Resenhas - O seminário, livro 5

PH 07/01/2021

Não é bom, mas também não é desastroso como o 4
Esse certamente é melhor que o 4, embora mantenha um compromisso e aprofunde uma série de problemas do Seminário dA relação de objeto.

Uma coisa interessante é que Lacan apresenta o grafo como uma proposta clara de formalização de aspectos do nosso fazer. Essa proposta caminha de mãos dadas com os matemas, que serviriam como ferramentas de dessubstancializacão. No entanto, não raras vezes encontramos aqui um Lacan caindo em uma série de dinâmicas imaginárias ao fazer uso do grafo. Mamãe, papai e filhinho continuam aqui (como no 4), à despeito das tentativas de retirar a dimensão empírica do jogo. A ideia da metáfora paterna é um belo exemplo disso. Interessante teoricamente, mas muito mal executada quando articulada em um contexto maior.

A lista de problemas segue. Aqui encontramos reiteradamente a defesa da ideia da inveja do pênis, do desejo genital como o mais autêntico no sujeito, do instinto materno, da mãe como essa figura louca que quer a todo custo reintegrar o filho, bem como a recusa da topologia quando falamos do inconsciente.

É preciso enquanto comunidade fazer um esforço para debater publicamente esses problemas. A nossa insistência em fazer da obra de Lacan um todo coerente nos coloca na posição ingênua de reproduzirmos todos os pontos conservadores desses seminários, à despeito deles terem bons primeiros passos para sair de alguns atoleiros.

É o caso dos analistas que usam o grafo de forma imaginária ou que produzem diagnósticos em função de fenômenos em vez de questões estruturais. Aliás, o Lacan do check list estereotipado da histérica/obsessivo também está aqui. Para superar todos esses pontos é imprescindível que reconheçamos o seu lugar na obra do francês.