Dostoiévski: Correspondências (1838-1880)

Dostoiévski: Correspondências (1838-1880) Fiódor Dostoiévski
Robertson Frizero




Resenhas - Dostoiévski: correspondências 1838-1880


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none 13/06/2019

Dostoiévski por ele mesmo, sem filtros
A não ser o tradutor e a editora, evidentemente, que não comprometeram a edição, não há nesse livro filtros para analisar e categorizar Dostoievski. Claro que vale a pena ler a biografia de Joseph Frank, vale a pena ler Bakhtin, Boris Schnaiderman, Otto Maria Carpeaux e suas crônicas, estudos e resenhas sobre Dostoievski, mas nada melhor do que ler o próprio no seu tempo e espaço. O livro é dividido em três partes, 1. sua ascensão como escritor e o período de sua prisão por envolvimento em grupo que conspirava contra o czar; 2 o período do exílio no exterior e 3 o retorno como grande e renomado escritor russo. O nacionalismo de D não é chauvinista, mas é messiânico, é ortodoxo russo e tem a ver com a salvação do mundo exclusivamente pelo povo russo. Essas e outras coisas podem afastar muitos leitores. Se bem que deveriam atrair o bom leitor, o leitor atento, sem antolhos. Dostoievski era anticapitalista, ou seja usá-lo ideologicamente como conservador sem considerar que ele atacava o modo de vida Ocidental é interpretar erroneamente a opinião do autor. Dostoievski era antissocialista, ou seja, era contra as teses utópicas vigentes no seu tempo, os falanstérios de Fourier, era contra o niilismo estudantil, a violência e o materialismo, a queima de igrejas do período da Comuna de Paris (1871), a revolução francesa de um século antes. Dostoiévski era liberal à maneira russa, atacavam-no como sendo reacionário, mas sempre defendeu os pobres, sempre combateu os vícios da sociedade, é bem verdade que, além de ser piedoso também foi devasso, nesse livro de cartas não há nenhuma intriga, nenhuma amante ou menção de traição (ele teria sido traído pela primeira esposa), há constantes e obsessivos ataques merecidos ou absurdos à Turguêniev. muitas viagens e descrições de onde viveu quando foi deportado e quando partiu para o exílio. O mantra de D é a lamentação pelas dívidas, mesmo problema enfrentado pelo pai, D ajudava muitas pessoas, inclusive, dizem, a amante do irmão Mikhail, seu enteado Pacha - filho único da primeira esposa-, irmã, sobrinha, amigos, porém seu vício no jogo, a saudade da sua Rússia e a epilepsia sempre o derrubaram. Os grandes romances foram escritos durante o retorno do autor para a consagração na Rússia. Dostoiévski é admirado como escritor universal porque - como Balzac- viveu intensamente, conheceu as pessoas e sofreu e amou junto com elas.
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