Tamires 14/01/2016Os Mistérios de Udolpho“Na manhã seguinte, fez um dia lindo, e Catherine se preparou para novas investidas do grupo reunido. Os Tilneys vieram buscá-la na hora combinada; e como não surgiu nenhum novo obstáculo, nenhuma recordação súbita, nenhum chamamento inesperado, nenhuma intrusão impertinente para perturbar os seus planos, minha heroína, por incrível que pareça, pôde cumprir seu compromisso, embora com o próprio herói. Decidiram passear por Beechen Cliff, a nobre colina cuja bela vegetação de arbustos suspensos fazia dela um objeto tão impressionante quando vista de Bath.
– Nunca olhei para lá – disse Catherine, ao caminharem às margens do rio – sem pensar no sul da França.
– Já viajou para o exterior, então? – disse Henry, um pouco surpreso.
– Ah, não! Só me refiro ao que li a respeito de lá. Sempre me faz lembrar do país pelo qual Emily e seu pai viajaram, em Os Mistérios de Udolpho. Mas o senhor nunca lê romances, não é?
– Por que não?
– Por que eles não são inteligentes o bastante para o senhor… Os homens leem livros melhores.
– Aquele que, homem ou mulher, não sente prazer na leitura de um bom romance deve ser insuportavelmente estúpido. Li todas as obras da sra. Radcliffe, e a maioria delas com grande prazer. Quando comecei a ler Os Mistérios de Udolpho, não conseguia largá-lo; lembro-me de que o li em dois dias… de cabelos arrepiados o tempo inteiro.”
(AUSTEN, Jane. A Abadia de Northanger. São Paulo: Martin Claret, 2012. p. 129)
O fragmento acima é apenas uma das passagens em que Os Mistérios de Udolpho (1794), de Ann Radcliffe, é citado em A Abadia de Northanger (1818), de Jane Austen. Lembro-me de terminar a leitura do romance de Austen e ir logo pesquisar sobre Udolpho, pois ele havia não só sido muito bem recomendado pelos queridos personagens de A Abadia de Northanger, como também, obviamente, pela própria Jane Austen. O antigo desejo de ler a obra em português se tornou possível com a publicação de Os Mistérios de Udolpho pela Pedrazul Editora! Agora, todos nós podemos nos sentir como Catherine Moorland, com o coração disparado a cada página e a cada mistério!
A princípio, Udolpho é uma leitura que demora algumas páginas para deslanchar. Acho que isso se deve, em parte, pela ansiedade de conhecer o famoso castelo. Ficamos acostumados com Miss Moorland falando de Udolpho, mas a realidade é que demoramos um pouco para chegar lá. Quando conseguimos entrar no ritmo da história, entretanto, é impossível parar de ler! Trata-se de um romance riquíssimo em detalhes e em conteúdo, surpreendente a cada página!
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