Morfemas do Português

Morfemas do Português Valter Kehdi




Resenhas - Morfemas do Português


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Dudu 07/09/2021

Ótimo livro para Morfologia.
Livro com material bem resumido e tranquilo de entender, além de possuir alguns exercícios ao final que são de grande ajuda para que possa haver alguma prática do que foi lido. Fiz a leitura porque estou fazendo a disciplina Morfologia I e o livro me foi muito útil. É um tanto quanto introdutório, então, para as pessoas que já têm uma base legal nesse conteúdo, talvez não seja muito proveitoso.
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Maiara 15/01/2021

Bom
Livro ótimo para consultas e dúvidas em relação às discussões linguísticas morfossintáticas. Funciona como uma espécie de dicionário, que deve ser consultado quando preciso, ou também como referências bibliográfica em artigos/etc relacionados ao tema ou que necessitem dessa teoria.
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Jhonny 26/08/2016

Ótimo livro
Salvou-me durante minha graduação.
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Andrelize 29/12/2011

Resumo/Resenha do livro Morfemas do Português.
1. Sincronia e Diacronia:
Quando estudamos uma língua focando no estado atual, com preocupações descritivas estamos tratando de um estudo com enfoque sincrônico e, quando estudamos uma língua procurando compreender o processo evolutivo da mesma, tratamos de um estudo com um enfoque diacrônico.
Sincronia e diacronia podem contrapor-se quanto a métodos e resultados. Nem sempre a pesquisa terá o mesmo resultado, ele pode ser diferente dependendo do ponto de estudo (sincrônico ou diacrônico).
2. O problema da palavra:
Segundo a NBG (Nomenclatura Gramatical Brasileira), a morfologia deve ocupar-se das palavras quanto à formação, estrutura, flexões e classificações.
Do ponto de vista fonético devemos considerar a palavra como um vocábulo. Já do ponto de vista semântico o termo palavra é mais adequado.
Apresentamos a seguir, alguns critérios que caracterizam as palavras e as dificuldades correspondentes:
Palavra e unidade acentual:
A palavra foneticamente é definida como uma unidade acentual, um conjunto marcado por um só acento tônico. Mas, existem unidades acentuais que não são palavras, portanto esse critério fonético revela-se parcial e insuficiente para definir o termo palavra.
Ex. proposto: com o chinelo (a expressão apresenta apenas um acento tônico, mas não é apenas uma palavra).
Palavra e homonímia:
Homonímias são as formas lingüísticas de mesma estrutura fonológica, porém inteiramente distintas quanto ao ponto de vista significativo. Olhando sobre o aspecto semântico, os casos de homonímias se tornam ainda mais problemáticos.
Manga é apenas uma palavra ou cada um de seus significados é uma palavra diferente? Basta verificar em gramáticas diferentes para perceber que responder esse questionamento não é tarefa simples. Já que a palavra pode ter um sentido atualizado dentro de um contexto específico (frasal/textual), o que gera o fenômeno da polissemia, que é a possibilidade variações de sentido dependendo do contexto, isso impede o estabelecimento de limites claros entre esta última e a homonímia.
Palavra e lexia:
O conceito de Lexia proposto por Bernard Pottier é que lexia é a unidade lexical memoriável. Os principais tipos de lexia são as simples e as compostas.
B. Pottier propõe alguns testes formais para a determinação das lexias, dos quais um dos mais operados é o da não-separabilidade dos elementos componentes.
Aplicando-o ao substantivo composto guarda-chuva, p.ex., notemos que qualquer modificador não pode romper o grupo em questão, portanto é um caso de Lexia. Já o vocábulo obedecerei ou casa de detenção embora consideradas palavras, não podem ser considerados lexias, pois podem romper-se. Note que casa de detenção e guarda-chuva são substantivos compostos, mas não são ambas lexias simples. Portanto, esse sistema exclui palavras e as deixa sem classificação.
Os critérios apresentados nos tópicos acima não são os únicos possíveis, mas nos mostram o quanto é dificultoso a caracterização da palavra e a dificuldade de uma morfologia baseada na palavra.
3. A segmentação morfemática:
As unidades mínimas significativas:
A análise da palavra é um elemento de constituição complexa cuja analise trará uma base mais rigorosa para os estudos morfológicos.
Analisaremos palavras aos pares para clarear o estudo sobre a linguagem, tendo como princípio a idéia de que a língua portuguesa é repleta de flexões.
Compararemos inicialmente: falávamos/falava. O elemento comum é falava e o elemento diferencial é –mos, que só ocorre na primeira forma. No par acima, -mos indica que a ação expressa no passado é realizada por um grupo de pessoas, entre as quais inclui o falante.
A forma comum, -falava- é igualmente decomponível, como mostra a comparação: falava/fala. O segmento destacável –va indica que a ação expressa pelo verbo se desenrola num passado que se prolonga (pretérito imperfeito do indicativo). Podemos ainda prolongar esse estudo comparatório. Comparando: fala/chora. Destacamos os elementos fal- e chor- que indicam ações diferentes. Portanto a forma verbal falávamos é constituída de quatro elementos: fal + à (marca da primeira conjugação) +va + mos. Com relação a esses segmentos convém ressaltar: são unidades portadoras de sentido; são elementos recorrentes e de grande produtividade na língua portuguesa; a ordem desses elementos é rígida.
Essas unidades mínimas significativas recebem o nome específico de morfemas. Lembrando que podem ocorrer alterações fonológicas como casos de crase e elisão na língua portuguesa.
A dupla articulação da linguagem:
Seguindo o mesmo raciocínio e baseando-nos no par: fala/mala. Destacamos f- e m-, que já não são elementos providos de sentido. A substituição de f- por m- contribui, entretanto para distinguir os vocábulos fala e mala.
Essas unidades distintivas desprovidas de sentido recebem a designação de fonemas. Representados por /f/ e /m/. Os pares caracterizados por apresentarem apenas um traço diferencial são chamados de pares mínimos. Quando comparando as formas e a substituição de um traço por outro acarreta uma mudança de sentido, realizamos o que se chama de comutação.
Diferenciando morfemas de fonemas temos: enquanto os morfemas são significativos, os fonemas são distintivos. Com base nesta distinção André Martinet estabelece a teoria da dupla articulação da linguagem: a uma primeira articulação , representada por unidades significativas (que A. Martinet designa como monemas), acrescenta-se a uma segunda articulação, de unidades distintivas (os fonemas). Mesmo que Martinet diga que morfemas e monemas não são sinônimos, essa idéia vem se generalizando e trataremos aqui ambos como sinônimos.
Ressalto que ao contrario do que nossa exposição pode levar a crer, as técnicas de analise fonológica se desenvolveram primeiro e posteriormente foram transpostas para o terreno da morfologia.
A importância do sentido:
Os pares canta/ cantas e mesa/mesas permitem-nos depreender o –s. Ocorre que, no primeiro indica segunda pessoa do singular, ao passo que, no segundo é marca de número plural. Neste caso, temos dois morfemas homônimos. Além de apresentarem diferenças de significado também apresentam diferenças de caráter formal.
Ao operarmos com determinados pares, devemos evitar as falsas comutações, que podem levar-nos a destacar elementos desprovidos de sentido. Cumpre, ainda, esclarecer que os segmentos comuns ao par devem ter o mesmo valor semântico.
4. Alomorfes e morfema zero:
Vejamos os paralelismos que resultaram da transposição das técnicas da analise fonológica para a analise morfológica.
Alofones e alomorfes:
Alofones são variações ocorridas com fonemas através de variantes (lama/alma). O mesmo pode ocorrer com os morfemas que nem sempre são caracterizados por uma única forma. No adjetivo infeliz permite-nos depreender o morfema –in. Esse mesmo morfema realiza-se como –i antes de radicais iniciados por l,m e r; ilegal, imoral e irreal. Essas diferentes realizações são designadas de alomorfes em paralelismo com alofones.
A forma básica:
A existência de diferentes alomorfes para um mesmo morfema remete-nos ao problema da escolha de um deles para representar o conjunto. O alomorfe selecionado recebe a designação de forma básica; nem sempre é fácil estabelecer essa forma, mas alguns critérios podem ser apontados.
O critério básico é o estatístico, é o que especifica que, dentre as variantes existentes, é escolhida a forma básica mais freqüente. Quando os alomorfes apresentam a mesma freqüência, escolhe-se a forma básica em função do critério da regularidade de formação.
Alomorfe ou morfema:
A depreensão dos morfemas não se reduz a um mero exercício formal. É fundamental que se leve em conta o elemento semântico. Os morfemas que possuem o mesmo sentido são alomorfes (amável e amabilidade).
Morfema zero e alomorfe zero:
Morfema zero é a ausência de morfema, como no caso de falava, sabemos que representa aqui a primeira ou a terceira pessoa do singular; no entanto, não se destacou nenhum segmento que exprima essas noções.
Só podemos destacar um morfema zero se três condições forem satisfeitas: é preciso que o morfema corresponda a um espaço vazio; esse espaço vazio deve opor-se a um ou mais segmentos; a noção expressa pelo morfema zero deve ser inerente a classe gramatical do vocábulo examinado.
Quando, numa serie de alomorfes, houver a ausência de um traço formal significativo num determinado ponto da série, podemos designar como alomorfe zero essa ausência. Pode-se verificar no substantivo pires, que apresenta a mesma forma no singular e no plural.
Em português os alomorfes de plural são -es, -s, -is, podemos dizer que pires é constituído do radical pires mais o alomorfe zero de número (singular/plural). Em suma, o morfema zero ocorre em uma série de morfemas, ao passo que o alomorfe zero ocorre numa série de alomorfes.
5. Classificação dos morfemas:
De acordo com a doutrina de L. Bloomfield, as formas são classificadas em livres (conforme possam funcionar como enunciações isoladas: p.ex.:mar, sol) e presas (quando só aparece, atreladas, como o –s do plural em mesas).
Radical:
O radical corresponde ao elemento irredutível e comum às palavras da mesma família. Devemos evitar a designação de raiz, vinculada à perspectiva diacrônica. Afinal, nem sempre há coincidência entre o enfoque diacrônico e o enfoque sincrônico.
Afixos: prefixos e sufixos:
Designam-se afixos os morfemas que se anexam ao radical para mudar-lhe o sentido ou acrescentar-lhe um idéia secundária. Podem contribuir ainda, para a mudança da classe do vocábulo.
Os afixos antepostos ao radical denominam-se prefixos e quando pospostos recebem a designação de sufixos. Note que o acréscimo de um prefixo não contribui para a mudança de classe do radical, ao contrário do que ocorre com os sufixos. Os prefixos agregam-se normalmente a verbos e adjetivos. Os sufixos podem ser nominais (quando se atrelam a substantivos e adjetivos) e verbais.
Desinências:
São os morfemas terminais das palavras variáveis.Servem para indicar as flexões de gênero e numero (desinências nominais), e de modo-tempo e número-pessoa (desinências verbais). Apesar de se localizarem no lugar dos sufixos diferem-se dos mesmos pelas seguintes características: as desinências através da concordâncias a elas associada, colocam a palavra na frase; as desinências são morfemas que não se podem dispensar.
O substantivo, em português, flexiona-se apenas em gênero e numero, e é dos morfemas correspondente a essas flexões que nos ocuparemos a seguir.
Desinências de gênero:
O gênero em português pode exprimir-se através de flexão, de derivação ou de heteronímia. Trataremos aqui apenas da flexão.
Mattoso Câmara afirma que o masculino morfema zero opõe-se a um feminino –a. A vogal –o esta intimamente relacionada ao masculino, portanto podemos afirmar que a flexão de gênero não se reduz a uma oposição de morfema zero/a; e , sim, a uma oposição –o/-a.
Desinências de número:
Enquanto o plural é caracterizado pelo –s o singular não apresenta nenhuma forma específica, podendo ser considerado um morfema zero no que se refere ao número.
Desinências verbais:
Há dois tipos de desinências verbais: as que exprimem modo e tempo (modo-temporais) e as que indicam número e pessoa (número-pessoais). As desinências modo-temporais precedem as número-pessoais. Veja tabela (PP.33).
Vogais temáticas:
As vogais temáticas localizam-se entre o radical e a desinência. Tem por função marcar classes de nomes e verbos;
Vogais temáticas nominais:
As vogais temáticas nominais, em português são –a,-e e –o, respectivamente. Enquanto as desinências –a e –o comutam para modificar o gênero, a vogal temática não possui essa característica. Para os nomes terminados em consoante, a vogal temática será ou não postulada, conforme o quadro descritivo escolhido.
Vogais temáticas verbais:
São três: -a- (primeira conjugação), -e- (segunda conjugação) e –i- (terceira conjugação). É praxe identificá-las pelo infinitivo; são as vogais que antecedem o –r- desinencial: am-a-r.
É possível recuperar a vogal temática, já o morfema e o alomorfe erro não podem ser recuperados.
Vogais e consoantes de ligação:
As vogais de ligação são //i// e //o//. A vogal //i// figura na composição de elementos latinos e //o// na composição de elementos gregos.
Só pode ser considerada vogal e ligação se puder ser isolada.
As consoantes de ligação mais produtivas em português são //z// e //l//. São extremamente raras a ocorrências de outras consoantes de ligação na língua portuguesa.
6. Classificação dos morfemas.
Podem ser do ponto de vista funcional: aditivos, subtrativos, alternativos, reduplicativos, de posição e zero.
Morfemas aditivos:
São segmentos que se agregam a um núcleo. Apontamos como exemplos os afixos (prefixos e sufixos), as vogais temáticas (nominais e verbais) e as desinências (nominais e verbais). São os que predominam em português.
Morfemas subtrativos:
Quando se dá a supressão de um fonema do radical para exprimir alguma diferença de sentido, tem-se o morfema subtrativo. Podemos afirmar que em alguns casos o feminino é obtido através da eliminação do –o do masculino (anão/anã).
Morfemas alternativos:
Consistem na substituição de fonemas do radical, que passa a apresentar duas ou mais formas alternantes; dessa alternância resulta o morfema.
Morfemas reduplicativos:
A língua portuguesa não apresenta morfemas reduplicativos. Em nossa língua o fenômeno da reduplicação é comum na linguagem infantil e nos hipocorísticos: papai, mamãe, vovó, Zezé, fifi; ocorre também em alguns compostos; pingue-pongue, reco-reco, tique-taque. Saliente-se que esses exemplos não se revestem de valor morfológico: ilustram, na verdade, o chamado redobro expressivo que realça o vocábulo.
Morfemas de posição:
O morfema de posição distingue-se dos aqui apresentados por não se constituir nem em acréscimo, nem em subtração de segmentos. Podem implicar em mudança semântica, gramatical ou não causar nenhum tipo de mudança gramatical ou semântica. O que de fato sempre ocorre é a modificação do posicionamento dos morfemas na frase.
Morfema zero:
São comuns em português os exemplos de morfema zero na flexão verbal; com freqüência, as desinências modo-temporais e numero-pessoais são representadas por esse tipo de morfema. Lembremos, contudo, que não se deve postular um morfema zero quando estamos diante de um elemento recuperável: em ame, não se deve falar em vogal temática zero, visto que em amA-, a vogal temática se elide antes da desinência de modo-temporal –e; am(a)e.
Referências:
KEHDI, Valter. Morfemas do Português. São Paulo: Ática, 1990 (Série Princípios).
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