autor favorito de sempre. Sua linguagem e as imagens que evoca me atingem a cada frase. Por isso, leio devagar.

No livro, o autor se torna um personagem típico de suas narrativas, ousado diante do abismo. Acompanhamos sua vida desde a juventude, com todas as descobertas, angústias e transições.

Nessa reelaboração de sua vida, o autor coloca como meta uma "subida" ao limite do homem, e, nesse percurso, segue na companhia de grandes personalidades da história da humanidade: Jesus Cristo, Buda, Francisco de Assis, Lenin, Bergson, além dos ficcionais Zorba e Odisseu.

Assim como todos essas figuras representaram uma transcendência do homem para com seu próprio contexto, o autor traça sua jornada carnal e espiritual pelo mundo, passando por vários países, até se reencontrar em sua própria terra, Creta, na Grécia.

O título do livro se explica pelo fato da autobiografia assumir a forma de um relatório, uma prestação de contas da sua vida, e tal testemunho é endereçado ao pintor El Greco, muito admirado pelo autor, por sua originalidade e ousadia artística, que o leva a uma liberdade tão almejada pelo autor. A escolha do pintor se dá também por ele encorporar para Nikos um representante de sua terra natal que melhor entenderia sua trajetória em busca do entendimento de si mesmo.

Por ter vivido em sua terra natal sitiada pelos turcos, a "liberdade" se torna um tema recorrente em seus livros, mas, como todos os temas tratados por ele, recebe um sentido ao mesmo tempo material e imaterial.

A escrita do autor é de coração aberto, com todos os sentimentos e ideias à mostra, por meio de uma sinceridade de quem escreve perto da despedida da vida.

E aqui tudo ganha ainda mais profundidade, pois todas as dicotomias, vida e morte, alegria e tristeza, chegada e adeus, tentam se conciliar, em um constante conflito, que dá forma ao "destino", ao estilo grego, na sua grande jornada, que se confunde com sua primorosa, e tão humana, obra literária.
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR