Aline Maia 01/10/2023
Surpreendente
A 'A Vingança de Mara Dyer' é o encerramento da trilogia Mara Dyer e eu me surpreendi bastante.
Essa série passou despercebida para mim na época de seu lançamento e sei que teria gostdo (e surtado) muito lendo como uma adolescente, porém, tem suas vantagens pegar uma série dessa adulta. Consegui não ligar muito para o romance e pude perceber como tem coisas bem feitas e bem escritas pela Michelle Hodkin.
Nessa terceira parte encontramos Mara Dyer mais uma vez presa e tida como louca, mas diferente dos outros livros, as coisas aqui andam muito mais rápidas e bem frenéticas desde o primeiro capítulo. Estava pensando que teria de lidar com muitas páginas até a Dr. Kells sumir da história ou que tudo ia se passar no Horizontes, logo fiquei até chocada com toda essa parte da ilha se encerrar nos primeiros capítulos. Gostei bastante do time Stella, Jamie e Mara, e gostei mais ainda de ver que a Mara está diferente e bem mais sombria. O fato dela sair matando sem dó e frescura (ou até culpa) foi uma novidade muito bem vinda.
O trio segue para fora da ilha em direção a Nova York através de caronas e muitas caminhadas que só deram certo porque Jamie terminou de manifestar seu poder e estava em pleno controle de sua manipulação através das palavras. Essa coisa de fugitivos se escondendo foi muito boa. Sei que algumas pessoas podem se incomodar por serem adolescentes fazendo essas coisas, mas eu vejo esses três adolescentes sob uma ótica totalmente diferente. Eles não são adolescentes comuns, primeiro porque foram torturados e estudados por tempo suficiente para fazê-los amadurecer muito mais rápido do que se estivessem indo para escola diariamente para fazer provas e assistir aulas. Segundo, possuem uma anomalia/poderes, não dá para colocá-los na mesma ótica de adolescentes normais. Nos livros anteriores eu me peguei revirando os olhos e pensando 'é YA por isso são bobos e tontos' e nesse não me peguei pensando nisso.
Como a Mara está em outra vibe, os flashbacks são mais constantes e não aparecem através de surtos ou da sensação de possessão. Já dá para sacar que estamos conhecendo a história de alguém da família dela e a medida que avança no tempo dá para perceber que é a avó dela. Fiquei com dúvidas, porque na minha cabeça era uma história de séculos passados, então não sei se a avó era meio que imortal ou se eu que não me toquei que era algo dos tempos atuais desde o primeiro flashback. Ter a história de personagens secundários em paralelo da história principal foi ótimo. Gostei de conhecer mais sobre o Professor, sobre a primeira Mara e um pouco sobre a Naomi.
A ausência do Noah nesse primeiro momento para mim foi muito positiva. Encontrar o personagem se tornou uma motivação e as cenas românticas não ficaram aparecendo constantemente como tinha sido no livro anterior. Para mim, essa escolha que a Michelle tomou foi muito boa pois nos possibilitou ver de fato a evolução da Mara. A vingança se tornou o ponto que faltava para ela se entregar de vez a quem de fato é, e aceitar que é sim uma pessoa que faz escolhas egoístas e não se arrepende delas. A mocinha dessa história não é mais vítima ou busca ser uma heroína. Desde 'A Evolução de Mara Dyer' ela já tinha aceitado que heróis fazem escolhas em prol do bem e ela não é uma heroína. Mara não é hipócrita e sabe que seu amor por Noah é mais importante do que outras coisas. Alias, acho que isso faz esse casal ter um bom diferencial dentro desse universo de YA trevosos. Noah e Mara são egoístas quando se trata de seu relacionamento, e optam por fazer escolhas para ficarem juntos, mesmo que isso gere consequências ruins para um grupo maior de pessoas. Essa ausência de hipocrisia me fez finalmente gostar e me importar com esse casal. Maaas, Noah afastado na maior parte do livro foi extremamente bom para a Mara de fato ser a protagonista dessa trilogia. Não canso de falar, nesse livro a personagem está fantástica.
Como eu não era muito apegada ao romance, o final meio trágico foi poético e perfeito para mim. E a medida que a história caminhava para o final, me peguei pensando se essa era uma história que cabia em vários gêneros, mas que acima de tudo era uma história de amor. E fiquei feliz, porque a própria Mara diz isso no epílogo. Dito isso, vejo que a Michelle conseguiu contar de verdade uma história de amor.
As últimas palavras do epílogo foram perfeitas. Não é sempre que as últimas palavras de um livro são super legais ou marcantes, mas aqui foi diferente.
Logo que terminei o ebook, já corri para ver os preços dos livros físicos, pois certamente irei reler algumas vezes essa série e ela merece ter espaço na minha estante. Mara Dyer é uma trilogia que peguei descompromissadamente e talvez por isso me surpreendi bastante. Nos dois primeiros volumes a adolescente em mim ficou feliz de achar essa história trevosa, mas minha versão mais velha ficou super feliz de ter um encerramento como o do último livro.
Vou seguir para a trilogia do Noah torcendo para a história manter essa vibe. Espero saber sobre a carta e onde a Stella foi parar.