Carla.Parreira 30/08/2024
A Guerra da Arte: Supere os bloqueios e vença suas batalhas interiores de criatividade (Steven Pressfield). Trechos sublinhados: "...O medo de rejeição não é apenas psicológico; é biológico. Está em nossas células. A Resistência sabe disso e usa esse fato contra nós. Usa o medo da rejeição para nos paralisar e nos impedir, se não de fazermos o nosso trabalho, então de expô-lo à avaliação pública... A Resistência convoca a crítica para reforçar a quinta-coluna do medo que já atua dentro da cabeça do artista, procurando alquebrar sua força de vontade e destroçar sua dedicação. O profissional não se deixa enganar. Sua determinação se mantém acima de tudo: haja o que houver, nunca deixarei a Resistência me derrotar... O profissional aprende a reconhecer a crítica motivada pela inveja e tomá-la pelo que realmente é: o supremo elogio. O que o crítico... Assim como a Resistência trabalha para nos impedir de nos transformarmos naquilo que nascemos para ser, forcas iguais e contrárias contrapõem-se a ela. São nossos aliados ê anjos... O princípio de organização está embutido na natureza. O próprio caos se auto-organiza. Fora da desordem primordial, as estrelas descobrem suas órbitas; os rios descobrem seu caminho para o mar. Quando nós, como deuses, partimos para criar um universo — um livro, uma ópera, uma nova empresa —, o mesmo princípio se aplica. Nosso roteiro de filme se resolve em uma estrutura de três atos; nossa sinfonia assume sua forma em movimentos; nossa empresa de material hidráulico descobre sua cadeia de comando ótima. Como experimentamos isso? Tendo ideias. Insights saltam em nossas cabeças enquanto estamos fazendo a barba ou tomando banho ou até mesmo, surpreendentemente, quando estamos de fato trabalhando. Os duendes por trás desse fato são inteligentes. Se esquecemos algo, eles nos lembram. Se nos desviamos do curso, eles orientam as velas e nos conduzem de novo no rumo certo. O que podemos concluir? Obviamente, alguma forma de inteligência está atuando, independentemente de nossa mente consciente e, ainda assim, em aliança com ela, processando nosso material para nós e juntamente conosco. E por isso que os artistas são modestos. Sabem que não são eles que estão fazendo o trabalho; estão apenas tomando ditado... Outros pensamentos ocorrem ao paciente diagnosticado como terminal. E quanto aquele dom que ele tinha para a música? O que aconteceu com a paixão que um dia sentiu para trabalhar com os doentes e desabrigados? Por que essas vidas não vividas retornam agora com tanta força e intensidade? Defrontados com nossa iminente extinção, Tom Laughlin acredita, todas as nossas certezas são questionadas. O que nossa vida significa? Nós a vivemos corretamente? Existem atos vitais que deixamos de realizar, palavras essenciais que não foram ditas? Será tarde demais?... O que acontece no instante em que ficamos sabendo que podemos morrer em breve, afirma Tom Laughlin, é a mudança do local onde nossa consciência se assenta. Ela muda do Ego para o Self. O mundo é inteiramente novo, visto a partir do Self. De imediato, discernimos o que é realmente importante. As preocupações superficiais se desvanecem, substituídas por uma perspectiva mais profunda, mais sólida. E dessa forma que a fundação de Tom Laughlin combate o câncer. Ele aconselha seus clientes não só a fazerem essa mudança mentalmente, mas a colocarem-na em prática em suas vidas. Ele apoia a dona de casa a retomar sua carreira no serviço social, anima o homem de negócios a retornar ao seu violino, ajuda o veterano do Vietnã a escrever seu romance. Milagrosamente, o câncer começa a regredir. As pessoas se recuperam. Mas será possível, Tom Laughlin pergunta, que a própria doença tenha evoluído em consequência de ações realizada, (ou não-realizadas) em nossas vidas? Poderiam nossas vidas não-vividas ter se vingado de nós na forma de câncer? E, se assim for, podemos nos curar agora, realizando essas vidas?... A Resistência se alimenta do medo. Nós experimentamos a Resistência quanto sentimos medo. Mas medo de quê? Medo das consequências de seguir nosso coração. Medo da falência, medo da pobreza, medo da insolvência. Medo de nos humilharmos quando tentamos vencer por nós mesmos e de nos humilharmos quando desistimos e voltamos de joelhos para a estaca zero. Medo de sermos egoístas, de sermos péssimas esposas ou maridos infiéis; medo de não conseguir sustentar nossas famílias, de sacrificar seus sonhos pelos nossos. Medo de trair nossos semelhantes, nossos companheiros, nossos familiares. Medo do fracasso. Medo do ridículo. Medo de desperdiçar a educação, o treinamento, o preparo pelos quais aqueles que amamos se sacrificaram tanto, pelos quais nós mesmos nos esforçamos tanto. Medo de nos lançarmos no vazio, de nos arriscarmos longe demais lá fora; medo de ultrapassar o ponto de onde não há mais volta, depois do qual não podemos renunciar, não podemos voltar atrás, não podemos cancelar, mas com cuja arrogante escolha temos que conviver para o resto de nossas vidas. Medo da loucura. Medo da insanidade. Medo da morte. São todos medos sérios. Mas não são o medo real. Não o Grande Medo, a Mãe de Todos os Medos, que está tão perto de nós que mesmo quando o verbalizamos, não acreditamos nele. Medo de que sejamos bem-sucedidos. De que possamos acessar as forças que secretamente sabemos que possuímos. De que possamos nos tornar a pessoa que sentimos em nossos corações que realmente somos. Essa é a perspectiva mais terrível que um ser humano pode enfrentar, porque o expele, de um golpe só (ele imagina) de todas as inclusões tribais para as quais sua psique está programada e tem estado por cinquenta milhões de anos Tememos descobrir que somos mais do que achamos que somos... Vimos a este mundo com um destino pessoal e específico. Temos um trabalho a fazer, uma vocação a exercer, um eu a se tornar. Somos quem somos desde o berço e estamos presos a isso. Nossa função nesta vida não é nos moldarmos segundo algum ideal que imaginamos que deveríamos ser, mas descobrirmos quem já somos e nos tornarmos esta pessoa. Se nascemos para pintar, devemos nos tornar pintores. Se nascemos para criar e educar filhos, devemos nos tornar mães... De qualquer forma, a obra vem do céu. Por que não entregá-la de volta? Trabalhar desse modo, diz o Bhagavad-Gita, é uma forma de meditação e uma espécie sublime de devoção espiritual. Também está muito próximo, acredito da Realidade Superior. Na verdade, somos servos do Mistério. Fomos colocados aqui na Terra para atuar como agentes do Infinito, para dar vida ao que ainda não existe, mas que existirá, através de nós. Cada respiração, cada batida do coração, cada evolução de uma célula vem de Deus e é mantida por Deus a todo instante, assim como cada criação, invenção, acorde musical ou verso de poesia, cada pensamento, visão, fantasia, cada maldito fracasso ou golpe de gênio vem da inteligência infinita que nos criou e do universo em todas as suas dimensões, vem do Vazio, do campo de potencial infinito, do caos primordial, da Musa. Reconhecer esta realidade, eliminar todo o ego, deixar que o trabalho flua através de nós e oferecê-lo espontaneamente de volta à sua origem, isso, em minha opinião, é o mais próximo que podemos chegar da realidade..."