spoiler visualizarGell 03/06/2012
ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA: PRINCÍPIOS E APLICAÇÕES
Frederick Winslow Taylor, engenheiro mecânico americano, inicialmente técnico em mecânica e operário, considerado "Pai da Administração Científica" por propor a utilização de científicos cartesianos na administração de empresas. Seu foco era a eficiência operacional na administração industrial.
"Princípios da Administração Científica", datado de 1911, é considerado um clássico na literatura de Administração, uma vez que se manifesta como uma coletânea de ideias existentes a respeito de produção, riqueza e relações harmônicas entre empregados e empregadores. O livro está divido em duas partes que expõem fundamentos científicos, regras e leis consideradas por ele indispensáveis na busca de um sistema administrativo que vise à prosperidade.
Nesta obra, Taylor tenta convencer aos leitores de que a melhor maneira de administrar uma organização é através de um estudo, de uma ciência. A ideia central deste livro é a racionalização do trabalho que nada mais é que a divisão de funções dos trabalhadores. No início da obra, a preocupação de Taylor era tentar eliminar o desperdício e as perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar os níveis de produtividade através de métodos e técnicas de engenharia. Ele utilizava técnicas que eram centradas do operário para a direção, através do estudo de tempos e movimentos, da fragmentação das tarefas e na especialização do trabalhador reestruturava a fabricação e com os conceitos de gratificações por produção incentivava o operário a produzir mais. Só que não adiantava racionalizar o trabalho do operário se o supervisor, o chefe, o gerente, o diretor continuavam a trabalhar dentro do mesmo empirismo anterior.
Segundo Taylor, com os métodos de administração utilizados até o surgimento de sua ciência, era inevitável a contrariedade entre empregado e empregador; visto que os operários eram deixados à deriva de suas inspirações, podendo escolher a forma com a qual lhes aprouvesse trabalhar e que o sistema de pagamento usual dava margem a sérios conflitos. O pagamento era feito por peça produzida, independentemente de realizações individuais, fato que possibilitava uns trabalharem bem menos do que outros e obterem os mesmos rendimentos. Também era normal os mais produtivos serem coagidos pelos colegas a não produzir tanto, pois a direção poderia perceber que a efetividade ideal não estava sendo alcançada. É conveniente considerar ainda o fato de que, na utilização dos métodos empíricos de administração (os quais eram passados de geração por geração), tanto se desperdiçava força produtiva decorrente de movimentos desnecessários do empregado, quanto do ócio do empregador.
A utilização dos Princípios de Administração científica possibilitou considerável aumento de produção e, consequentemente, a satisfação dos diretores (tinham maior lucro), dos trabalhadores (eram remunerados de forma equânime) e até dos consumidores (com a redução do preço de mercado dos produtos). Apesar de ter previsto tais melhorias na condição de vida da sociedade, Taylor foi infeliz em generalizar tão explicitamente a aplicação de sua ciência, pois é possível prever os movimentos humanos quando são absolutamente mecânicos, mas quando se trata das variáveis psicológica e social, a prática mostra que os movimentos do homem não são totalmente previsíveis. Essa omissão de Taylor foi o fundamento da escola de Relações Humanas, a qual dá sequência à ciência da administração.
O objetivo inicial de Taylor estava voltado para eliminar os desperdícios nas indústrias americanas, ao longo da página 22, Taylor sente a necessidade de fomentar sobre os desperdícios e vadiagens no trabalho, ele explica que em um esporte, uma pessoa dá tudo de si para conseguir pontos a mais que o seu amigo, exemplo dos ingleses e americanos que são amantes do esporte e fazem de tudo para sua equipe ganhar, tenta por todos os meios obter sucesso. Contudo, no dia a dia de trabalho, não existe esse objetivo, o empregado não adianta seus serviços para que no fim de sua jornada de trabalho ele tenha feito além do que fazia de costume, pelo contrário, faz cera, trabalhando bem menos do que realmente é capaz de fazer, se tornando um empregado ineficiente. Propõe medidas sobre o que poderia ser feito para mudar esse quadro, tendo como ponto de vista a busca por homens eficientes, desde os operários aos diretores de grandes companhias comprovadamente um dos elementos importantes na formação dos preços dos produtos. Dessa forma, visava-se alcançar maior produtividade e, como menores custos e melhores margens de lucro, enfrentar a crescente concorrência em todos os mercados. Para Taylor, a organização e a administração das empresas devem ser estudadas e tratadas cientificamente e não empiricamente. A improvisação deve ceder lugar ao planejamento, como vimos a partir do segundo capítulo e o empirismo à ciência. Assim, a obra de Taylor se reveste de especial importância pela aplicação de uma metodologia sistemática na análise e na solução dos problemas da organização, no sentido de cima para baixo.
Taylor foi o primeiro a fazer uma análise completa do trabalho na fábrica, fez observações sobre o desperdício físico dos operários e consequentemente a fadiga, concluindo que a organização cientifica do trabalho só poderia ser alcançada através de uma análise prévia detalhada dos métodos de execução das operações em todo e qualquer trabalho em que os movimentos inúteis eram eliminados e os movimentos úteis simplificados e racionalizados a fim de proporcionar economia de tempo e de esforço ao operário. Ele treinou os operários, especializou-os de acordos com as fases do trabalho, inclusive o pessoal de supervisão e direção como vimos na segunda parte da obra ao longo da página 95 em “O fator tempo na passagem do antigo para o novo sistema de administração” e “Segurança do sistema de Administração Científica”; instalou salas de planejamento e organizou cada unidade, dentro do conjunto. Taylor termina sua obra estimando que os direitos do povo sejam superiores aos interesses dos empregados e empregadores, desta forma, eles devem também participar nos resultados do Sistema de Administração Científica, fomentando que a maioria das empresas acaba por falirem devido a esse impasse, em que o diretor e seus principais auxiliares empreendem eles mesmos as alterações desse sistema.
O autor apresenta quatro princípios fundamentais da Administração Científica:
• Princípio do planejamento: Consiste em substituir o critério individual do operário, a improvisação e o empirismo por métodos planejados e testados.
• Princípio da preparação dos trabalhadores: Consiste em selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões, prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado, e em preparar máquinas e equipamentos em um arranjo físico e disposição racional. Pressupõe o estudo das tarefas ou dos tempos e movimentos e a Lei da fadiga.
• Princípio do controle: Consiste em controlar o trabalho para se certificar de que o mesmo está sendo executado de acordo com o método estabelecido e segundo o plano de produção. O princípio do controle é notado em diversas empresas de foco comercial e em diversas fábricas, onde é visível a presença de supervisores e "superiores" em geral vistoriando os trabalhadores em suas tarefas.
• Princípio da execução: Consiste em distribuir distintamente as atribuições e as responsabilidades para que a execução do trabalho seja o mais disciplinado possível. O princípio da execução, que basicamente pode ser resumido na atribuição de responsabilidades visando uma execução do trabalho o mais disciplinada possível, pode ser visto atualmente em quase todas as empresas departamentalizadas, já que isso é uma forma de atribuição de responsabilidades distintas visando a melhor execução do trabalho.
A administração científica restringiu-se as tarefas e os fatores diretamente relacionados com o cargo e a função do operário. Embora a organização seja constituída de pessoas deu-se pouca atenção ao elemento humano e concebeu-se a organização como “um arranjo rígido e estático de peças”, ou seja, como uma máquina. Daí a denominação “teoria da máquina” (Recebe esta dominação, pois considera a organização sob o prisma do comportamento mecânico, onde a organização deve ser arranjada tal como uma máquina e a divisão do trabalho é a mola do sistema.) dada à administração científica.
Contudo a Administração Científica tinha diversos defeitos dentre eles: o mecanicismo de sua abordagem (teoria da máquina), a superescalização que robotiza o operário, a visão microscópica do homem tomando isoladamente e como parte da maquinaria industrial, a ausência de qualquer comprovação científica de suas afirmações e princípios, a abordagem incompleta envolvendo apenas a organização formal, a limitação do campo de aplicação à fábrica, omitindo o restante da vida de uma empresa, a abordagem eminentemente prescritiva e normativa e tipicamente de sistema fechado. Mesmo assim, essas limitações e restrições não apagam o fato de que Administração Científica foi o primeiro passo concreto da Administração rumo a uma teoria administrativa.
O modelo da administração científica gerava conflitos e choques, algumas vezes violentos, entre administradores e trabalhadores mesmo oferecendo muitas vantagens. Inicialmente, este modelo ignorava as necessidades dos trabalhadores, além do contexto social, o que, em razão disso, os trabalhadores geralmente se sentiam explorados, pois tinham o sentimento de que esse tipo de administração nada mais era do que uma técnica para fazer o operário trabalhar mais e ganhar relativamente menos. Porém, isso era exatamente o contrário do que Taylor imaginava quando pensara na harmonia e cooperação desse sistema. Outra crítica à Administração Científica é a de que ele transformou o homem em uma máquina. O operário era tratado como uma engrenagem do sistema produtivo, passivo e desencorajado de tomar iniciativas, já que os gerentes não ouviam as ideias das classes hierárquicas inferiores. Além disso, o modelo tratava os indivíduos como um grupo único, não reconhecendo as variações que existiam entre eles, gerando descontentamento por parte dos trabalhadores. Essa padronização do trabalho seria mais uma intensificação deste do que uma forma de torná-lo racional.
A obra "Princípios da Administração Científica" é indicada para todos que procuram um aprofundamento acerca das teorias da Administração e que buscam uma visão baseada em princípios voltados para uma gerência mais integrada e racional.