Flávia Menezes 22/10/2021
Quando Eleven e Hooper ficaram presos na Caverna do Dragão!
?A Incendiária? foi o oitavo livro publicado por King, lançado em setembro de 1980, sendo a primeira história escrita por ele sob o gênero da ficção científica, muito embora o autor diga que nem tudo o que foi escrito seja apenas ficção. Afinal, como muitos filmes e seriados mostram, como é o caso de Stranger Things por exemplo, essa temática de laboratórios financiados secretamente pelo governo, onde drogas são administradas em pessoas alheias, foi e ainda é uma realidade nos Estados Unidos.
Nem sempre a ciência anda de mãos dadas com o desenvolvimento e com a visão de se construir um mundo melhor. Algumas vezes, o que acontece por trás dessas paredes, só tem ligação com a busca pelo poder. Mesmo que isso custe vidas humanas.
King foi muito corajoso em trazer questões como essa à tona, e ?A Incendiária? é uma história tão bem escrita, tão bem construída e desenvolvida, que não há como não ter a nossa atenção capturada.
Sem contar que Charlie, a protagonista da história, é uma garotinha muito carismática, e não há como não se apaixonar por ela. Assim como não há como se apaixonar por esse pai, Andy, que passa a história toda se sacrificando pela filha. É uma bela relação de amor e de sobrevivência, o que torna uma garotinha tão nova como Charlie, uma verdadeira guerreira, cheia de bravura e muita coragem. Como são todos os personagens infantis de King.
Apesar de não ser um enredo tão dinâmico quanto outras histórias do autor, ?A Incendiária? é aquela história com tantos elementos, tantas pesquisas na área da Psicologia, da Biologia, da Genética, da Química e da Física, que você realmente se sente lendo sobre uma experiência científica real.
O mergulho na Psicologia Behavorista foi fascinante, e abordou com muita verdade os experimentos baseados em estímulo-resposta, os condicionamentos, entre outros mecanismos utilizados para modificações de comportamentos desenvolvidos por Skinner e seus sucessores.
Sem falar que nessa história, o brilhantismo da escrita de King é ainda mais fascinante. Além das pesquisas para a abordagem de questões mais científicas que deixaram a história tão rica, a forma como os capítulos são construídos, com divisões que os encurtam, promovendo uma mudança mais rápida nas cenas, é impressionante.
É incrível essa forma do King de apresentar uma cena de tensão e, no instante seguinte, modificá-la para outra completamente diferente, quebrando um pouco o clima de apreensão, e promovendo um pouco mais de suspense, porém sem se prolongar demais, porque sabemos bem que excesso de suspense acaba gerando desinteresse no leitor.
Aliás, o clima de suspense e apreensão acompanha a história do seu começo ao fim, especialmente porque não fazemos ideia alguma de para onde a história irá seguir. Tudo é uma grande incógnita, e você mal consegue fechar o livro, e esperar o dia seguinte chegar para saber o que acontece em seguida. E quanto ao final? Foi surpreendente, e muito emocionante!
Confesso que fui surpreendida por ?A Incendiária?. Não esperava que esse livro fosse me surpreender tão positivamente, e me prender da maneira como me prendeu. Nem mesmo que me apaixonaria pela protagonista com tamanha facilidade, já que eu não havia gostado tanto de Carrie.
Se você é um fã de King, não deixe passar um livro incrível como esse, porque além da escrita perfeita, a história é inteligente, e realmente muito envolvente.