Sagarana

Sagarana João Guimarães Rosa




Resenhas - Sagarana


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MrDurden 08/03/2018

"E tudo foi bem assim, porque tinha de ser, já que assim foi."
Ao longo de nove contos, Guimarães Rosa nos conduz pelo sertão de Minas Gerais explorando tanto o ambiente geográfico como o social. E mesmo sem uma relação aparente de interdependência narrativa entre os contos, é possível estabelecer um sentido mais amplo analisando-se o período histórico, os cenários e os diversos temas abordados. Temas esses, que apesar das características regionalistas da obra, o autor consegue elevar a um status universal e nos oferecer uma fascinante investigação sobre o ser humano, seus questionamentos, angústias, paixões, fraquezas e virtudes.
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Grazi @graziliterata 23/02/2018

Não foi pra mim...
Nunca dei uma nota tão baixa pra um livro.
Mas sempre tem a primeira vez não é mesmo?
E infelizmente foi com essa obra consagradíssima de João Guimarães Rosa.
Tenho essa edição desde 2001 pelo que está escrito nas informações do livro, ou seja, eu ainda estava no colégio quando comprei essa edição (me formei na faculdade em 2012).
Foi o único livro da época do colégio que sobrou dessa época, porque os outros eu ia emprestando pra quem ia precisando depois de mim.
Esse livro como já fala na sinopse, não é uma estória contínua, ele é dividido em nove contos. Sendo eles: "O Burrinho Pedrês", "A Volta do Menino Pródigo", "Sarapalha", "Duelo", "Minha Gente", "Corpo Fechado", "Conversa de Bois" e "A Hora e Vez de Augusto Matraga".
Tive vontade de abandonar a leitura várias vezes, mas como eram contos, então dei continuidade, porque eu poderia gostar de algum conto do livro. Isso, infelizmente não aconteceu.
A leitura é muito devagar, tem muito vocabulário do sertão mesmo, e não é só nos diálogos, nas narrativas também.
Toda página você tem que ir ao dicionário pra procurar uma palavra que você não conhece, até tirei foto uma vez no stories do meu instagram (@graziela.franzoni) perguntando se vocês tem costume de anotar em livros, aquilo tudo que estava anotado era palavra que eu não conhecia (está nos destaques, em "Enquetes").
Pra mim não é uma leitura que você tira algum proveito, tanto que tem um dos contos é "Conversa de Bois".
Mas é uma leitura obrigatória né.
Me contém aí nos comentários se quando vocês leram, vocês gostaram ou não desse livro.
Codinome 04/07/2018minha estante
"Para mim não é leitura que você tira algum proveito" oloko! kkkkk tente reler futuramente


Igor.Lima 29/08/2018minha estante
Eu consigo entender plenamente o porquê de algumas pessoas não gostarem desse livro mas eu fiquei apaixonado na primeira vez que li. "A Hora e a Vez de Augusto Matraga" é uma das melhores coisas que eu li na minha vida. Tem tanta simbologia nesse conto que dá até pra fazer uma tese de TCC só nesse conto. Aliás, dá pra tirar muito proveito dessa leitura e dissecar bastante a obra, tanto é que a FUVEST sempre coloca como obra obrigatória




Filipe 17/02/2018

Sagarana
Meu primeiro contato com Guimarães Rosa foi quando li “Grandes Sertões Veredas”. Passou quase vinte anos para que eu voltasse a visitar a obra do autor. Acabo de ler “SAGARANA”.É incrível como a obra atravessa o tempo e se mostra ainda atual. A obra editada pela editora Nova Fronteira, reúne nove contos do mestre.

Todos os contos são um retrato do sertão brasileiro, mais precisamente Minas Gerais. As relações humanas são o mote de cada história, narradas com um vocabulário que transporta o leitor para o meio do sertão.

“O burrinho pedrês”, primeiro conto do livro me arrebatou pelo pescoço, me tirou o fôlego. Duelo é surpreendente. Me vi em “Corpos fechado” realizando todas as mandingas para me trazer boa sorte. Agora, “Conversa de Bois”, é fantástico e me levou a refletir o quanto o quanto somos capazes de reagir, com sangue nas mãos e tristeza nos olhos, quando somos oprimidos e ignorados em nossa essência humana.

Não é uma leitura fácil, mas é prazerosa. Recomendo e não se assuste se ouvir um carro de boi cantar enquanto lê. Afinal, são 325 páginas de pura cultura do nosso sertão. Eh boi!
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Mr. Jonas 08/02/2018

Sagarana
Sagarana, publicado em 1946, reúne contos do escritor Guimarães Rosa. Confira resumos dos contos do livro:
1. O burrinho pedrês. O fazendeiro Major Saulo determina que seus homens levem uma grande quantidade de bois para comercialização em uma cidade distante. Para cumprir a tarefa, convoca seus vaqueiros mais experientes, montados em cavalos jovens e fortes. Acompanha a condução o burrinho Sete-de-Ouros, velho e fraco. Depois de uma chuva torrencial, um pequeno riacho, que foi facilmente superado na ida, torna-se rio caudaloso no retorno dos vaqueiros à fazenda. O único animal a escapar da correnteza é justamente o burrinho, que conta com sua experiência para poupar suas forças e deixar-se levar pelas águas ao invés de tentar lutar contra elas, como fizeram os outros.
2. A volta do marido pródigo (Traços biográficos de Lalino Salãthiel). O mulato Lalino Salãthiel vive no interior de Minas mas sonha com aventuras amorosas em terras cariocas. Junta algum dinheiro e parte, deixando para trás a esposa Maria Rita. Depois de algum tempo, terminam o dinheiro e a empolgação, e ele retorna. Encontra Maria Rita envolvida com o espanhol Ramiro. Lalino se envolve então nas disputas políticas locais e, com a vitória de seu candidato, consegue a expulsão dos estrangeiros. Alcança também o perdão de Maria Rita.
3. Sarapalha. Os primos Ribeiro e Argemiro vivem isolados, com seu cachorro Jiló, em Sarapalha, lugarejo do interior de Minas Gerais. Sofrem com a malária, doença que lhes provoca febre e tremedeiras. Para Ribeiro, a dor maior vem do fato de ter sido abandonado pela esposa Maria Luísa, que fugiu com outro homem. Durante as intermináveis conversas que mantêm para tentar distrair da doença, Argemiro confessa ter sentido igual amor pela moça, embora sem jamais faltar com o respeito ao primo. Ribeiro, decepcionado com o que considera uma traição, expulsa o parente de suas terras.
4. Duelo. Voltando de uma pescaria mal sucedida, Turíbio Todo flagra sua mulher Dona Silivana com o ex-militar Cassiano Gomes. Contém seu ímpeto e adia a vingança. No entanto, ao executá-la, acaba por assassinar o irmão de Cassiano, fugindo em seguida. Segue-se uma grande perseguição pelo interior de Minas, que dura até Turíbio se retirar para São Paulo. Cassiano, sofrendo do coração, é obrigado a interromper sua busca no lugarejo do Mosquito. Ali, torna-se amigo de Timpim Vinte-e-Um, homem simples que recebe o auxílio financeiro de Cassiano para comprar remédio para sua família. Em troca, Cassiano, pouco antes de morrer, pede a Timpim que vingue seu irmão. Turíbio fica sabendo da morte de seu perseguidor e retorna a Minas. No caminho para a casa de Silivana, encontra Timpim, que cumpre a promessa feita a Cassiano.
5. Minha gente. O narrador é um inspetor escolar que, de férias, visita a fazenda de seu Tio Emílio no interior de Minas. Lá, reencontra a prima Maria Irma, namorada de infância, e tenta retomar a aventura amorosa. A moça consegue fazer com que a atenção do primo seja atraída para a amiga Armanda, noiva de Ramiro, rapaz pretendido por ela. O narrador, aficionado do jogo de xadrez, se vê vítima de uma jogadora perspicaz nas estratégias amorosas. Ela consegue fazer com que Armanda se interesse pelo narrador, deixando Ramiro livre para ela. O final feliz é composto pelo duplo casamento.
6. São Marcos. Izé, o narrador, faz pouco caso das crendices populares, não perdendo a oportunidade de passar diante da casa de certo João Mangolô, negro tido como feiticeiro, para zombar de seus feitos. Durante um passeio, vê-se repentinamente cego. Seguindo certa lenda, reza a oração de São Marcos, que tem fama de ser poderosa. Orientado pelo olfato, pela audição e pelo tato, aproxima-se da casa do feiticeiro. Consegue avançar sobre este e recupera a visão no momento em que o negro retira a venda dos olhos de um boneco. Izé se despede de Mangolô e parte, agora um pouco mais crédulo.
7. Corpo fechado. No lugarejo da Laginha vive Manuel Fulô, que tem duas paixões: sua noiva Das Dores e uma mulinha de estimação, a Beija-Fulô, cobiçada por Antonico das Pedras, que tem fama de feiticeiro. Targino, um valentão local, avista Das Dores e comunica a Manuel Fulô o desejo de dormir com ela antes do casamento. Para impedir essa ofensa, Manuel teria que enfrentar o valentão. O narrador, médico local e amigo de Manuel Fulô, não encontra meio de ajudá-lo. O rapaz recorre a Antonico, que fecha seu corpo com feitiço. No duelo com Targino, Manuel escapa por milagre dos tiros que lhe são dirigidos e fere mortalmente o rival com uma pequena faca. Depois desse feito, torna-se o novo valentão do lugar.
8. Conversa de bois. O menino Tiãozinho vive um drama: seu pai, entrevado, nada pode fazer contra os amores que a esposa mantém com Agenor Soronho, condutor de carros de boi. Quando o pai morre, Tiãozinho ajuda a transportar o corpo a um cemitério próximo, com outras mercadorias. Pelo caminho, Agenor prenuncia a vida que o menino teria dali por diante, agora sob suas ordens, na condição de padrasto. A crueldade que Agenor demonstra para com o menino, manifesta-se também no trato com os bois de carga. Estes se comunicam entre si e articulam uma forma de matar o carreiro. Aproveitam-se de um cochilo de Agenor e, sacudindo o carro, derrubam-no e passam com as rodas sobre ele. Sem desconfiar de nada, Tiãozinho se desespera, enquanto os bois lançam berros triunfais.
9. A hora e a vez de Augusto Matraga. Augusto Esteves é um fazendeiro de comportamento violento. Gasta dinheiro com jogos e prostitutas, maltrata a esposa Dionóra, despreza a filha e enfrenta seus opositores com a ajuda dos capangas que o acompanham. A esposa foge com outro homem, enquanto seus empregados o abandonam, reclamando o pagamento de salários atrasados. Augusto vai tirar satisfações e acaba agredido por eles. Durante a surra, atira-se de um barranco e é dado como morto. No entanto, é encontrado por um casal de negros que cuida dele.
Durante a convalescença, Augusto reflete sobre sua vida e se penitencia dos pecados cometidos. Recuperado, parte para uma pequena propriedade que possui no Tombador, lugar distante, passando a servir o casal de negros, trabalhando arduamente. Certo dia, aparece no lugar o cangaceiro Joãozinho Bem-Bem, que simpatiza com Augusto e o convida a participar de seu bando. Augusto recusa. Tempos depois, sente irresistível desejo de partir. Segue sem rumo, até reencontrar o bando de cangaceiros no lugarejo do Rala-Coco. Quando vê a ameaça de Joãozinho Bem-Bem de fazer mal a um homem velho e à sua família, Augusto sente que chegou sua hora de concluir a remissão de seus pecados. Enfrenta o bando e vence o líder, morrendo em seguida.
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André 01/02/2018

7º Livro, Fuvest 2017
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Aa 29/12/2017

Nosso melhor autor no século XX
Guimarães Rosa a princípio parece ser mais um regionalista na linha de autores um pouco anteriores (Graciliano Ramos, Rachel de Queirós, Jorge Amado), mas depois de poucas páginas já se começa a perceber o primoroso trato que ele tem com a palavra: ele mascara, revela, eleva, renova e expande a palavra de forma surpreendente, recorrendo a arcaísmos, neologismos e ao uso criativo do léxico sertanejo e sertanejo-inventado, de modo desnorteante e elucidador. Até então não tinha me deparado com uma exploração tão profunda do vocabulário em uma obra de arte (Joyce à parte). Isso, claro, pode tornar a leitura um esforço, mas daqueles que valem à pena.

Outro ponto interessante desse livro de contos e novelas é a exploração da relação do homem com o mistério da existência, não apenas dele próprio mas também da complexa relação entre bem e mal na alma humana e não experiência de vida. O livro tem um aprofundamento filosófico e mesmo místico que com certeza escapa ao entendimento da maioria dos jovens que estão lendo o livro para os vestibulares da Fuvest e da Unicamp, mas que é um tempero especial para quem se interessa pelas tradições esotéricas de todas as religiões.

No mais, o livro é, sim, uma leitura agradável. Além do aprumo da forma e da temática, Guimarães Rosa é um excelente prosador, um contador de histórias de primeira, e com certeza um artista que merecia reconhecimento internacional e um posicionamento de destaque entre os grandes escritores mundiais, e possivelmente o de melhor desta Terra de Vera Cruz.
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Pateta 19/12/2017

HISTÓRIAS PRA BOI NÃO DORMIR
Demorei muito para ler Guimarães Rosa – apesar da consagração da crítica, ficava com medo de ele ser um autor “regionalista” demais para o meu gosto. Bem, deixei o preconceito pra trás e fiz minha primeira leitura de uma obra sua. São 9 pequenas novelas, naturalmente umas melhores que outras, mas o conjunto faz justiça a todo o prestígio desse escritor. E o que há de “regional” nos textos acrescenta um tempero diferente e saboroso à leitura.
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Colégio Evolução 22/07/2017

Sagarana é o romance inaugural de Guimarães Rosa publicado em 1946, dez anos antes de Grande Sertão: Veredas. Nos diversos contos que fazem parte do livro, Rosa reproduz a linguagem do homem simples do sertão brasileiro, mas com a característica incomum em escritores brasileiros de tentar alcançar o universal, ou seja, de falar de temas presentes no espírito da humanidade em qualqu canto do mundo.
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Nat 07/07/2017

Livro para o Vestibular
Sagarana é um livro de contos, são 9 contos ao todo, e foi a primeira obra do Guimarães Rosa a virar livro, em 1946.
É possível traçar algumas semelhanças entre Sagarana e Vidas Secas, principalmente no tocante à linguagem regionalista, uso de vaqueiros como personagens principais. Sagarana, no entanto, pertence a terceira fase modernista brasileira, que é uma literatura de caráter universal e usa bastante a inventividade. Uma outra escritora desse período é a Clarice Lispector.
Em Sagarana vamos acompanhar personagens bem regionais, com linguagem simples e regional, histórias simples, cercadas por algum tipo de magia ou superstição (uma espécie de mistura entre catolicismo e espiritualismo). E sempre com animais também. E uma pitadinha de violência.
O título Sagarana é um neologismo, uma palavra criada de SAGA, de origem nórdica, que significa LENDA, e a terminação RANA, de origem indígena, que significa À MANEIRA DE. É um título que combina bastante com a obra, já que as histórias oscilam entre real e irreal. Os contos têm ares folclóricos, costumam começar com uma musiquinha ou quadrilha popular, ou até um “era uma vez”, e os animais, algumas vezes, se transformam em heróis. E, assim como as fábulas, Guimarães Rosa procurou dar uma moral da história, um sentido, a cada conto.
No tocante ao regionalismo, podemos dizer que todos os contos se passam no interior de Minas Gerais e tem essa pegada de mineiro.

site: https://www.youtube.com/c/PilhadeLeituradaNat
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Mariana 28/03/2017

Sagarana
O conto Conversa de bois é fascinante.
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Amanda 04/02/2017

Sagarana traz nove contos, muito bem escritos, sobre encontros, desecontros, tragédias e alegrias do homem do campo. Guimarães Rosa traduz com maestria o modo de vida interiorano. Seus textos são bem descritivos, embora as expressões regionais possam dificultar um pouco a compreensão.
É um ótimo livro, de um ótimo autor. Recomendo a leitura.
Ana 31/05/2017minha estante
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wesley.moreiradeandrade 11/01/2017

''De certo que eu amava a língua. Apenas, não a amo como a mãe severa, mas como a bela amante e companheira.''
(Carta de João Guimarães Rosa a João Condé, revelando segredos de Sagarana)

O trecho acima comprova o caráter especial da prosa produzida por Guimarães Rosa que escapa a qualquer fácil definição. Reduzir o trabalho de Guimarães ao rótulo de regionalista é não compreender o trabalho artístico e apaixonado que o escritor fez com a palavra. As novelas de Sagarana comprovam este fascínio com o que as palavras carregam de mistério e musicalidade e não somente aquelas que ditam o bom falar e escrever que até hoje é apregoado pelos mais puristas, mas também aquele jargão que encontramos na rua, no campo etc., entre quem, aparentemente, não domina a norma culta, e, no entanto contribui para a riqueza da nossa língua portuguesa e sua diversidade. Outra qualidade do autor de Grande Sertão: Veredas é a capacidade de universalizar aquilo que é local, afinal o jagunço, o boiadeiro, a lavadeira, o fazendeiro dos confins do sertão também compartilham sentimentos, dúvidas, crenças, afeto, comuns a todos nós.
Sagarana é composto por nove novelas: O burrinho pedrês, A volta do marido pródigo, Sarapalha, Duelo, Minha gente, São Marcos, Corpo fechado, Conversa de bois e A hora e a vez de Augusto Matraga. Todos ambientados no sertão (de Minas Gerais, Bahia e outros locais) principal matéria-prima necessária para o escrever do mestre da literatura modernista.
São estórias de malandragem, superação ou sinestesia animal, vingança, redenção pela religião (o elemento místico e religioso circula com naturalidade em muitas das estórias narradas neste livro e é uma constante na obra roseana), traição e amor. Guimarães Rosa é um artífice da linguagem e, claro, não podemos deixar de mencionar a inovação linguística na forma de narrar, incorporando o léxico do campo, propondo novas expressões (os tão comentados neologismos) e apropriando-se de outras palavras (os arcaísmos e os regionalismos, por exemplo) para ressignificá-las em suas estórias.
O leitor pode, num primeiro momento, estranhar as narrativas e a forma como foram elaboradas, mas Guimarães tem uma escrita muito próxima da oralidade e as novelas ganham um tom de um “causo” sendo contado por alguém a quem lê e o texto flui de uma maneira muito agradável até o final de cada uma das novelas.


site: https://escritoswesleymoreira.blogspot.com.br/2016/02/na-estante-55-sagarana-joao-guimaraes.html
Paula 23/01/2017minha estante
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eneida 24/11/2016

São nove contos, cada um com sua característica, mas a "mineirisse" está presente em todos eles, ora no vocabulário, ora na característica e perfil das personagens. Fácil identificar e relembrar alguns termos e expressões e também o típico mineiro do interior, além de admirar os famosos "neologismos", palavras, verbos e expressões inventadas, que são uma delícia de ler, engraçados e ás vezes podem até passar despercebidos. Muitos trechos ficam melhores ainda se lidos em voz alta. O burrinho pedrês - um burro velho, desacreditado por todos, que consegue no final o que todos os mais novos não conseguem. Sarapalha - o típico mineirinho que come quieto, contador de histórias, que quer se dar bem. Duelo - um marido traído que busca vingança da honra e no final sua vingança se dá por um capiauzinho a quem ele havia ajudado. Minha gente- um dos que eu mais gostei, Emílo, um jovem apaixonado por sua prima, que o confunde com mensagens de duplo sentido. São Marcos- o narrador, cego consegue se orientar pelos sons, cheiros e etc da natureza. Corpo Fechado -o amor de um capiau por sua mula e por sua noiva. Conversa de bois- também um dos que eu mais gostei, uma fábula em que os bois conversam e se voltam contra o mau para ajudar o menino Tiãozinho, muito bonito. A hora e a vez de Augusto Matraga- a eterna luta entre o bem e o mal, o prazer e o dever, o certo e o errado, dentro das pessoas.
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Naty 16/11/2016

A barata diz que tem cinco saias de filó. É mentira da barata, ela tem é uma só.
Vou dividir minha análise em cada conto em separado. O livro apresenta 9 contos e possui uma grande dificuldade narrativa pela minúcia descritiva e também pelos nomes diferentes e falar mais sertanejo dos personagens.
1] O burrinho pedrês
Percebe-se, nesse conto, uma descrição minuciosa do campo, das pessoas e de seus costumes. Tudo com um olhar familiarizado com o cenário e que consegue descrever cada detalhe com clareza e aptidão. A história do burrinho pedrês narra o episódio de um afogamento de grande parte dos bois e de alguns homens que dirigiam uma boiada. Esse burrinho consegue salvar o homem montado em coma dele. A despeito de ser o animal mais velho, é o que consegue melhor aguentar o caminho e enfrentar os problemas.
Guimarães Rosa adota uma linguagem um tanto que truncada e que aborda tudo minuciosamente desde o cenário até a sociedade e retrata, através de relatos, outras histórias também com o tema campo.
2] A volta do marido pródigo
Lalino, espécie de personagem principal, quer vida de prazeres no exterior e, para isso, sai de sua terra. Lá, sua mulher já estava com outro homem e as pessoas rejeitavam sua atitude e sua presença. No entanto, assim como ocorre com o filho pródigo, que volta e ganha mais honra que antes, ele consegue impor respeito e começa a trabalhar com o coronel local arranjando sua candidatura. Ele consegue montar planos traiçoeiros e bem planejados que acabam com os inimigos do coronel além de conseguir escapar de qualquer aperto. No final, acaba reconquistando sua mulher e vencendo, por assim dizer.
A linguagem continua truncada, mas um pouco menos que antes (talvez pelo costume). A história consegue impor mais ritmo e chega a entreter. A realidade retratada é, de novo, o campo. A compra de votos fica muito evidente nesse conto e a visão que as pessoas têm dos imigrantes também é bem interessante.
3] Sarapalha
Essa história já começa com dois primos acometidos pela malária sofrendo acessos da doença e conversando de seus problemas um com o outro. Um deles tinha uma mulher que se foi de casa por outro homem e seu real marido ainda se dói pelo fato. O que ele não sabe é que o primo que ele julga ser seu amigo só foi para lá atrás de sua mulher e, a partir do momento em que o outro primo conta os seus reais motivos para terem ido ficar ali, o seu primo o expulsa da fazenda e este, também acometido com a malária, implora a misericórdia de seu primo o que não funciona e ele acaba indo embora e, bem neste momento, um dos seus acessos começa a acontecer.
Esse foi um conto um tanto que fútil e rápido. Até o próprio Guimarães Rosa diz que esse é o conto que ele menos gosta.
4] Duelo
Um homem vê sua mulher o traindo com outro e, como forma de vingança, tenta matar esse homem, mas acaba matando o irmão do cara. O que perdeu o irmão persegue o outro, mas acaba pegando uma doença. Antes de morrer, ele ajuda um homem pobre a salvar a vida de seu filho o que lhe rende grande respeito desse jovem e, na hora de sua morte, ele promete matar o rival do falecido.
O homem traído pela mulher do início, alegre por saber que seu arco inimigo estava morto, volta para casa e, no caminho, encontra o homem ajudado pelo seu arco inimigo que o aborda pacificamente, o reconhece e depois o mata.
Esse conto tem uma linguagem um pouco mais fácil e um encadeamento lógico também mais acessível, mas conserva sua linguagem típica da região e sua abordagem convincente dos locais que descreve.
5] Minha gente
Essa história fala muito dos sentimentos que o protagonista mutria por sua prima e todo o tempo que passou tentando conquista-la sendo que ela não o queria e, depois de algumas andanças, ele conhece a amiga de sua prima e ele acaba ficando com essa menina e sua prima se casa com o antigo noivo de sua amiga.
É uma história um tanto que focada nas relações pessoais do povo do campo e no amor. A política é uma das partes que mais me chamaram a atenção, pois revela a compra de votos e o enfrentamento de coronéis rivais.
6] São Marcos
Esse é um dos contos mais descritivos e demorados de todos. Mesmo com poucas páginas, ele é bem cansativo. O protagonista desdenha de feitiçaria e de coisas místicas, mas conhece uma reza que muitos dizem ser braba. Ele desdenha tanto que o cara feiticeiro do lugar faz um boneco dele e coloca uma venda nos olhos. Ele perde a visão e se perde na mata.
Sem olhos, a descrição dos sons se exacerba. Depois de muito se bater no maio do mato, ele consegue sair e faz a tal reza que conhecia, fica forte, tem visão restaurada e vai atrás do feiticeiro que o fez isso. Ele quase mata o tal mago e aí acaba o conto.
Aqui há uma descrição da natureza e da cultura religiosa desses locais de forma magistral e chata, muito, muito chata.
Foi, para mim, bem sem sentido essa história, mesmo sabendo do trabalho que deve dar para criar uma história dessas. O retrato da sociedade rural é espetacular e respeitável, mas de resto a história não marca o leitor ou não me marcou de maneira nenhuma. Como Drummond diz em Claro Enigma (não é exatamente assim): “do que vale a estética se não emociona.
7] Corpo fechado
Um dos contos que mais gostei
A fim de explicar o que era sangue de Peixoto, o narrador conta a história de um homem que sempre vivia bêbado e quem o salvava nesses dias era sua mula, muitíssimo estimada por ele, e que ele não vendia por nada. Até que um homem insulta sua honra e ele pega grande raiva do sujeito. Com isso, um feiticeiro chega e fecha o corpo do homem em troca da mula dele. Fechar o corpo evitava que o homem morresse de tiro e foi aí que ele, com raiva e com o corpo fechado, mata seu adversário e se casa.
Vira, a partir daí, o valentão da cidade. Essa foi uma das histórias que li mais rapidamente e chega a ser bem engraçada. A sociedade rural e suas relações de chefia (tipo xerife) são abordadas de forma bem-humorada.
8] Conversa de bois
Essa história também é bem interessante. Os bois e seus pontos de vista quanto aos homens são muito bem entrelaçados com a poesia de Drummond, um boi vê homens. Ambos adotam o mesmo desprezo para com a raça humana e sua maneira de pensar. Os bois até ficam tristes, pois, de tanto conviver com a espécie humana, acabam conseguindo pensar um pouco como eles.
Interessante o caso de um boi que exalta o pensamento dos homens e sua esperteza e diz que já conseguiu alcançar o mesmo nível de raciocínio dos homens. Pena que é ele mesmo que morre dentre todos os bois.
No meio disso, a história tocante de um menino que tinha o pai cocho que acabou morrendo. Enquanto vivia, o pai do menino sofria muito, pois sua mulher o traia com outro homem bem na cara de seu próprio filho. O menino tem um ódio muito grande desse homem e os bois também. Até que, quando eles estavam levando os bois para pastar, os bois perceberam que se o carro se movesse mais rápido o homem morreria e foi assim que eles mataram o homem.
Uma outra parte desse conto se parece muito com a poesia de Drummond Cantiga de Enganar, nessa parte os bois desprezam os nomes que os homens lhe deram negando-os veementemente e colocando em voga sua força perante a situação. Essa história também flui bem mesmo que a história seja um pouco triste e as coisas demorem um pouco de acontecer. Em contrapartida, acompanhar tudo sobre a visão dos animais é, além de inovador, bem interessante.
9] A hora e a vez de Augusto Matraga
Essa história é a mais conhecida e conta a história de um homem que, resumindo, era muito mau e, depois de quase morrer, se torna muito bom e acab defendendo uma vila e morrendo para salvar as pessoas.
O que se aborda muito sobre esse conto é a quebra com o maniqueísmo em que um homem antes mal se torna bom, mas não deixa de ter características más o que destrói aquela ideia de que ou a pessoa é boa ou má.
Em resumo, foi um livro difícil, principalmente no princípio. Depois, fui me acostumando, mas não foi um livro que gostei de ler. O trabalho do narrador é muito grande, mas “não comove” muito.
Queria ter gostado mais, mas percebo as características que tornam essa obra especial.
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