Maravilhas do conto africano

Maravilhas do conto africano Marica Adelaide Baptista Nunes




Resenhas - Maravilhas do conto africano


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Henrique Fendrich 30/11/2018

Foi uma experiência muito bacana ler um livro só de contos africanos, uma literatura pra lá de ignorada. São contos da Nigéria, do Senegal, do Togo, do Mali, do Zimbábue e de outros lugares que nem imagino. É preciso que se diga que a maioria dos contos são histórias populares ou folclóricas que ganharam uma versão escrita (e escritas na língua dos colonizadores). Mas é muito interessante ter contato com o tipo de histórias que se contava na África.

O livro é dividido em “O Gênese Africano”, com histórias que tratam sobre “a origem das coisas” (e não podia haver continente melhor para falar disso); em “O Reino dos Animais”, que não tem NADA a ver com fábulas insossas (embora elas tenham também certo fundo moral); em “O Reino do Homem”, com curiosas histórias sobre a trajetória e as aventuras de pessoas naquele majestoso continente; e, por fim, em “Contos de escritores cultos”, nome que está longe de ser politicamente correto, mas significa o sujeito que escreveu de forma ocidentalizada.

É uma literatura bastante diferente de tudo o mais que já li. Todas as coisas falam, tudo se transforma em outras coisas, a própria ressurreição não é difícil, e em tudo parece haver a violenta luta pela sobrevivência, o que também se entende, mais do que nunca, no continente africano. Não vou negar que nem sempre foi uma leitura fácil. Mas isso acontece muito mais porque estamos muito mal acostumados com a visão francesa e inglesa de literatura do que por eventuais deméritos da literatura africana. É uma literatura diferente, de formas de expressão diversas e de valores que o pobre homem europeu há muito não compartilha e por isso não entende. Ele apenas percebe que é muito bonito – e por essa simples impressão, quem sabe, ela poderá se aprofundar mais, até o ponto em que irá entender.

Na parte final, nos contos ditos “cultos”, a distância já foi reduzida, e aí encontramos tesouros incríveis como os contos do senegalês Birago Diop. Principalmente "As Mamas", que é de uma beleza arrebatadora. Muito me alegrou poder colocar uma escritor africano e negro na minha lista de melhores contos lido no ano.

Outro conto ótimo é “O Pehl e o Bozo ou o Cóccis Calamitoso”, do malês Amadou Hampâté Bâ (uma inusitada epopeia que tem os seus ares de novela picaresca).

Uma literatura a ser conhecida.
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