Pererinha 15/11/2011
Princípios que regem um personagem nacionalista
A obra I-Juca Pirama de Gonçalves Dias, tem por excelência o tema nacionalismo, da primeira geração romântica, e conta o desfecho narrativo de um prisioneiro Tapuia da tribo Tupi. O mais interessante é que, por trás dos bastidores remonta princípios ideológicos dos povos indígenas. Arraigados na questão de como os pais educavam seus filhos para serem heróis, ou seja, idealizando que eles poderiam levar a estirpe da família, para varias gerações seguintes, e que do contrario de seus ensinamentos, eram renegados por seus genitores, tudo porque, não entendem que um pai cria um filho e, mostra o caminho da sobrevivência, agora, o que eles irão se tornar, está fora de seu controle. – Caro leitor! Traga suas cognições do subconsciente e vamos refletir sobre as colocações, que aqui tratam.
Depois de uma leitura atenta da obra, a cena em que o filho, cujo, o pai desconhece o mesmo sangue que corre em ambas as veias, quando “o que é digno de ser morto” se depara com o rito antropofágico dos inimigos Aimorés, ou seja, uma contagem regressiva para sua morte, e tudo que faz e chorar num ato desesperador, o que para os princípios de um nobre guerreiro descendente de Tupi, é uma grande decepção. Veja que, o usurário velhinho pergunta duas vezes, significando não acreditar na tamanha covardia, ao qual sua prole foi exposta, porque para eles o sacrifício de uma vida é sinônimo de honra, mesmo que isso custe a vida de seu próprio filho, a questão é, nos dias de hoje pais sacrificariam em nome da honra e da luxuria? Claro que, em pleno século XXI, essa filosofia de vida não tão explicita, pois está era uma prática dos antigos gentis, ou não?
Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranho choraste?
Não descende o covarde do forte;
Pois, choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Serem presas de vis Aimorés.
Num passo a frente, quando a transcendente história de Hamlet, em que o espírito do rei Hamlet, cujo, o trono foi usurpado pelo próprio irmão, clama por justiça, e aposta que seu filho possa vingá-lo, e assim lavar a honra da família, -refresquemos a memória:
Fantasma.
Se você tem sentimentos naturais não deve tolerar;
Não deve tolerar que o leito real da Dinamarca
Sirva de palco á devassidão e ao incesto.
Mas, seja qual for a tua forma de agir [...] Adeus de uma vez!
O vagalume começa a empalidecer sua noturna;
[...] Adeus, adeus, adeus! Lembra de mim.
O que essas duas histórias têm em comum, é a relação de pai e filho, no caso da dramaturgia Shakespeariana, o filho toma as dores do pai traído, e encontra o melhor para se vingar do tio, o que deve ter da dado orgulho ao Rei Hamlet. Enquanto que, em I-Juca Pirama, o ato covarde de pedir clemência por sua própria vida, e o argumento de que o pai já está muito velho, e precisa dos cuidados de seus cuidados, veja a ladainha:
Eu era seu guia
Na noite sombria,
A só alegria
Que Deus lhe deixou:
Em mim se apoiava,
Em mim se firmava
Em mim descansava
Que filho lhe sou.
O contraste entre as obras é que o prisioneiro dos Aimorés é tachado como covarde, ao contrariar os princípios dos descendentes de Tupã, uma das mais respeitadas tribos, que aqui habitou. O interessante é pensar que mesmo em culturas de povos diferente, há sempre princípios a seguir, para ser bem aceito numa sociedade, isso mostra que de alguma forma, os filhos quase nem sempre tiveram livre arbítrio sobre suas vidas, Por outro lado, há que se pensar, se esses filhos têm uma vida regrada, e de boa reputação, é porque teve pais que zelaram por isso. Então, esses filhos também se tornaram pais um dia, e poderão entender a mentalidade coruja de pai. Gonçalves Dias quis também mostrar nessa obra, (considerada pelos teóricos, como uma das iniciantes da literatura Brasileira), que ser nacionalista significa respeitar leis e princípios que rege uma cultura convencionada, porque muitas vezes representamos outro papel, mais do ser nós mesmos.