Resenhas - Cem Sonetos de Amor

Vanessa 30/08/2009

Te quero porque só a ti quero.

Sempre que penso em Neruda, penso nesse verso. E penso nesse livro.
A maior declaração de amor já feita a uma mulher, em 100 sonetos que descrevem manhã, tarde e noite. Que descrevem uma paixão que vai além de versos e do tempo. Qual de nós não queria ser Matilde por um dia? Ou por um poema?

Alê | @alexandrejjr 03/02/2021

A paixão cotidiana

É, Neruda, não rolou. Gosto de crer que sou um homem sentimental, mas também acredito que a poesia funciona através de conexões e infelizmente não consegui tê-las neste “Cem sonetos de amor”. Vamos lá.

Composto na fase madura do ganhador do Nobel de Literatura, “Cem sonetos de amor” é inegavelmente um livro romântico. Dedicado à sua terceira e última esposa - antes amante -, Matilde Urrutia é a musa inspiradora dos sonetos e detentora dos derretidos versos de amor. O livro é composto de muitos versos livres, algo que já não me agrada tanto, e ainda usa e abusa de associações que fizeram pouco sentido para mim, como o mar, flores, o vento e as paisagens que o escritor guardava na memória e, por mais contraditório que isso possa parecer, tornou o ritmo cansativo e ironicamente pouco poético.

Esqueçam aqui o Neruda político, o militante atuante ligado à esquerda. Aqui Pablo é só amor e pouco quer saber do que se passa nos gabinetes burocráticos do Estado. A poesia de “Cem sonetos de amor” é uma coleção de versos feita por alguém que estava em plena sintonia com outra alma, outro corpo e se você for ler, esteja nesse estado também, senão pode se deparar com o mesmo resultado que eu encontrei.

Ana Bê 22/09/2021

"senão assim deste modo em que não sou nem és"
Não me arrependo de ter comprado. Não sei explicar o quão delicado é, e ainda bem, por que iria perder a graça pra mim se as poesias fossem explicadas. As vezes só quero sentir as coisas, senti as palavras e as folhas, as vezes só precisamos disso.

Também não sei dizer quando exatamente isso começou, mas lá pro final ficou meio triste e depressivo, gostei, um outro lado do amor.

P.S.: A palavra preferida do Neruda é cabeleira, não é possível.

Alberto 02/09/2022

Matilde bem-amada
Lembro de um episódio de Os Simpsons chamado Estou com o cupido. Nele, o simpático indiano Apu, nos sete dias que precedem o Dia dos Namorados, faz diversas surpresas românticas extravagantes para a sua amada Manjula. Bom para o casal, ruim para os demais maridos, que são cobrados pelas esposas por não fazerem o mesmo. Claro que em vez de prepararem algo amável para elas, os homens da cidade tentam impedir que o Apu continue, gerando situações tragicômicas.

Com os casais de amigos do Neruda deve ter sido algo parecido. Os maridos levando o casamento na maciota, daí chega o Neruda com CEM SONETOS para a amada Matilde. Complicou pra eles, né? Imagino uma conversa de canto com o poeta:
? Pô, Ricardo (nome verdadeiro de Neruda), tu tá deixando a gente mal.
? Meu amigo, tu precisa parar logo com esse negócio de soneto.
? Isso mesmo. Minhas costas estão doloridas de tanto dormir no sofá.

Deixando os coitados dos amigos do Neruda de lado, os poemas em si, apesar da temática romântica, não são melosos, mesmo alguns deles sendo bem intensos. Há muitos elementos da natureza em cada soneto, de forma até repetitiva. Lua, Sol, chuva, noite, certas flores, vegetais, frutas... Ele usa muito dessas palavras, que me remetem a um ambiente bucólico e agradável. Bom para ler ao visitar o Chile, sua fonte de inspiração, ou talvez num fim de semana no campo ou ao visitar uma bela vinícola.

Mellyssa13 24/03/2024

Ao ler o livro, tudo que tenho vontade é de ser amada, mas não meramente amada como quem diz um eu te amo todos os dias e por assim se faz satisfeito, quero ser amada da mesma forma que Neruda demonstra amar a Matilde.

Letícia @sereia_literaria 07/04/2022

coisa linda
NÃO TE QUERO senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do fro ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
te odeio sem-fim, e odiando-te rogo,
e a medida de meu amor viageiro
é não ver-te e amar-te como um cego,
Talvez consumirá a luz de janeiro
seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor a sangue e fogo.

Maria 05/05/2021

Profundo
?Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flechas de cravos que propagam o fogo
Te amo como se amam certas coisas obscuras
secretamente, entre a sombra e a alma?

Esse poema me tocou no fundo da alma, sabe quando se ama tanto alguém, que antes dessa pessoa tudo era tão sem graça? Quando você achava que sabia e sentia tudo, mas na verdade não sabia de nada... E como vai ser o eu depois dessa pessoa?

?Tudo era inalienavelmente alheio, tudo era dos outros e de ninguém
Até que tua beleza e tua pobreza de dádivas encheram o outono.?

LAY 26/09/2020

O poder de um poeta, ele descreve o indescritível.
Neruda é o autor do meu poema preferido da vida: A dança.
"...Te amo como se ama certas coisas obscuras, secretamente,entre a sombra e a alma..."
O livro tem sonetos lindos, leitura maravilhosa.

Ana 29/01/2021

Ah, o amor.
Eu super leiga, raramente leio esse gênero e me vi encantada.
Ouvi sobre esse livro através de um romance contemporâneo e quis imediatamente conhecer.
Tenho agora vários fragmentos e Sonetos inteiros dentre os favoritos.
Não posso negar que alguns exigiram de mim uma leitura mais atenta para entender o que de fato queria ser dito.
Deixo aqui um pedaço do favorito dentre os favoritos:
"Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, te amo diretamente sem problemas nem orgulho: assim te amo porque não sei amar de outra maneira, senão assim deste modo em que não sou nem és tão perto que tua mão sobre meu peito é minha tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho."
É isso...

Beatriz 07/08/2020

Do chileno Pablo Neruda, ganhador do Nobel de Literatura em 1971:

Os cem sonetos, no livro, estão divididos em 4 sessões: Manhã (32 sonetos), Meio-dia (21 sonetos), Tarde (25 sonetos) e Noite (22 sonetos). 

Neruda tem como musa sua esposa Mathilde, o poeta usa de vários elementos, sobretudo os naturais, para cantar o seu amor.

Mathilde é água, é fogo, é vento, é trigo, é terra? e são nestes elementos que Neruda desenvolve seus belos versos.

?Saberás que não te amo e que te amo/ posto que de dois modos é a vida,/ a palavra é uma asa do silêncio,/ o fogo tem uma metade do frio./ Eu te amo para começar a amar-te,/ para recomeçar o infinito/ e para não deixar de amar-te nunca:/ por isso não te amo todavia./ Te amo e não te amo como se tivesse/ em minhas mãos as chaves da fortuna/ e um incerto destino desditoso./ Meu amor tem duas vidas para amar-te./ Por isso te amo quando não te amo/ e por isso te amo quando te amo.? (p. 56)

*Carina* 01/07/2010

"secretamente, entre a sombra e a alma."
Lembro perfeitamente bem do momento em que li pela primeira vez o soneto XI desse livro. Lembro-me também da sensação que ele me causou, e que ainda não sei descrever ao certo; uma mistura de paixão, pavor, angústia, desejo. A partir daí eu não tive mais escolha, tive que mergulhar no mundo intenso que Neruda me oferecia.

É claro que nem todos os sonetos são assim tão impactantes, mas a grande maioria tem a mesma força. Os meus preferidos foram três: o XI, o XVII e o LXVI.

Apesar do título, "Cem sonetos de amor", sugerir algo romântico, eu não usaria essa palavra pra descrever o livro. É um livro intenso, forte, sua beleza é algo cru e que deve ser apreciada aos poucos. Muitos sonetos li várias vezes, e ainda é um livro que mantenho por perto.

Em diferentes momentos, muitas vezes inapropriados, me lembro de frases e trechos dos sonetos. Isso pra mim é a maior prova da força de um livro, quando suas palavras impõem-se a mim sem que eu esteja conscientemente tentando retê-las. É como se elas estivessem instaladas "secretamente, entre a sombra e a alma."

Obs. "secretamente, entre a sombra e a alma." é parte do soneto XVII e também parte de muitos dos meus devaneios desde que as li pela primeira vez. Neruda escreve: "Te amo como se amam certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma." Essa "escuridão" que ele traz ao falar de amor é o que o diferencia e acho que o mais me tocou em sua poesia.

livrosdarach 18/08/2021

Tenho tentado criar o hábito de ler poemas mais frequentemente. Este foi o livro que escolhi para me acompanhar primeiro.

Os sonetos de Neruda são belíssimos, e travaram uma relação de amor e ódio comigo. Aos poucos, parte a parte, eles foram me conquistando e (alguns bem mais que outros) ganharam um espacinho no meu coração.

Rita580 05/11/2023

Puro romance !!
Acho que a icônica fala de chicó " fui logo falando i Love you e ela se derreteu todinha" poderia facilmente ser trocada por " fui logo citando pablo Neruda e ela se derreteu todinha".
Neruda nos faz viajar pelos sentimentos puros e profundos que tinha por sua amada do nascer da aurora ( o inicio) ao fim da noite ( a morte ) ou como o poeta mesmo finaliza seu livro "de um beijo vitorioso a eternidade" .

Duda.Salgado 26/10/2020

Neruda nos faz ter fé no amor mais uma vez. Amor que vem do fundo da alma e de outras vidas.

Tania 02/05/2021

São 100 sonetos de Neruda falando sobre o amor....Amo Neruda.....Gostei bastante...