Ninguém Escreve ao Coronel

Ninguém Escreve ao Coronel Gabriel García Márquez




Resenhas - Ninguém escreve ao Coronel


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MarianaSATasca 23/04/2024

Uma história sobre esperança, resiliência e dignidade
Em um povoado colombiano, sempre quente e úmido, às sextas-feiras o Coronel veste seu melhor terno e se dirige ao porto para aguardar a chegada do barco com as notícias do mundo.

Há quinze anos, espera lhe seja entregue sua carta de aposentadoria, a garantir-lhe uma pensão do Estado pelos serviços prestados em uma das muitas guerras civis do país.

Sempre volta para casa de mãos vazias.

Com o avançar da idade e a diminuição dos recursos financeiros, o ex-combatente e sua esposa imergem numa aflição causada pela fome.

Ao lado do casal, a presença muito viva da morte do filho em comum e sua herança deixada: um galo.

De forma simples e profundamente sensível, Gabriel García Márquez revela toda sua grandeza ao contar em poucas páginas a história daqueles que, em verdade, representam a todos nós.

Uma história sobre esperança, resiliência e dignidade. Uma vontade de viver muito própria dos latino-americanos: dura, sofrida e honrosa. Uma metáfora sobre o último resquício de grandeza num povo destruído.
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Otávio - @vendavaldelivros 19/04/2024

“O Coronel comprovou que quarenta anos de vida em comum, de fome em comum, de sofrimentos comuns, não lhe bastaram para conhecer sua mulher. Sentiu que também no amor alguma coisa tinha envelhecido.”

O luto tem diversas formas de se apresentar nas nossas vidas. Da perda de pessoas queridas até a morte de um passado vitorioso e de conquistas, podemos ser confrontados por esse sentimento ao longo da construção das nossas histórias. É difícil saber quando será o último carinho na pessoa amada ou o ponto de inflexão que nos fez seguir um trajeto que pode não ter sido o melhor. Nos resta, talvez, viver o melhor e construir uma possibilidade justa de futuro.

Todo ano começo minhas leituras por um livro do Gabo, não lembro quando comecei essa tradição, mas tenho pra mim que, dentre tantos motivos, um deles é guardar as obras do autor para o futuro, já que não leio mais nenhum livro dele ao longo do ano.

Publicado em 1961, seis anos antes de Cem Anos de Solidão, aqui Gabo traz a história de um Coronel do exército que vive em uma vila afastada com sua esposa, após perderem o filho envolvido com conspirações políticas. O Coronel aguarda semanalmente há anos uma aposentadoria, um soldo pelo tempo de serviço prestado, enquanto vivem uma vida de miséria e privação. A expectativa também se estende ao galo de briga que ficou como herança do filho morto e passa a ser a esperança de bons lucros “quando ele estiver pronto para competir".

Sempre vou ser suspeito sobre Gabriel Garcia Márquez, mas esse livro é de fato maravilhoso. Gabo sabia retratar a alma humana como poucos, principalmente a nossa, latino-americanos. A espera do Coronel torna-se a nossa, as dores dele também e passamos a ver como sua vida é preenchida pelo luto, pela ausência e por uma esperança, que o move, de forma cambaleante porque é o que resta. Viver foi o que sobrou, então eles vivem.

As referências de Macondo e dos Buendía já estão presentes aqui e ajudam formar o imaginário do leitor que já conhece sua principal obra. Lindo, triste, por vezes cômico, uma ótima porta de entrada para quem quer conhecer esse gênio e, também, olhar o próprio mundo e as próprias dores.
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Cyntia44 10/04/2024

Sofrimento em um belo texto
"Ninguém escreve ao coronel" foi minha primeira leitura de Gabriel Garcia Marquez.

Neste curtíssimo romance encontrei um texto primoroso e bastante visual. Também se vê muita pobreza, sofrimento, fome e um tanto de resignação.

O coronel vive com sua esposa asmática em uma casa com poucos pertences e um galo herdado do filho único do casal, que fora assassinado.

O galo recebia apostas em rinhas até o filho falecer.

Ainda vivendo o luto pela morte do rapaz, o coronel e sua esposa elaboram possíveis soluções para minimizar a situação precária em que vivem. As dificuldades são agravadas pela aposentadoria que nunca chega, numa prometida correspondência que o coronel ansiosamente aguarda há duros 15 anos, indo esperar o malote dos correios todas as sextas-feiras.

Com uma linguagem impecável, embora não tenha sido um grande livro para mim, trata-se de uma leitura rápida e agradável.

Recomendo.
Nath 13/04/2024minha estante
Tenho muita vontade de ler esse. Adorei a resenha!


Cyntia44 14/04/2024minha estante
Obrigada, Nath! É leitura rápida, mas com muitas mensagens e reflexões. É, sim, um grande livro. (Não tive como editar esse trecho da minha resenha).




Maria 07/04/2024

Outubros me causam sensação parecida
"Para os europeus, a America do Sul é um homem de bigodes com um violão e um revólver - não entendem os nossos problemas."

Adorei! Envolvente, sofrido, pra ler numa sentada só.
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Carlos.Junior 02/04/2024

3/10
?Ninguém escreve ao coronel? é uma ode ao masculino em 98 páginas, emergido a partir do orgulho machista, da ideia de honra e da questão universal do que ?é ser um homem de verdade?. Aqui Gabriel, de maneira divertida e irônica, da a luz a uma sátira social que abarca todas as questões envoltas neste vespeiro latino-americano. Seguindo uma forma única de contar uma história, somos apresentados ao Coronel e sua esposa asmática que entram em um embate sobre a única herança que o seu filho, comunista morto pelo regime ditatorial militar, deixou para os pais: Um galo de briga, famoso por suas lutas e por ser uma mina de ouro nas rinhas de galo. Deveriam cuidar do galo e ganhar dinheiro pelas brigas? Deveriam comer o galo devido a fome que enfrentam? Essa escolha e outras tanta mais são pensadas, apagadas, reacendidas, debatidas e feitas durante esse curto romance.

Gabriel Garcia Marquez, assim como a maioria dos escritores latino-americanos brancos, era racista na sua descrição de pessoas negras. Isso não afeta a leitura mas deixa você pensativo sobre essa ideia que ele possuía sobre os corpos negros.
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GAssika 29/03/2024

Mais um pra lista
Eu amei essa história, ler livros do Gabo sempre é uma experiência excelente pra mim, chega a ser algo impressionante. Tem algo na escrita do autor que faz com que eu me sinta muito encantada, e nessa história tão curta, ele conseguiu me emocionar em vários momentos. E mais uma vez vou conhecendo mais e mais histórias desse baita autor.
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Magda.Marilise 29/03/2024

Merda
Que livro inesperado e envolvente! Antes de me aventurar por GGM, quis ler esse livro pequenino que também se encontra na lista dos "40 livros para ler antes dos 40" e que grata surpresa.


Temos o Coronel e sua esposa que perderam seu filho Agostin, tendo como lembrança dele apenas um galo de briga que é muito bem zelado pelo Coronel, apesar dele mal ter o que comer ele próprio.

Apesar de curto, esse livro escancara a vida difícil de alguém que espera há muito tempo uma carta que nos parece bem básica hoje em dia: a da aposentadoria.

O Coronel não quer muito, só seu reconhecimento de serviços prestados e uma rendinha para seu sustento, mas sabe como é o Estado...

Eu recomendo a leitura que termina de uma forma surpreendente: merda!
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Catarina376 28/03/2024

Em português de Portugal
Li o livro de uma editora portuguesa, de modo que não entendi algumas palavras e expressões que, obviamente, não são comuns no português brasileiro. Mas seja no português de Portugal, seja no do Brasil, ou em qualquer outro idioma, a espera exaustiva do coronel podem dar por muitas vezes vontade de gritar, por pura frustração.
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Edna.Baldaia 25/03/2024

Por favor, venda esse galo!
Ninguem escreve ao Coronel é mais um ótimo livro escrito por Gabriel Garcia Marquez. Conta a história de um velho coronel que luta para receber sua aposentadoria para seu sustento e de sua esposa asmatica, após a morte de seu unico filho.
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joaoggur 24/03/2024

O galo, o coronel & a resiliência.
Em ?Ninguém escreve ao coronel?, temos uma deliciosa degustação de como seria a literatura de Gabriel Garcia Marquez; escrita em 1957, foi precursora de obras como Cem Anos de Solidão ou Amor nos Tempos do Cólera, e isso não significa que as marcas registradas do autor não estariam presentes.

A relação entre o Coronel e sua esposa é constantemente abalada por causas financeiras; esperando cegamente por uma (possível) pensão do governo, intercala seu tempo entre alimentar seu galo de briga, lamentar a morte de seu filho revolucionário (morto um ano antes, lutando contra a ditadura imposta ao país da história) e checar se alguém o escreveu. Mas, bem, ninguém escreve ao coronel.

Ditaduras latino-americanas; forte teor político; Coronéis, guerrilheiros, patentes; citações, por alto, de uma tal de Macondo e de um tal Aureliano Buendia?, - simplesmente o mais puro suco do que Gabo se tornaria. É impressionante o domínio do autor perante as palavras, como se tivesse um filtro, um tutorial sobre como seria a melhor forma de contar histórias.

Dando humanidade a seus personagens, Garcia Marquez cria uma história sobre uma cega esperança de auxílio estatal, de ascensão financeira; o mais puro retrato do povo latino-americano, que além de ser explorado por mãos do Norte, deve se submeter a Estados totalitários e coniventes com os abismos sociais, - e, mesmo assim, jamais perde suas resiliências.

Sempre é um prazer lê-lo. Recomendo.
Cyntia44 24/03/2024minha estante
Como é prazeroso ler resenhas assim! Adorei!


joaoggur 24/03/2024minha estante
Obrigado, @Cyntia44.




Lilian 12/03/2024

Sobre a espera
O livro fala sobre a esperança, derivada do verbo esperar, pois o coronel e sua esposa passam a vida aguardando certo acontecimento
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Marcelo.Pedroni 05/03/2024

Um conto representativo
Confesso que esperava uma história diferente, não que a original tenha sido ruim, de maneira alguma.
Este conto, acho que posso classificar assim, traz fortes elementos descritivos de uma realidade difícil, assolada por um regime ditatorial e repressor.
Agruras como a fome, doença e pobreza marcam toda a trama e ditam o tom da história.
A angústia pela espera (esperança) de uma carta com a salvação prometida (me remete até a uma certa ironia de fé, descabida talvez) me fez sentir pela personagem e sua companheira.
Embora curto, enxuto, tem as características principais já consagradas do autor, destaco entre elas o uso da ironia, do senso de humor impróprio em circunstâncias tragicômicas e principalmente a leveza da escrita em meio à realidade proporcionalmente dura.
Vale a leitura, mas em mente sempre que é um conto, não uma história elaborada como em um de seus romances.
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Biblioteca Álvaro Guerra 27/02/2024

''Este é o milagre da multiplicação dos pães repetia o coronel toda vez que os dois se sentavam a mesa no decorrer da semana seguinte .''

García Márquez escreveu este livro numa época particularmente difícil de sua vida, em 1957, quando, então jornalista, vivia em Paris e enfrentava uma situação financeira crítica, sem poder afastar da lembrança que o seu mundo estava longe dali, na sua distante Colômbia.
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v de vanisse 22/02/2024

Nunca pergunte o que tem pra comer no almoço
Achei mais ou menos. Quer dizer, a mensagem do livro é muito impactante, mas esperava mais? talvez porque o livro seja curtíssimo. Não sei se indicaria esse aqui pra alguém que quer começar a ler o autor (mesmo sendo curto). Enfim, de qualquer forma é um bom livro.
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Daisy 20/02/2024

Senhor coronel
Gabriel García Márquez inicia Cem anos de solidão (1967) – o seu mais famoso livro – com o seguinte trecho: “Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara...”.
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Anos antes, tanto a personagem (Aureliano Buendía) quanto o cenário (a mágica Macondo) já haviam sido citados em Ninguém escreve ao coronel (1961). Nesse livro, o protagonista – um coronel que não é nomeado – afirma: “Estava a pensar que na reunião de Macondo tivemos razão quando dissemos ao coronel Aureliano Buendía que não se rendesse. Foi isso que deitou o mundo a perder”.
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Como em toda obra de Gabo, a novela (de cento e poucas páginas) tem forte teor político e retrata a situação de miséria de um militar que aguarda há 15 anos o recebimento de uma pensão, teve o filho Agustín fuzilado por fazer propaganda contra o governo ditador e, agora, usa o galo de rinha do filho morto para ganhar algum dinheiro.
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Um dos meus trechos favoritos evidencia o peculiar humor do meu Gabito: “Desde que há censura, os jornais não falam senão da Europa – disse. – O melhor será que os europeus venham para cá e que nós vamos para a Europa. Assim toda a gente ficará a saber o que se passa no seu respectivo país. – Para os europeus, a América do Sul é um homem de bigodes, com uma guitarra e um revólver – disse o médico, a rir por cima do jornal. – Não compreendem o problema”.

site: instagram.com/qualquercoisaprapreencher
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