Dois perdidos numa noite suja

Dois perdidos numa noite suja Plínio Marcos




Resenhas - Dois Perdidos Numa Noite Suja


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Larissa 20/01/2024

Foi o primeiro livro do Plínio Marcos que li e gostei de conhecer o autor e saber mais sobre o teatro político produzido na década de 1960.
Plínio Marcos consegue fazer o leitor sentir à flor da pele os conflitos vividos por Tonho e Paco. A linguagem crua e marginal mostra as duas personagens presas em um ciclo de exploração, violência e desesperança. Uma das coisas mais angustiantes pra mim foi ver o quanto Tonho e Paco eram parecidos, viviam na mesma situação de miséria, mas mesmo assim foram socializados para nunca se apoiarem. É dolorido saber que em um sistema diferente, com oportunidades dignas, Tonho e Paco poderiam ter um destino diferente. Poderiam ser músicos, usar o sapato que bem entendessem e talvez até serem amigos.
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Naraasth 10/12/2023

Dois perdidos numa noite suja
?Dois perdidos numa noite suja? é uma peça escrita por Plínio Marcos e publicada em 1966. Ela conta a história de dois personagens, Tonho e Paco, que dividem um quarto e são bem pobres, usando roupas velhas e rasgadas e, Tonho, com um sapato furado e desgastado. A peça conta os conflitos entre eles e a tentativa de Tonho de sair dessa situação.
Eu achei super interessante como a peça tem apenas 2 personagens e um só ambiente e consegue contar tanta coisa. Nós conseguimos entender muito do universo deles só pelos diálogos, mas isso também traz a possibilidade de estarmos ouvindo mentiras sobre o universo porque não há como comprovar. Muitas coisas ditas, principalmente pelo Paco, te fazem questionar se é aquilo mesmo ou se ele só é muito bom em enganar o Tonho.
Gostei muito dessa peça porque ela nos faz exercer o senso crítico de questionar o que nos é apresentado e também porque critica muito bem a corrupção que podemos sofrer quando sentimos que temos algum poder sobre outras pessoas, como acontece em várias situações da peça. É um texto curto e que vale super à pena ler!
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Marco 07/05/2023

Em 50 anos nada mudou
Se atualizarmos as girias e trocar os sapatos por um celular, qualquer um dirá que Dois Perdidos foi escrito ontem. Triste perceber como a realidade para os mais pobres e vulneráveis muda tão pouco comparada a tanta coisa que muda tão rápido. A vulnerabilidade social faz parte do nosso dia a dia e está tão naturalizada como uma vez foi a escravidão. Obra excelente de Plínio Marcos.
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legarcia 23/08/2022

A marginalidade crua
?Dois perdidos numa noite suja? foi uma obra cuja leitura permitiu-me refletir e focar o meu olhar sob uma situação a qual é, infelizmente, muito presente em nossa sociedade brasileira.

A peça acontece por meio de uma progressão de intesidade. Essa técnica mostra-se muito valoroza para a composição de um efeito impactante ao público, uma vez que, à medida que os atos vão se desenvolvendo, somos apresentados a novas informações as quais colaboram para uma compreensão mais intensa da história.

Esse texto expõe a vida de dois homens condenados à miséria e à desesperança: Paco, um músico falido, e Tonho, que veio do interior para tentar a vida. Ambos compartilham um quarto de pensão.

A leitura dos trechos de Tonho foi muito dolorosa para mim, pois este demonstra ao longo da peça um anseio de mudança, de não conformidade com sua atual condição, porém é subjugado a elas. É angustiante perceber como o homem deposita nos sapatos o fundamento de sua oportunidade de ascensão.

Se em Tonho não é perceptível uma índole naturalmente maldosa, em Paco ela é exposta de uma forma brutal. Ele é o responsável por arquitetar o assalto e ainda exibi seu plano de cometer outras atrocidades.

A peça retrata condições as quais precisam ser postas á vista das pessoas, a fim de que reflitam sobre essa problemática tão arraigada em nosso país e sobre nossa responsabilidade como sociedade perante a esses cidadãos margilalozados.

Por fim, a leitura dessa obra foi muito impactante e enriquecedora para mim, posto que, ao entrar em contato com essa realidade, tornei-me mais atenta a essa situação e mais empática.


23/08/2022
luh lantsov 24/08/2022minha estante
amei!! resenha muito completa e bem feita ??


legarcia 29/08/2022minha estante
Obrigada!




giovanna 05/07/2022

"Cada um por si e que se dane o resto"
Minha primeira obra do Plínio Marcos lida na íntegra, e eu curti bastante a escrita e os temas abordados, assim como adorei como ele explora as nuances dos personagens e suas relações.
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Vivs 𧿠08/01/2022

Miseráveis
"Cada um por si e se dane o resto. Ninguém ajuda ninguém. Se um sujeito está na merda, não encontra um camarada para lhe dar uma colher de chá.
E ainda aparece uns miseráveis para pisar na cabeça da gente. Depois, quando o cara desses se torna se torna um sujeito estrepado, todo mundo acha ruim.
Desgraça de vida."
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Tito 13/12/2012

Sobre homens e sapatos.
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Eduardo 03/11/2009

Ótimo texto (uma resenha sobre o texto - eu li o livro - e sobre a peça, a qual assisti uma montagem em Joinville/SC, das Cias. Rustico e La trama.)
A história da peça é o que eu costumo chamar de soco no estômago: à sua frente, o ser humano, debatendo-se em sua angústia, agarrando-se em fiapos de sonhos futuros bem frágeis.
Ambos são carregadores de peso no Mercado Público. Miseráveis, dividem um quarto numa espelunca. Esse é o único cenário da peça. Ficamos sabendo dos outros eventos através das conversas dos dois, todas elas são à noite alta, quando os dois voltam da lida diária. Em cena o homem e seu desespero.
A esses atos de desespero, a platéia reage muitas vezes com risos. Como se fosse engraçada a desgraça de Paco e de Tonho. Um, querendo incomodar o outro, solta tiradas irônicas para o outro: a platéia cai na risada. Se ela se colocasse no lugar do personagem, sentiria - ao invés de graça - muita dor. Desespero, solidão, angústia. Nunca compreendemos isso no coração dos outros. Só quem sente sabe.
O desespero dos dois personagens se concentra no sapato de Paco, que por isso ganha muita simbologia na peça. Paco desde que mostra seu "pisante novo" a Tonho, passa a dedicar cuidados extremos e obssessivos ao sapato. Empolga-se ao falar dele (único objeto de valor que ele possuía), a ponto de "idolatrar" o próprio sapato. Além disso, provoca Tonho, insistindo incessantemente que o companheiro de quarto tem inveja de seu calçado, já que o de Tonho é todo feio e furado. Ao mesmo tempo, Tonho insiste (também o faz incessantemente) para que Paco empreste o seu sapato a ele, nem que seja por um dia, pois acredita que basta um bom sapato para tornar-se apresentável por aí, e assim conseguir um emprego melhor (funcionário público é o seu sonho). O absurdo da situação se concentra na insistência dos dois: ambos falam muito do sapato. Tonho insiste no pedido de empréstimo. Paco insiste nos gracejos, afinal, ter o sapato e não emprestá-lo a Tonho significa impedí-lo de crescer. A sorte de Tonho significaria a tragédia de Paco, pois este ficaria para trás, totalmente só. Daí a explicação para a constante raiva de Paco e seu desejo de que Tonho só tenha infortúnios. Ele pode afundar, mas que seja agarrado a outro, a Tonho. No fundo, Paco tem medo.
Paco mostra em sua fala que se entregou à realidade: apesar de dizer que toca flauta muito bem, e que se conseguisse uma poderia se dar muito bem na vida como músico, ele ao mesmo tempo, faz pouco para mudar tudo isso: concentra todo os seus esforços em diminuir Tonho. Não quer perdê-lo. Não quer ser perdedor. Paco se entrega: quer ser criminoso. Perigoso. Temido pela crueldade. Enquanto isso, Tonho resiste o mais que pode à toda forma de pressão do mundo. Abaixa a cabeça para humilhações, vai seguindo. Vai guardando. A angústia nada mais é do que esse doloroso guardar.
Ao final da peça, os dois numa tentativa de ganhar dinheiro, cometem um assalto. O desfecho estava escrito nas ações dos dois. Paco continua a se mostrar elétrico, com sua opressão chata, com a intenção de fazer o outro sofrer para sempre ali. E Tonho louco para sumir daquele lugar, daquela vida. Mas não consegue. Numa cena final eletrizante (a peça é toda de dialógos rápidos que te fixam na poltrona) vemos que Paco consegue seu objetivo: Tonho se rende àquilo. Mas Paco não vence. Ficam as duas tragédias. Não há espaço para vitórias. O destino dos personagens se reconfigura. A peça termina e a tragédia continua. Continua dentro dos espectadores/leitores. Diante deles, estavam eles próprios: o homem. O ser humano e suas baixezas. Não é comédia, não. A desgraça alheia é a nossa desgraça.
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