Mulheres

Mulheres Eduardo Galeano




Resenhas - Mulheres


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Alê | @alexandrejjr 21/06/2020

A culpa e o reconhecimento

O uruguaio Eduardo Galeano é um mestre da narrativa curta e neste "Mulheres" o leitor será apresentado a uma antologia com textos que provocam as mais variadas sensações.

As breves narrativas, espalhadas antes em outros livros do autor, mostram formar aqui uma unidade poderosa. Galeano tenta puxar para si a terrível culpa que todos nós, homens, carregamos. Ele mostra que, na maioria das vezes, a fragilidade masculina negligencia a genialidade feminina. Para tal efeito, somos apresentados a personagens celebradas como Joana d'Arc, Frida Kahlo ou Marilyn Monroe. Mas também refletimos sobre as esquecidas e anônimas prostitutas da Argentina, as mães pobres chinesas impedidas de alimentar seus filhos e até as umbandistas brasileiras. E a mensagem é clara em todas as histórias, às vezes difíceis de digerir, mas sempre impactantes.

Um daqueles livros que dá orgulho de indicar, pois aqui a literatura faz seu papel, o de ampliar a nossa visão. E, não precisaria dizer, mas é leitura obrigatória para homens.
Manuella_3 22/06/2020minha estante
Alê e suas resenhas inteligentes que me deixam saboreando cada palavra e desejando mais um livro!


Alê | @alexandrejjr 22/06/2020minha estante
Gentileza sua, Manuella. Obrigado por acompanhar e deixar palavras gentis aqui. ?


Manuella_3 22/06/2020minha estante
?


day t 17/05/2021minha estante
amo mais que açaí! hahaha ???


Alê | @alexandrejjr 17/05/2021minha estante
Bom demais, né, Day?!


Pilar 17/11/2022minha estante
Li esse ano e voltei aqui na sua resenha pra concordar com ela. Próxima parada: livro dos abraços ??




raafaserra 21/07/2021

um livro para se carregar
Bom, sou suspeita pra falar de Galeano pois sou apaixonada por ele. Mas...acho que essa paixão toda me deixou com expectativas meio irreais pra esse livro, sendo essa a única causa dele perder uma estrela pra mim, kkkkkkkk.

Deixando os meus delírios de lado, a obra é muito massa. A proposta dela é trazer à tona histórias de mulheres apagadas pela história por meio de contos bem curtos. Sejam prostitutas, jornalistas, burguesas inconformadas ou aquelas que inspiraram lendas urbanas, Galeano não dará, mas sim reentregará, a voz para todas essas personalidades. Vozes antes entaladas na garganta finalmente se tornaram o grito dessa obra.

Recomendo também, antes de ler, buscar algumas entrevistas ou aulas do Galeano no YouTube, não só pra entender melhor a sua concepção humana mas também porque é imperdível e você não vai se arrepender :)
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Jeff_Rodrigo 23/10/2023

Meio poesia, meio crônica, é difícil classificar essa obra.

Basicamente, trata-se de um apanhado de histórias em que as personagens mulheres, fictícias ou não, são descritas sobre a ótica de um poeta-historiador que tenta entender as suas angústias e significados perante as incertezas e conflitos do mundo.

Cada personagem, por sua vez, tem o seu momento e a sua condição, não sendo alheia ao caminhar dos acontecimentos. A sensação que tive é que uma hora Galeano tenta descrever cada uma dela de fora para dentro (suponho, que como um historiador o faria); e noutra, ele tenta fazer o percurso inverso, tendo como parâmetro os próprios afetos que criou em momentos conturbados de nossa história recente - principalmente a latino-americana.
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Rosa Santana 19/12/2010

MULHERES - Eduardo Galeano

Mulheres, de Eduardo Galeano, 176 páginas, editora L&PM, é uma antologia que reúne textos publicados nos seguintes livros do autor: Vagamundo, Dias e noites de amor e de guerra, Memória do fogo: os nascimentos (I), As Caras e as máscaras (II) e O Século do vento (III), O livro dos abraços e As palavras andantes.

Com seu modo habitual de manejar as palavras, o escritor cria um discurso poético, no sentido amplo do termo, produzindo uma obra a que definiu como sendo “ficção uruguaia - Crônicas”. O livro é composto de pequenos textos, desligados uns dos outros, tanto no que se relaciona às personagens específicas, quanto às questões de tempo/espaço em que elas – as personagens - estão inseridas. O autor nos relata: “pequenas” histórias das mulheres índias, negras, pobres, ao longo da conquista do território americano; aqueles malefícios a que nos submetemos, cada uma de nós, para nos adaptarmos aos padrões de beleza e da moda; os ardis do poder para queimar vivas as desprotegidas mulheres “solteiras-viúvas-com-posses”, criando para elas um poder que, em verdade, não detinham: o de fazer bruxarias...

O autor circula pelas Américas, passando, inclusive, pelo Brasil, Canadá, EUA... Não bastasse isso, ele viaja também no tempo. Desse longo espaço geográfico e cronológico, retira suas personagens, dispersas. E as traz, com suas atrozes histórias: a de mulheres que, à vista de seus filhos, têm suas línguas arrancadas, são espancadas, violentadas e, ainda, de forma insultuosa, tachadas de prostitutas; são amarradas aos cavalos e arrastadas pelas ruas das cidades em que os europeus ocupam cargos mandatários; a daquelas que, à frente de gigantescas fogueiras, percebem-se como alimento para o fogo: lenha, apenas; a de mulheres como, por exemplo, Rita Hayworth e Marilyn Monroe, a Vênus platinada , que se vêem “fabricadas” de tal maneira, que não conseguem mais sair da engrenagem que as arrasta e as comprime para o martírio da solidão e da incessante busca de aprovação por parte das massas; até mesmo a daquelas matronas, “bem casadas”, "bem nutridas" que foram feitas para servir ao pai, aos irmãos e, depois, ao marido estão nesse desfile.

...

Pode-se dizer que o livro de Eduardo Galeano, por reunir histórias em cujas “tramas” estamos nós, e, sempre com a mesma temática, é, na verdade, uma narrativa ampla, cuja única personagem é a mulher como que a dizer “Trago comigo todas as idades”* e/ou “Todas as vidas dentro de mim: na minha vida!"**. Como participantes da História estamos aí generalizadas por sermos, todas, ao longo do tempo e do espaço, vítimas; como participantes da ficção de Galeano, cada uma se individualiza pelos seus diferentes atos e pela forma com que são imoladas; não pelo conteúdo dessa imolação.

Contando-nos isso, o uruguaio conta-nos, também, a história do silêncio e do descaso a que a História nos relegou... a mesma História que, ao dizer de Bertolt Brecht, tem “Uma vitória em cada página/ Quem cozinhava os banquetes da vitória?”***. Ou seja: o poder nunca contou a escura história das obscuras...

Eduardo Galeano com Mulheres, coloca à nossa frente uma grande linha do tempo que se estende como um mosaico, a marcar o percurso da opressão e da tirania contra nós, as frágeis figuras, porque, culturalmente, nos quiseram assim.


A título de ilustração, coloco aqui o poema de Sônia Queiroz:



DAS IRMÃS

os meus irmãos sujando-se
na lama
e eis-me aqui cercada
de alvura e enxovais.

eles se provocando e provando
do fogo
e eu aqui fechada
provendo a comida

eles se lambuzando e arrotando
na mesa
e eu a temperada
servindo, contida

os meus irmãos jogando-se
na cama
e eis-me afiançada
por dote e marido


..............



*Cora Coralina.Todas as Vidas. In: Vintém de Cobre
** Ibiden.
**** Bertolt Brecht.

................


EXCERTOS QUE DESTACO:

MUNDO POUCO

O amo de Fabiana Crioula morreu em 1618, em lima. Em seu testamento, rebaixou-lhe o preço da liberdade, de duzentos a cento e cinqüenta pesos.

Fabiana passou toda a noite sem dormir, perguntando-se quanto valeria a sua caixa de madeira cheia de canela em pó. Ela não sabe somar, de modo que não pode calcular as liberdades que comprou, com seu trabalho, ao longo do meio século que leva no mundo, nem o preço dos filhos que fizeram nela e depois arrancaram dela.

Nem bem desponta a alvorada, acode o pássaro a bater na janela com o bico. Cada dia, o mesmo pássaro avisa que é hora de despertar e andar.

Fabiana boceja, senta na esteira e olha os pés gastos.

(página 80)

...............................

JUANA AOS DEZESSEIS

(...)Juana caminha rumo ao convento de Santa Teresa a Antiga. Já não será dama da corte. Na serena luz do claustro e na solidão de sua cela, buscará o que não pode encontrar lá fora. Quisera estudar na universidade os mistérios do mundo, mas as mulheres nascem condenadas ao quarto de bordar e ao marido que as escolhe. Juana Inês de Asbaje será carmelita descalça, e chamará Sor Juana Inês de la Cruz.

(página 89)

....................................

JANELAS SOBRE AS PERGUNTAS

Sofia Opalski tem muitos anos, ninguém sabe quantos, ninguém sabe se ela sabe. Tem apenas uma perna, anda em cadeira de rodas. As duas estão bem gastas, ela e a cadeira de rodas. A cadeira tem parafusos frouxos, e ela também.

Quando ela cai, ou quando cai a cadeira, Sofia chega do jeito que der, até o telefone e disca o único número do qual se lembra. E pergunta, lá do fim do tempo:
- Quem sou eu?

Muito longe de Sofia, em outro país, está Lucia Herrera, que tem três ou quatro anos de vida. Lucia pergunta, lá do princípio do tempo:

- O que quero eu?
(página 172)

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Márcia Regina 01/03/2010minha estante
Rosa, tua resenha está excelente. Galeano é muito dez.

Tenho algum material da Sor Juana Inês de la Cruz. Há tempos, quis escrever algo sobre ela, mas acabei encontrando um livro de Octávio Paz que dizia tudo o que eu queria dizer. Achei mais fácil continuar como leitora mesmo :-)


Srtª Kelly 23/04/2010minha estante
Esse Galeano é o máximo... e suas resenhas Rosa são incriveis, parabens!




Edja 21/05/2020

Crônicas sobre mulheres em épocas diversas. Galeano tem uma escrita cheia de afetos. Livro muito bom!
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Mateus com h 28/06/2020

maravilhoso
a mulher é um poema que não só transborda liberdade, mas também transcende. Primeira leitura (de muitas) do senhor Eduardo Galeano.
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Talita.Lobo 22/09/2022

Tenho uma dificuldade própria com pequenos textos. Estou aprendendo a lê-los, a aproveitá-los, a saboreá-los. Para mim a escrita de Galeano não é ruim, ao contrário, é um ?ambiente? de mil oportunidades de críticas, interpretações, insights. Mas eu ainda tenho dificuldade em ligar os pontos, em traçar uma rede, em compreender a tramas.
Meu momento com o Galeano é sempre posterior, é sempre quando eu consigo sair do livro e do meu momento solitário com as letras e levá-las à discussão com amigos, com leitores mais entusiásticos, para o dito dia a dia.
O livro apresenta histórias de mulheres incríveis, de muita luta, de muita representatividade, de muita emoção. Sinto que não o aproveitei em intensidade, mas duvido que tenho terminado a leitura sem ter aprendido muito de maneira muito sublime.
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Carol 16/06/2021

Quem são essas mulheres
Neste apanhado de pequenos contos, Galeano fala de mulheres e por mulheres de uma América Latina colonial, que tiveram em suas vidas as marcas de uma exploração histórica.
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Atrolhado 24/06/2017

Mulheres...
Uma leitura gostosa, daquelas que dá prazer de engolir e sentir o gosto de cada palavra
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thaw 14/04/2022

ni sumisas, ni devotas
confesso que do início para o meio a leitura não tinha me conquistado tanto, com exceção de alguns textos muito bons. mas, do meio pro final, a leitura me emocionou demais. li as últimas páginas chorando ? em especial com ?a carícia?. vale muito a pena ler pra se emocionar, se orgulhar, conhecer mulheres incríveis da História e, sobretudo, se identificar enquanto mulher latinoamericana.
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Fernanda Santos 04/05/2020

Uma expressão belíssima sobre a mulher, sobretudo as latinas. Leitura reflexiva e que traz vários questionamentos sobre o papel e importância da mulher. Alguns contos são doloridos e outros cativantes. Sempre é bom ler Galeano!
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Brenda 17/06/2020

Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas
pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher
atravessada em minha garganta.
@falavaleria | Valéria Martins 25/06/2020minha estante
Amo esse poema!




Lourena.Oliveira 15/05/2021

Essencial
Muitas mulheres icônicas, esquecidas pela História, receberam essa fagulha de memória em forma de homenagem. Lindo, cirúrgico e necessário.
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Mariana 03/11/2020

Confesso que eu esperava mais.
É basicamente uma coletânea de trecho que possuem personagens mulheres - se é que entendi certo - mas nao sei se ficou tão legal, sabe?
Os mais interessantes são muito curtinhos. A única coisa que eu aproveitei de verdade, é que ele fala (em alguns) de onde tirou o trecho, de quel história/livro, e aí acabei pegando a referência.

É muito curtinho, de verdade! Da pra ler num dia (eu não consegui porque não gostei muito), então pra quem curte leituras rápidas, pode ser uma opção - mas real, tem outras melhores.
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Luisa 11/04/2022

te amo gale
olha no geral eu sou contra homens escrevendo sobre pautas femininas mas o eduardo galeano pode fazer o que ele quiser te amo bebê
vale dizer que como sao cronicas curtissimas com uma média de 2 paginas cada, é uma leitura bem tranquila mesmo pra quem tem problemas de atenção
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