As Horas Nuas

As Horas Nuas Lygia Fagundes Telles




Resenhas - As Horas Nuas


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Nina 30/01/2023

As muitas vidas, as muitas mortes
Eu sempre me surpreendo com a capacidade da Lygia em fazer do seu texto um espetáculo cheio de cortinas a serem descobertas. Começamos a ler o texto e não fazemos ideia onde iremos parar, de repente todas as peças se encaixam. Não foi fácil de ler, o fluxo de consciência, os focos narrativos entre uma atriz em decadência, uma terapeuta e um gato (!!!) não são fáceis de ler, mas com o tempo a gente vai entendendo.

Muito interessante a ligação entre esses três personagens: todos vivendo várias vidas; Rosália com seus papéis de teatro, o gato com suas diversas reencarnações e Ananta apenas absorvendo as diversas histórias dos pacientes.

A protagonista, Rosa, vai contando suas memórias e misturando-se aos delírios do álcool, da saudade, dos seus próprios papéis... Todos os pormenores apontando para sua incapacidade de viver sem mentiras. Sempre representando, sempre em busca da fonte eterna da juventude, pois seu envelhecimento e decadência são provas do seu mais profundo medo: o abandono.

No decorrer da história ela vai falando de sua versão sobre os fatos, de seu marido apático à vida após ser preso na ditadura, de sua empregada negra que só pensava em cantar para Deus, de sua filha amante de homens velhos e casados, de seu secretário e amante que lhe era como substituto do seu primeiro amor da adolescência e de sua terapeuta apática que lhe ouvia as histórias com um desinteresse clínico, assim como de seu gato, Rahul, que gostava mais do falecido marido do que dela. Rosa sentia-se não ouvida por todos, todos a abandonavam. Absortos demais em problemas provavelmente reais diante dos devaneios de uma mulher de classe média alheia a um país em decadência e ao mesmo tempo tão pertencente a este. Todos, viravam, assim, goles de fonte para se sentir jovem e ainda com sentido.

Foi muito engraçado e doido perceber tudo pelo olhar do gato, assim tbm como não sei se entendi bem o plot da terapeuta ao final e seu vizinho misterioso. Fiquei curiosa sobre o que acontecera, mas desconfio que tenha relação com o gato ?

Enfim, este foi o último romance dos 4 que li da Lygia e ela vem continuando a ser uma das minhas favoritas. Ainda estou remoendo e tentando entender tudo, mas foi uma ótima experiência.
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GiuLaganá 29/01/2023

Rahul, Rahul
Gostei muito. No início demorei para entrar na história, mas consegui superar as idas e vindas do pensamento de uma atriz e de seu gato, testemunha de vidas passadas.
A Psicologa Ananta e seu misterioso desaparecimento, que tenta ser desvendado pelo primo metido a investigador (ou interessado em sua herança?).
Miguel, Gregório e Diogo. Amores da vida de Rosa Ambrósio, que se ressente da perda dos três. O primo, o marido e o secretário aproveitador.
Rahul ganha disparado o prêmio de figura enigmática.
Um livro denso, bem escrito.
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xav 28/01/2023

A primeira dama enlouqueceu!!!!
Lygia Fagundes Telles dizia que os personagens criam força própria, montam no cavalo e seguem sua própria direção. uma vez em uma entrevista para o programa ?Roda viva? do canal cultura, usou Jean-Paul Sartre para explicar o porquê de não limitar os seus personagens, ?Sartre tinha implicância com escritores que condenavam personagens a um destino?. O personagem é vivo como nós mesmos, então o personagem necessita possuir da vontade, disse lygia. E é isso que acontece na obra! Um livro completo incompleto.

Navegamos nos devaneios de personagens perfeitos imperfeitos, presenciamos uma protagonista que está abalada por ter alcançado a meia idade, traumatizada pela vida, o que a tornou madura e ao mesmo tempo insana. Desequilibrada emocionalmente, assim como todos nós, mas com o carisma presente em sua vida. (até onde pode, claro.) Rosa rosae, sem um pingo de pudor, pois a velhice não requer pudores juvenis. Ah, Rosa Ambrósio!

O gato rahul, UM DOS MAIORES NARRADORES do livro, UM ANIMAL mais humano que muitos personagens do livro, acreditava na idéia de já ter tido outras vidas no passado (O que poderia explicar o seu comportamento tão humano).

Ananta, uma personagem intrínseca, intimista, somos impossibilitados de seguir adiante ao profundo infinito da mesma, somos impedidos de conhecermos o seu EU, fator que se torna cognoscível quando percebemos que Ananta não narra em primeira pessoa. No meio do livro, a personagem desaparece, não sabemos se foi por conta própria, se foi assassinada ou se fugiu com um homem casado. Gostaria de saber onde está Ananta, mas sei que isso estragaria a essência de seu personagem e até mesmo da obra.

Destaco Rosa rosae, claro, Rahul e Ananta, personagens essênciais para uma obra tão extraordinária como esta. ?As horas nuas? deveria ter muito mais reconhecimento. Lygia Fagundes, você é a dama da literatura brasileira!
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luizaslike 03/01/2023

Teoremas e enigmas da maior contista de todas
Lembro de ter chorado compulsivamente um domingo inteiro quando soube da morte de Lygia Fagundes Telles. Eu tinha lido apenas dois livros de sua obra mas foi o suficiente pra ela se tornar a minha escritora favorita. É a genialidade da escrita, a sagacidade, a delicadeza de utilizar o verbo. Ela utiliza a linguística, a língua portuguesa e a nobreza da literatura como ninguém. Aqui uma premissa inédita, pelo menos pra mim: um gato narrador (RAUHL), com lembranças e impressões. reencarnado. Não consigo conceber o quão genial a autora é por delimitar e adentrar tão bem em tantos personagens complexos em tão poucas páginas. Eu queria mais desse livro. Narra, sobretudo, a vida e memória de uma célebre atriz Rosa Rosae e embarca na vida de tantos que permeiam esse núcleo principal. Eu queria mais de "as horas nuas". Lygia. Eu queria saber mais o que aconteceu com Miguel e onde está Ananta! Eu queria respostas. Mas elas ficam pro imaginário mesmo... sem um desfecho. Assim como a vida: nós nunca teremos as respostas pra tantas perguntas ou desfechos para os crimes midiáticos. Termina como termina e irá terminar. É fantástico! Desse livro levo a premissa preconizada pelo Gregório. Chamar os problemas de teorema, afinal, a palavra soa melhor e tem Deus (Teo) na raiz. Obs: estou sem palavras apesar de ter utilizado muitas nessa não tão breve resenha.
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talvezthiago 28/12/2022minha estante
gostei muito da sua resenha




Ju Harue 15/07/2022

A escrita de Lygia é incrível, de uma forma bem particular, a narrativa dos acontecimentos da vida de Rosa, e daqueles que estão ao seu redor, são pontuados de ambiguidades. Momentos e personagens que se mesclam, se (co)fundem. Essa obra me lembrou muito, em um certo ponto, Evelyn Hugo, talvez por abordar uma atriz já consagrada que envelhece, que conta memórias, amores, acontecimentos - a farsa vivida no mundo de fama, muito acima das tragédias (Rosa andou para que Evelyn pudesse correr rsrsrs).
A obra mostra é antagonicamente complementar, com bem e mal, risada e dor, alegria e tristeza, juventude e velhice, característica de Lygia, mas dessa vez achei mais escancarada do que no outro romance que li - As Meninas. Literalmente desnudando a vida, nas mais íntimas Horas Nuas - principalmente na visão do outro narrador que acompanha-a em momentos íntimos.
Fiquei curiosa demais para ler na versão nova, da Companhia das Letras, com as notas.

site: https://www.instagram.com/p/CgDEjshPwXW/
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Bárbara 04/07/2022

Fluxo de consciência...
Por ser escrito em fluxo de consciência é um texto que não prende a atenção, principalmente no início.
Tive muita dificuldade pra chegar ao final, definitivamente não é o meu tipo de leitura. Porém no final das contas foi uma experiência positiva e que recomendo!
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Gislayllson 23/05/2022

Entre memórias
Lygia Fagundes Telles, neste romance, utiliza-se de Rosa Ambrósio, uma atriz de
meia idade que luta para voltar aos palcos, e de Rahul, o gato da atriz, para viajar por um mundo de memórias. Tal mundo as vezes se confunde entre o real e o fantástico. A atriz desnuda todos os seus problemas de cunho afetivo, familiar e alcóolico. O gato rememora algumas nuances da vida da dona com seus amantes, maridos e a filha. Um livro muito complexo que retrata a complexidade de ser adulto hoje em dia.
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Toni 03/03/2022

Leituras de 2022 | #LendoLygia

As horas nuas [1987]
Lygia Fagundes Telles (SP, 1923-)
Cia. das Letras, 2010, 256 p.

De tempos em tempos, a leitura ou releitura de uma obra de Lygia Fagundes Telles é, para mim, um exercício de reencontro com a excelência na escrita de ficção. “As horas nuas”, seu quarto e último romance, não foge à regra: obra de maturidade, trata-se de uma narrativa profundamente marcada pelo mergulho na psique de personagens complexas, pelo desenrolar de um tempo psicológico ora tenso ora melífluo, pela ambiguidade característica e sempre tão bem manipulada por Telles, pelos jogos de espelhos, memórias e vozes que parecem se complementar apenas para se contradizerem logo em seguida.

Rosa Ambrósio, atriz alcoólatra em decadência, e Rahul, seu gato com vislumbres de vidas passadas, são os dois grandes narradores do romance. Desnecessário dizer que, havendo um gato narrador, eu nem precisaria de outras razões para ler o livro, mas uma ideia boa em mãos menos talentosas não iria muito além de ter sido uma boa ideia. Aqui, a autora consegue articular o olhar felino (e ferino) com o ponto de vista ferido e emocionalmente falido de sua “dona”. Através dessas duas vozes, um sem número de questões e temas atravessam a narrativa, como as consequências da ditadura (o marido de Rosa é um ex-preso político torturado), as primeiras notícias do surto de HIV, as discussões sobre aborto, as crises interiores (provocados por construções sociais externas) que acompanham o envelhecimento, os direitos das mulheres…

Mas “As horas nuas” é, não se enganem, o mais ardiloso dos romances de Telles. Quando menos se espera, há uma guinada narrativa que abandona aquelas personagens até então centrais e passa a se concentrar, ironicamente, no desaparecimento de outra. Um sumiço que beira o fantástico, construído por pistas que muito pouco elucidam o que aconteceu, mas fornecem material suficiente para interpretações realistas de um Brasil feminicida, ou mais fantasiosas, para quem prefere associar arquétipos e mitos ao desnudamento de um inconsciente. Meu favorito continua sendo “As meninas”, mas sinto que cedo ou tarde este aqui me convidará para uma releitura.
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Luciana Luz 19/12/2021

As horas nuas
Último romance da escrito pela grande Lygia Fagundes Telles, é um livro digno de um gran finale! Aliás, que final tem o livro! Lygia vai nos dominando aos poucos, a cada capítulo e o arremate é quando o narrador se torna Rahul, o gato!
Pronto, Rahul já entra para o hall dos meus personagens preferidos.
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Thales 08/09/2021

Mais um bom livro da autora.

Sendo bem sincero, apesar da escrita ser sempre excelente, eu perdi um pouco do interesse pela história la pelo meio do livro. Apesar disso, os capítulos finais voltam a ser instigantes.
Os capítulos sob o ponto de vista do gato Rahul e aqueles nos quais a Rosa grava suas memórias foram os que mais gostei.

É muito legal ver elementos históricos da época enquadrados na história. Como a aids, a ditadura, a nova Constituição, etc. No caso não é uma autora falando do passado, já que o livro foi escrito na época que tudo aquilo estava acontecendo. Acho que isso dá um toque especial à história.
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Katielly 05/07/2021

As horas nuas
Eu amei essa leitura. Só me fez querer ler mais e mais os outros livros da Lygia. A escrita rápida, potente e certeira nos encanta em cada página. Nessa história, acompanhamos a vida de Rosa Ambrósio ou Rosona ou Rosa Rosae. Uma atriz e burguesa que parece não aceitar a velhice e o seu peso ? acumulação de perdas. Com isso pede a loucura: ?queria tanto enlouquecer, Diú, não morrer, mas enlouquecer?. Ela se entrega ao álcool, passa a ter muitas divagações, devaneios (e lucidez?). E, também, as memórias tomam conta de Rosona deixando-a triste, saudosa e solitária. Relembrar das suas perdas dói. Mas no fundo Rosa parece ainda ter resquícios de esperança e de vida, desejando reencontrar o amante e voltar aos palcos. Há outros personagens interessantes no livro que vale a pena citar: Ananta, a analista-misteriosa, faz a narrativa ganhar outro tom e deixa uma lacuna a ser preenchida (dizem que a chave desse mistério está num conto da escritora); Gregório, ex-marido de Rosa, era professor e foi torturado no período da ditadura no Brasil; Cordélia, sua filha tem uma relação distante com a mãe, devido as suas escolhas; Dionísia, é doméstica na casa de Rosa e têm ótimos diálogos com a personagem principal; Diogo, é o amante de Rosa e Miguel, o seu primeiro amor. E, claro, não posso deixar de falar de Rahul, um personagem-narrador surpreendente (e o melhor!) que cativa a gente. Rahul, é um ótimo observador, inventor e fantasiador (vocês precisam conhecê-looo). Enfim, o livro é genial e nos faz refletir sobre o envelhecimento, a solidão e perdas ao longo da vida.
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Marcelo217 02/05/2021

Complexo
Esse livro não é grande, já li maiores esse ano, mas, definitivamente, esse foi o que me deu mais trabalho. Precisei me adaptar a leitura e até a metade do livro não tinha opinião formada sobre e também não parecia estar entendendo.

O que temos aqui é uma eloquência muito bem escrita e de qualidade (é assim que se faz, viu ******* *********!!!). Os personagens trazidos por Lygia são reais e sensíveis. Achei os fluxos de consciências muito interessantes, o que demandou muita concentração e atenção, pois a escrita tem um ritmo rápido e a narrativa não é uniforme, nem constante.

A história pode até parecer convencional no quesito decadência da personagem Rosa com diversos elementos clichês, mas os personagens ao redor dela fazem uma alegoria muito interessante no desenvolvimento do enredo. Achei genial a consciência do gato Rahul, deu um gás e me despertou curiosidade para continuar a leitura.

No final tudo pareceu muito coeso, mesmo o paredeiro da Ananta continuar desconhecido, a história me envolveu e me cativou. Achei emocionante a descrição do amor e como as relações dos 3 amores de Rosa foram descritos. História é difícil com uma narrativa completamente não convencional, mas a leitura é muito válida.
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Nado 26/03/2021

Esse romance ficcional de uma das maiores autoras da nossa literatura, a qual temos a alegria de celebrar a sua vida e a sua presença entre nós, resume bem o estilo literário que a consagrou trazendo ao leitor os seus intensos fluxos de consciência.
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As Horas Nuas conta a história de Rosa Ambrósio, uma decadente atriz de teatro que está tentando voltar à ativa e isso está trazendo a ela várias reflexões de seu passado, presente e futuro. No decorrer da trama são mostrados os três amores da sua vida, o primo Miguel, o marido Gregório e o amante Diogo, que foi o seu último companheiro.
Mesclando os monólogos de diversos narradores com seus fluxos de consciência e com a narração em terceira pessoa, Lygia permite ao leitor se aprofundar na vida da personagem de uma maneira singular. Durante a trama também é falado um pouco sobre sua filha Cordélia, sua terapeuta Ananta e alguns personagens coadjuvantes que têm cada qual a sua importância, como é o caso da sua empregada Dionísia, que tem ótimos diálogos com a patroa.
Um dos personagens mais curiosos e interessantes da obra é o gato Rahul, que também é elevado a alcunha de narrador para contar um pouco a história de ?Rosona? sob o seu peculiar e engraçado ponto de vista. Esse gato tem tamanha personalidade que deixa claro quem são as pessoas que ele mais gosta. Um dos momentos mais marcantes da leitura é você ler vários parágrafos e passagens e descobrir que tudo está sendo contado por um gato. Isso nas mãos de Lygia é um verdadeiro presente ao leitor.
Esse não é o meu primeiro contato com obras da autora, e como aconteceu com títulos anteriores, sua leitura me cativou desde as primeiras páginas. Lygia tem o poder de mostrar os devaneios de seus personagens de uma maneira cativante.
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