Sagarana

Sagarana João Guimarães Rosa




Resenhas - Sagarana


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CrisIngrid 13/11/2023

Minha experiência de leitura
“Ai, que mundo triste é este, que a gente está mesmo nele só p’ra mor de errar!... E, quando a gente quer concertar, ainda erra mais...”

Publicado pela primeira vez em 1946, “Sagarana” reúne nove peças (a maioria, novelas) que servem como amostra do que João Guimarães Rosa tinha de melhor para oferecer à literatura brasileira. Nas palavras de Lins, o autor, em sua grande estreia, apresenta “completo domínio dos recursos literários [documento, estilo, riqueza, descrição, ciência, densidade] e com uma requintada experiência pessoal da arte de ficção.”

E não dá para falar de Rosa sem citar o inestimável Antonio Candido que, além de chamá-lo de mestre, considerou seu regionalismo mineiro “menos uma região do Brasil do que uma região da arte”.

Em minhas humildes palavras, que pouco me aventurei nas águas profundas da crítica literária, mas muito me adentro em minhas leituras, digo que o encantamento das histórias de Rosa se escondem em sua capacidade de nos fazer pulsar junto de seus personagens, como um só coração. Se por um descuido você se deixa levar pela narrativa dele, já era... Você será sugado para um sertão mineiro mais vibrante que um diapasão. Torcerá pela concretização da ving4nça de fulano, esperará que ciclano tome jeito na vida.

E algo que me fez regozijar por ser leitora foi me deparar com frases como

“boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...”; “dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito...”; “Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando..”

Que exemplos deliciosos de aliteração, de trabalho linguístico refinado. Inclusive, caso se aventure, aconselho a ler em voz alta. É uma delícia sentir a musicalidade que essas linhas criam.

Contudo, além do sabor do estilo, Rosa encanta por seu conteúdo universal e humano. Ainda estou comovida com a humanidade densa de “A hora e a vez de Augusto Matraga” – a história de um valentão arrependido que, após ser deixado quase morto pelos capangas de seu inimigo, leva anos para recuperar a saúde do corpo e acalmar o espírito vingativo. Igualmente inquieta me deixou “Duelo” – peça na qual acompanhamos dois adversários armando várias emboscadas para acabar um com o outro. Só posso dizer que o fim é inesperado.

Para não me estender mais, só gostaria de dizer que esta obra é para ser lida com calma, com gozo, deixando o coração participar do processo. Ler Guimarães Rosa faz bem pra vida. Ouso dizer que ensina a viver.

“[...] porque chorar sério faz bem.”
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Hegon Tavares 10/11/2023

O Mundo Mágico do Sertão
O mundo mágico do sertão é um lugar de encanto e mistério, onde a natureza exuberante e as tradições culturais se entrelaçam em algo único. É um cenário de vastas paisagens áridas e ao mesmo tempo, repleto de vida e cores vibrantes. Nas veredas e caatingas, histórias ancestrais ecoam, passadas de geração em geração, como preciosos tesouros do imaginário coletivo.

A magia do sertão revela-se nas crenças populares, nos mitos e nas lendas, onde seres fantásticos ganham vida e se entrelaçam com o cotidiano simples e árduo dos sertanejos. Quantas histórias ouvimos dos nossos avós sobre todo esse folclore? Tocha, Cumade Fulôzinha, entre outras.
É nesse mundo encantado que as adversidades são enfrentadas com resiliência e sabedoria, e onde a fé no divino e no sobrenatural se entrelaça, guiando o destino daqueles que habitam essa terra mística. O sertão transcende as fronteiras geográficas e se torna um estado de espírito, uma reverência à natureza e ao espiritual que desafia o tempo e perpetua-se como uma parte fundamental da alma brasileira.

Rosa uniu seu vocabulário erudito com o dialeto do sertão de Minas e criou, jovem - seu primeiro livro -, a escrita mais bela do país.
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Vinicius 03/11/2023

Uma celebração da nossa cultura
Este foi meu primeiro contato com Guimarães Rosa e no início pensei em desistir. É um desafio por muitas razões, o texto é complexo em diferentes níveis, desde a escolha das palavras, que parecem ser pescadas com grande habilidade dentro do dicionário (infinito) que é a cabeça do autor, até a construção das frases com metáforas, prosas poéticas e onomatopeias.

Se não bastasse tudo isso, o autor ainda cria palavras e dá novo uso a outras. Sinceramente, no início parecia que se tratava de um dialeto com algumas (poucas) palavras em comum com o português. Mas não, era apenas a língua portuguesa na sua máxima expressão, parece que usada em toda sua potencialidade.

Em alguns momentos apenas li, em outros apenas ouvi o audiolivro, e depois fiz as duas coisas combinadas, as experiências foram bem diferentes em cada parte, parece que Guimarães Rosa cuidou de cada detalhe, da edificação das frases à sonoridade do texto.

Sempre me surpreendi com a capacidade da Clarice Lispector utilizar a linguagem, mas o Guimarães Rosa apelou de um jeito de quem não sabe brincar.

Chorei em alguns contos, nas cenas mais banais, porque na simplicidade dos gestos e atitudes havia uma grande descarga de serumanidade, de boniteza crua da alma, um contraste da espinheza do campo e da sublimessência do esperançar (agora eu quero inventar palavras também, me deixa... kkk)

Com um olhar atual da obra pode surgir algum desconforto em algumas passagens, com trechos que sugerem um racismo estrutural. Ainda que a crítica seja válida, assim como entender o contexto em que a obra foi feita, acho que o livro merece ser revisitado algumas vezes no futuro, para extrair todo seu sumo.
edu basílio 03/11/2023minha estante
li este livro aos 18 anos, para prestar um vestibular, e com essa idade eu apenas o achei chato e incompreensível. sabendo o que a obra de G.R. representa para a língua portuguesa, talvez eu releia em algum momento na maturidade :-)


Vinicius 04/11/2023minha estante
Quanta coisa a gente lê por obrigação sem ter a maturidade pra isso, né...
Difícil achar que alguém com 16/18 anos vá apreciar um livro assim... pode até criar o efeito contrário. É uma coisa que precisa ser repensada na nossa educação.
Mas reveja Guimarães Rosa sim, tenho certeza que vai gostar


Brenno 04/11/2023minha estante
Também tive a mesma experiência inicial do Eduardo. O primeiro conto, o do burrinho, salvo engano, foi uma tortura desbravar. Não tinha maturidade na época, mas felizmente anos depois dei nova chance ao Guimarães e que bom que o fiz. Um dos nossos maiores escritores com toda certeza!


Brenno 04/11/2023minha estante
Espero que você encare o Grande Sertões em breve, Vinicius


Vinicius 06/11/2023minha estante
Quero sim, Brenno... se bem que o melhor a gente deveria deixar pro final rsrs




Mclaraaki 01/11/2023

Histórias que me levaram para o ambiente de Sagarana... a vida no interior, e simples. Você fica imerso no Universo desse livro
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CAcera3 15/10/2023

Rosa sendo Rosa: um exímio contador de histórias
Em seus contos o Rosa demonstra sua excelente qualidade de contador de histórias. Com as marcas da oralidade popular ele consegue nos transmitir sentimentos de forma tão profunda, que parece que estamos dentro da cena presenciando ou até mesmo protagonizando a história. Destaque para meus contos favoritos dessa coletânea: Sarapalha, Duelo, Conversa de bois.
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voracious 09/10/2023

Não entendi muito direito
Li por obrigação, mas gostei de conhecer esses cenários diferentes.
Me senti burra em 50% da minha experiência com essa obra, mas sim, acho que todos deveriam dar uma chance pro autor, pelo menos uma vez na vida.
As estórias são divertidas, e se você teve bastante contato com lendas, parlendas, e folclore brasileiro, vai conseguir pescar muita coisa, entender melhor a complexidade da obra e genialidade do autor.
Talvez eu releia ele, num futuro distante, só de curiosidade para saber se conseguirei me conectar melhor, num cenário não obrigatório.
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Daiane 19/01/2024minha estante
Falou tudo!




giovana 07/10/2023

- É a versão dos otários, também.
O conto “Minha Gente” é narrado em primeira pessoa onde o narrador-personagem alega contar a história de sua viagem a fazenda de seu tio, Emílio.

A leitura do conto é marcada por sua linguagem regionalista e pela descrição da paisagem do sertão mineiro. O autor é habilidoso ao apresentar os personagens e suas peculiaridades através da linguagem, descrevendo traços físicos e personalidades. Além da utilização de neologismos (palavras criadas pelo autor que não existem no dicionário), o que dificulta um pouco a leitura. Os diálogos são vívidos e autênticos, revelando suas relações e conflitos. A linguagem utilizada nas conversas reflete o sotaque e linguajar do sertão.

obs.: somente li o conto "minha gente" devido a um trabalho. não estou resenhando sobre nenhum outro conto do livro.
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Mari 19/09/2023

Reconheço o valor da obra...
Reconheço a importância da obra de Guimarães Rosa e como ele foi a referência ao retratar a jornada sertaneja, então levarei isso em consideração na minha avaliação.
A originalidade na escrita é genial! Gostei de três contos que me mantiveram bastante interessada na narrativa. Porém, não foi uma leitura para mim. A maior parte eu não estava interessada no que acontecia e foi até difícil passar do primeiro texto, que foi cansativo para mim e me deu a sensação de ter passado horas lendo sobre gado pastando e sendo tangido. Tenho respeito pela vida sertaneja, mas acabei não me envolvendo com ela na literatura, neste caso. Foi cansativo, trabalhoso e terminei apenas pela perseverança, sem vontade de voltar a ler.
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Isabela.Felizardo 31/08/2023

Sagarana
Realmente, uma obra de arte. a linguagem não é tão simples, mas vendo as aulas do meu professor antes dava pra entender tranquilamente! e que histórias incríveis. adoreiiii
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Paloma 29/08/2023

Sobre a experiência de leitura
O tema da narrativa na vida sertaneja, a predominante (e exagerada) descrição do ambiente, dos animais...descrições apesar de belas e poéticas, acabaram sendo um tanto cansativas quando em demasia, o que acabava me deixando meio perdida na leitura, diminuindo meu interesse em seguir lendo.

Por isso procurei dedicar um momento específico pra leitura deste livro, momento em que eu estivesse disposta a lê-lo, para aceita-lo melhor, pelo que ele tinha a entregar e não me fazer desgostar tanto da experiência de leitura. Escolha que deu muito certo, pois cheguei a me interessar e até me divertir em alguns momentos da leitura, mas estes alguns momentos não conseguiram tornar a experiência muito boa como um todo.

Sinto que foi interessante para conhecer a escrita do autor, mas acredito que o tema do conteúdo me distanciou da possibilidade de gostar mais da leitura.
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Marcos606 21/08/2023

A obra de João Guimarães Rosa é caracterizada pelo estilo inovador de prosa, derivado da tradição oral do sertão, com o qual ele revitalizou a ficção brasileira. Suas histórias são retrato dos conflitos dos sertanejos em Minas Gerais, e reflete os problemas de uma sociedade rural isolada em se ajustar a um mundo urbano moderno.

Um ciclo de histórias tão densamente envolvido que adiciona um componente quase mítico em seu folclore, cada uma apresentando uma faceta de um povo, que só no conjunto pode ser amplamente entendido.
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Neilania 16/08/2023

Maravilhoso!
A narração do Rubens Caribe torna ainda mais rica a obra. Interpretando os personagens, e dando a descrição um brilho maior.
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renacentist 12/08/2023

Imagina falar mal de sagarana e achar q esse livro eh chatoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
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Brenno 13/07/2023

O que falar deste livro?
Sagarana foi um dos melhores livros que já li até hoje. Cada conto é desenvolvido plenamente, João Guimarães Rosa cria uma ambientação complexa e selvagem, onde procura descrever cada detalhe apossando-se do neologismo e da oralidade do sertão.

Em alguns momentos a leitura torna-se difícil, mas, a partir do momento que você envolve-se com o enredo, nada te para.

É ambientado no sertão mineiro, explorando diferentes narrativas, abordando diferentes histórias, apresentando personagens cada vez mais complexos.

Ele lida minuciosamente com suas tramas, mantendo a originalidade de cada uma. São nove histórias, todas extremamente distantes, mas ao mesmo tempo, iguais. Ou seja, mesmo que em um dos contos descreva uma narrativa repleta de traições e conflitos políticos, você não negará que essa narrativa é tanto do livro Sagarana quanto o conto que lida com a pecuária do sertão.

O autor explora diferentes janelas, apresenta cada diferente característica do sertão mineiro e mantém a originalidade em cada uma delas.

As fábulas, mitos, histórias pra boi dormir - como dizem - são as melhores coisas do livro, na minha opinião. A fantasia é dosada de maneira certa, não tirando a seriedade da obra, mas sim mostrando o quando a misticidade está presente na vida dos sertanejos; o quanto ela é essencial para lidar com a difícil vida no sertão.

João Guimarães Rosa dá uma aula de literatura (e biologia). Ele é um patrimônio da cultura brasileira.
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