spoiler visualizarRegis 10/04/2023
Um livro de King que é pouco conhecido
Patricia McFarland ou apenas Trisha, é uma menina de nove anos fã de Tom Gordon, jogador de beisebol do Red Sox. Numa de suas caminhadas, junto a mãe recém divorciada e o irmão mais velho, Pete, ela se perde na floresta dando início a uma grande luta pela sobrevivência.
Eu nunca tinha ouvido falar nessa novela, mas ela me foi indicada pelo David essa semana e decidi fazer logo a leitura, pois gosto muito da escrita do King e estava curiosa.
O livro se passa em 1998 e conta a história de Trisha que é uma garota impressionante, forte e determinada que se afasta da trilha e se vê perdida na floresta.
E como essa parte de se afastar da trilha e de repente se ver perdida é crivel e real. Acabei de ler sobre a história de Geraldine Largay de 66 que se perdeu na Trilha dos Apalaches no Maine em 2013, apenas sua ossada foi encontrada dois anos depois.
"Saí da trilha para ir ao banheiro, (estou) perdida agora."
Essa foi a mensagem que tentou enviar para o marido, mas o celular estava sem sinal. Ela montou acampamento no lugar onde se perdeu para não se afastar ainda mais da trilha e sobreviveu por 26 dias antes de sucumbir às condições extremas.
O mesmo aconteceu a Trisha, que saiu da trilha para fazer xixi e se perdeu em meio a densidade da floresta. O que ela fez de diferente foi ir se afastando na tentativa de voltar à trilha mais sem perceber ia se embrenhando cada vez mais na mata ao invés de ficar parada no lugar que se perdeu e aguardar o resgate.
Não consegui gostar da família egoísta de Trisha, o irmão era um chato egocêntrico, o pai um alcoólatra e a mãe passava tanto tempo discutindo com Pete que esquecia de Trisha a ponto dela se sentir totalmente invisível. Ela se afastou da trilha sozinha e os dois nem perceberam e continuaram andando.
Ainda bem que o foco da história era a garota e seu jogador de basebol favorito, Tom Gordon, que acompanhou ela em pensamento durante todo trajeto.
Adoro a escrita do autor, e aqui não foi diferente, a escrita é fluída com várias referências de músicas, programas de TV, séries, livros e bandas em alta na década de 90.
Os capítulos são curtos e nomeados com a divisão de tempo de uma partida de basebol. Exemplo: começo do primeiro inning, começo do quarto inning, prolongamento do sétimo inning...
Em vinte por cento do livro Trisha sofre uma queda que lembrou um episódio de desenho, já que ela vai caindo, batendo em árvores, em uma colmeia de vespas, machuca as costelas, torce a perna, recebe várias ferroadas, rasga a capa de chuva, engancha a mochila em galhos... como uma típica personagem azarada dos cartoons. Fiquei com muita dó dela mais o tom cômico me fez rir um pouco. Desculpa.
Houve um ponto que para mim, tornou-se pouco acreditável: ela tem nove anos, mas suas ações e pensamentos durante a jornada me fez questionar o tempo todo se ela não deveria ter no mínimo uns 12 anos.
Apesar do desconforto com a idade da personagem foi uma boa leitura e consegui me apegar a Trisha.
Esse foi um livro curto, com uma história um pouco repetitiva em alguns pontos, contudo foi uma boa leitura com uma situação brutal. Recomendo para fãs da escrita do autor.