Aonde a gente vai, papai?

Aonde a gente vai, papai? Jean-Louis Fournier




Resenhas - Aonde a gente vai, papai?


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Samuca 02/12/2009

Ter um filho “normal” não é nada fácil, diz a minha mãe. Tudo bem que eles dão certas alegrias e, às vezes, até orgulho. Mas, o trabalho, as preocupações que chegam a estenderem-se anos a mais, pois quando acham que eles estão encaixando-se na vida, desistem de tudo e dão volta. Incomodam. Não são poucas as vezes em que da vontade de largar tudo – leia-se largá-los - e seguir em frente.
Imaginem então ter um filho deficiente. Aliás, um não, mas dois. Pois foi o que aconteceu com o “felizardo” humorista e escritor francês Jean-Louis Fournier. E é assim mesmo, com um deboche escrachado e cruel que ele descreve a sua vida ao lado de dois “presentes de Deus” – ironicamente, é claro – Mathieu e Thomas.
Por mais cru e frio que possa parecer, o pai/autor revela um sentimento terno e profundo pelos filhos. O deboche, a ironia, o riso por suas deficiências não o torna menos afável ou sentimental que um pai “normal”, ou como prefere Fournier “Não como os outros”. Ele não gosta muito dos termos anormal ou deficiente, que acaba classificando-os como não suficiente. Para ele, o mais adequado é considerá-los diferentes, “Não como os outros”. Dessa forma, fica uma dúvida no ar. “Einstein, Mozart, Michelangelo não eram como os outros”, conta ele. Além do que, ser como os outros nos põe num bocado de frias.
A sua crítica aguda e incisiva, com requintes de humor negro, desmascara uma hipocrisia da forma como enxergamos os deficientes, no caso os deficientes mentais. A maioria assume um ar indulgente ou circunspecto, como o autor mesmo diz, quando está diante de um. Rir das travessuras, das bobagens ou dos erros dos outros é algo natural. Entretanto, achar graça em um deficiente é pecado.
Fournier descreve sua participação em um programa de televisão da seguinte forma: “Falei de meus filhos, insisti no fato de que eles frequentemente me faziam rir com suas tolices e que não era necessário privar as crianças deficientes do luxo de nos fazer rir.” O único problema é que isso não foi ao ar, os produtores ficaram com medo de “chocar” as pessoas. E é esse medo que acaba, inconsciente ou conscientemente mesmo, escondendo e reprimindo os deficientes, sejam eles físicos ou mentais. Não ria, não fale, não olhe, não mostre, para não chocar.
Talvez, o que no fundo ele queira dizer é que o fato de tratar com extrema cautela ou com uma indulgência desmedida essas pessoas seja uma máscara posta para não chocar - os outros, principalmente.
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Ines 31/05/2022

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Ao ler esse livro tive um misto de sentimentos. Me fez refletir muito sobre o tema.
Valeu a pena a leitura.
matheus 31/05/2022minha estante
il vá la




LissBella 18/09/2010

Só lendo pra sentir e entender...
Puxa... que livro...

Confesso que o início do livro me assustou muito... o autor parecia frio e insensível em relação ao que contava... algumas frases tipo: "com frequencia não conseguia suportá-los, era difícil amar vocês. Com vocês era preciso ter uma paciência de santo, e eu não sou santo".

Assustei...

Mas então vem uma frase que muda um pouco meu pré-conceito...

“–Aqueles que nunca tiveram medo de ter um filho que não fosse normal que levantem a mão. – Ninguém levantou.”

Ao longo do livro o que se percebe é que Jean-Louis é sincero e honesto ao relatar o que viveu e o que sentiu, sem medo de ser mal interpretado e sem medo do que pudéssemos pensar. Ele me levou às lagrimas ao declarar...

“não terei netos, não passearei com uma agitada mãozinha em minha velha mão, ninguém me perguntará para onde o sol vai quando se põe, ninguém me chamará de vovô...

Chorei... sorri... fiquei pasma... uma mistura de sentimentos nos acompanha a medida que vamos virando as páginas...

Uma parte do livro que marcou demais:

“...fico triste em pensar que vocês não conhecerão o que, pra mim, faz os grandes momentos da vida. Aqueles momentos extraordinários em que o mundo se reduz a uma única pessoa, em que só existimos por ela e para ela, em que trememos quando ouvimos seus passos, ouvimos sua voz, em que nos desmanchamos quando a vemos....

Vocês nunca conhecerão aquele delicioso calafrio que nos percorre dos pés a cabeça, que faz em nós uma revolução... que nos vira, revira, arrasta num alvoroço, que arrepia e nos faz pirar. Porque infelizmente.... vocês nunca saberão o que é amar”.

Só lendo pra entender...

Recomendo!
Nessa Gagliardi 19/09/2010minha estante
Liss, que resenha! Adorei!
Acabei de receber esse livro numa troca e agora aumentou ainda mais minha vontade de conhecer a história. :)




claudioschamis 17/09/2009

Um relato triste e corajoso da vida de um pai que teve dois filhos deficientes e que num texto simples, direto e sem cair no apelo de piedade, escreve como uma carta, como um desabafo e um pedido de desculpas por ele não ter sido O PAI. Mostra a sua dor, sua frustração, seu sonho, sua própria dificuldade em lidar com a deficiência dos filhos e seus medos de forma comovente. Um livro que poderá levar o leitor a repensar seus próprios valores, a repensar na sua vida e a buscar valorizar mais a vida que leva.
Gabriel 15/07/2010minha estante
Em alguns momentos eu não sabia se o autor estava sendo franco ou apenas sarcástico mas eu me emocionei.
É uma lição de vida e um achado para encontrarmos ou reencontrarmos a fé.
Boa leitura.




Helder 01/12/2011

Relato "Tapa na Cara"
Você curte livros tristes? Se sim, encontrou o perfeito.
E para que pode servir um livro triste? O que vou ganhar lendo um livro assim?

A certeza de que sua vida é maravilhosa e que qualquer reclamação que você faça é demonstração de puro egoísmo e egocentrismo.

Foi assim que me senti após ler este relato. Sim, pois é tão pequeno que é até difícil de chamar de livro. Acho que li em duas horas, ou 3 sentadas.
O autor abre totalmente sua alma e nos mostra os sentimentos contraditórios existentes em um pai que concebeu dois filhos deficientes mentais. Como disseram para sua outra filha, “ele só pode estar querendo contar vantagem contando uma estória assim, né?”
Mas não é Estória, é verdade. E ele nos mostra toda a dor existente nessa realidade. Não ter orgulho de seus filhos e eles não terem orgulho de você por nem saberem o que é isso.
Em muitos momentos, os termos usados por ele para definir os meninos são horríveis, mas quando nos colocamos no lugar dele, pensamos: Como eu agiria se isso acontecesse comigo?

“Eles requerem uma paciência de santo, e eu não sou santo”

Quando eu descobri que minha esposa estava grávida passei a ter medo. É estranho isso, mas é a minha verdade. Junto com a alegria, vinha um medo enorme. Ele seria perfeito? Ele seria feliz? Ele...? Cada ultrasom passou a ser uma vitória. Nuca ok, não tem down, deu para ver o sexo, tem todos os dedos, tem pernas, braços e orelhas, cabeça tamanho normal.Mas e quando nascer, vai ser tudo bem? Foi! Mais uma vitória. Teste do pezinho, ouvido, olhinho, aprender a mamar no peito, ficar sentado, rir, andar, falar, aprender as cores, aprender o nome. E hoje já sabe até algumas palavras em inglês!!
O autor deste livro na primeira vez não teve estes medos. Na segunda já teve. Mas como ele disse, jogo com a genética e perdeu!
E por isso, não pode ter muitas outras coisas que almejamos. Seus filhos não aprenderam a falar, não podem jogar bola com seu pai, nem ganhar medalhas. Seus amigos reclamam que não agüentam mais receber os presentes tranqueiras feitos pelos filhos nas escolinhas, e ele daria tudo para receber qualquer presente feito por seus pequenos. Esses e muitos outros exemplos citados durante o livro nos mostram no fundo de nossa alma a tristeza deste pai, que muitas vezes ainda se culpa por ter sido tão incompetente a ponto de trazer ao mundo duas crianças somente para sofrerem.
Mas além de mostrar este lado triste, ele também põe na mesa a discussão com a sociedade, onde existe sempre um medo de se falar sobre crianças deficientes, como se rir de algo que elas façam fosse sempre um pecado. A mania do Politicamente Correto. Achamos que vamos ofender os pais, mas tudo o que ele queria era que as pessoas rissem das “criancices” de seus filhos como riam dos outros. Ao ler o livro percebo que não sei me comportar nem como o pai de uma criança assim, nem como alguém que está ao lado. Muito complicado!
E para a maior ironia desta vida, este pai trabalhava com humor e escrevia livros para crianças. Fez muitas crianças felizes, mas nunca poder fazer seus filhos rirem.
Ao ler este livro lembrei muito de uma musica do Depeche Mode chamada Blasphemous Rumours, onde eles dizem:

“I don't want to start any blasphemous rumours, but I think that God's got a sick sense of humor. And when I die I expect to find Him laughing”.

“ Eu não quero começar nenhum rumor blasfemo, mas eu acho que Deus tem um senso de humor doentio. E quando eu morrer, espero encontrá-Lo rindo”.

Cada um com suas crenças. Para ler e pensar muito.
E abraçar o seu filho!

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TatiAmaribe 26/03/2010

Lindo
No meu ponto de vista, o melhor jeito de descrever essa leitura é: um livro forte.

Um livro que nos faz refletir, que nos emociona, que nos faz agradecer...

Chorei em algumas partes do livro (principalmente com a história do Mathieu) e ri com o humor negro do autor.

Faz pensar em como é ter filhos com deficiência, como é adentrar no mundo deles, como se sente os pais de crianças especiais. E nos faz entender que é bem complicado.

Li o livro inteiro em uma hora e meia. É uma delícia, você não consegue parar de ler. Vale muito a pena!
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Wesley Viana 31/01/2020

Aonde a gente vai, papai?
Aonde a gente vai Papai?
Aonde a gente vai? Quem nunca ouviu essa pergunta de um pequenino?

Mas neste livro não essa frase não vem com a alegria que sempre carrega, aqui ela vem carregada de melancolia.

Não é um livro que traz alegria, é um livro com sentimentos pesados e reflexivos.
O Autor conta aqui como foi sua experiência no nascimento e criação de seu filho não apenas um, são dois filhos e ambos nasceram deficientes.

Apesar dos fatos ele conta sua história com uma dose de humor negro, chega a parecer malicioso, mas logo percebe que é uma descontração pelo seu pesado conteúdo.

O livro deixa muito a se pensar, pois nunca estamos prontos ou muito menos esperando certas situações.


site: Instagram.com/wesley.elivros
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Rosania 09/04/2010

Realista
O que se passa na cabeça de um deficiente físico e mental? Se eles pudessem se expressar, o que diriam? E os pais, o que realmente sentem além do amor incondicional que todos nós acreditamos que eles sintam? Ao ler este livro, temos uma impressionante versão de uma verdade nua e crua, oculta por trás dos formalismos sociais. Muito boa leitura para reflexão.
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Tito 22/06/2010

Um livro corajoso, escrito pelo pai de duas crianças excepcionais como um acerto de contas consigo mesmo, com a vida e com seus filhos, seus dois “fins do mundo”, Mathieu e Thomas. Fragmentos quase doces, sempre ácidos, de um projeto irremediavelmente mal concebido, permeados por uma ironia cruel, que machuca como um tapa. E machuca muito.
Claire Scorzi 23/06/2010minha estante
Já tinha lido os seus comenta?ios lá no orkut, nas comunidades. Não sei se procuro ou se me mantenho longe.


Tito 23/06/2010minha estante
Claire >> Há que se estar preparado, pois não é fácil.


Maycon Silva Aguiar 07/09/2011minha estante
A honestidade não é boa conselheira, mas é competentíssima como retrato do mundo.




akio 14/08/2020

Aonde a gente vai, papai?
É difícil encontrar livros sobre os desafios de ser pai de deficiente que tratem da questão de forma honesta e sem idealizações. Esse livro de Jean-Louis Fournier se destaca no gênero ao discutir as dificuldades de cuidar de dois filhos com severos comprometimentos físicos e cognitivos. O senso de humor ácido é usado como ferramenta para nos lembrar que a deficiência é, sim, indesejada, mas nunca deve ser encarada com autopiedade. Mais apropriado nesta semana dos Pais, impossível.

Instagram: @akio.com.livros
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Rolain.y 18/10/2023

Chato.
O pai tem 2 filhos deficientes e só sabe falar mal deles o tempo todo.
Compreendo que cuidar de filhos não é uma tarefa fácil e se eles forem deficientes é mais complicado ainda, porém o pai das crianças só sabe ofender e xinga-los sempre que possível por causa de suas deficiências, além de ficar comparando eles o tempo todo com as outras crianças.
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RafaCésar89 10/03/2013

Resenha : Aonde a Gente Vai Papai? Jean-Louis Fournier
Aonde a gente vai Papai? Pelo titulo você imagina uma história alegre, não se engane é uma história triste, e muito por Sinal.

O Livro conta história de Jean-Louis e de seus dois filhos - Marthieu e Thomas - os dois com deficiência, físico e mental. Jean sempre pensou com ele que nunca teve sorte, primeiro com Marthieu e depois com Thomas, que nos seus primeiros dias parecia ser uma criança "normal" e que depois foi diagnosticado com deficiência.

A alguns termos que Jean usa que eu acho ser desnecessários, ainda mais se tratando de seus filhos, não gostei e não achei legal, soa meio preconceituoso contra seus próprios filhos , o que ele julga que outra pessoas pensam e até mesmo agem ou falem, ele mesmo faz , por que? Uma pergunta que eu me faço apos ler o livro.

Ele demonstra com muita clareza no livro que não ficou feliz por não ter filhos "normais". E quando você lê imagina todos os sentimentos que esse homem tem pelos filhos, mas eu fiquei muito triste de que em 158 páginas em nenhum momento ele diz que ama os filhos, mesmo com a deficiência, não que isso não transparece na narração dele, mas ele podia ter feito com palavras mais especificas.

Por ele usar esses termos que eu acho desnecessário, achei que o livro foi mediano, mas confesso que em algumas páginas eu chorei, pois como eu falei a história é triste. Mas nem por isso também não deixa de ser interessante. Um livro fácil de ler, entender e até mesmo rápida leitura, pois eu li em poucas horas.

Aonde a Gente Vai, Papai? Triste, Interessante e que com certeza em algum momento ao ler você vai chorar, e mesmo sendo o livro mediano vale a pena pela história e recomendo a todos essa emocionante leitura.
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Gabi 25/03/2024

Forte e triste, com pitadas de humor
Acredito que não seja um livro para qualquer um ler. Eu sinceramente não o recomendaria para alguém com familiares ou pessoas próximas que tivessem alguma condição como a dos filhos. Li esse livro em um dia e foi um misto de emoções, comecei odiando o autor e o achando cruel, mas consegui compreender sua forma sarcástica, feita justamente pra sobrepor a tristeza vivida. Se eu soubesse do que se tratava, não teria lido, o comecei às cegas e fui pega de surpresa; de qualquer maneira, considero um bom livro que me trouxe reflexões muito boas e consegui enxergar diversos pontos de vista colocados pelo autor.
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Book Addicted 24/05/2012

bookaddicted.net
Eu poderia descrever esse livro em uma só palavra? Impossível…
Mas se pudesse, talvez a palavra fosse “chocante”.. ou talvez, “reflexivo”…
É que o “Aonde a gente vai, papai?” é uma estória real e aborda um tema muito delicado.

Com uma fonte (letra) bem grande e pensamentos diretos, ele é muito fácil e rápido de ler!
O livro é narrado pelo pai de duas crianças. O seu humor negro, o seu sentimento de culpa, associado com a uma grande revolta é evidente. O maior motivo do meu choque com a leitura foi a sinceridade do autor…

São, na verdade, sentimentos conflitantes de um pai frustrado por ter gerado não somente um, mas dois filhos deficientes. Ele não demonstra receio de dizer com todas as letras o que sente a respeito de cada situação, de brincar com a sua infelicidade e a de seus filhos.

É uma realidade muito complicada e triste, embora a minha religião explique o porque dessas coisas acontecerem e as vantagens de se resignar, não é nem um pouco fácil colocar-se no lugar deles.

“– Aqueles que nunca tiveram medo de ter um filho que não fosse normal que levantem a mão. – Ninguém levantou.”

...

Mais em http://bookaddicted.net/aondeagentevaipapai-jeanlouisfournier/

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