Maria - Blog Pétalas de Liberdade 02/10/2015Que Fim Levou Juliana Klein? No livro conhecemos as famílias Kock e Klein, ambas alemãs. A divergência entre as duas surgiu no século passado, ainda na Alemanha. Anos depois, tanto os Kock quanto os Klein vieram para o Brasil, mais especificamente para a cidade de Curitiba. Tudo era motivo de divergência entre as famílias, e elas encontravam na Filosofia um bom campo para se oporem, de modo que os Kock, na figura do professor Franz Kock, estavam na Pontifícia Universidade Católica, e os Klein, com a professora Juliana, na Universidade Federal do Paraná.
"Konrad Klein viu Gertrude pela primeira vez quando a moça saía do austero prédio da Biblioteca Nacional Alemã, em Frankfurt. E se apaixonou ali mesmo, observando-a passar acompanhada de moinhos de vento e de amores de perdição." (página 51)
Em 2005, Salvador Scaciotto, marido de Juliana Klein (com quem tinha uma filha, Gabriela, com 9 anos na época) assassinou Tereza Kock (esposa de Franz, com quem tinha um filho mais ou menos da idade de Gabriela) no Teatro Guaíra. Ele foi preso, e delegado Irineu de Freitas, de Maringá, foi um dos policiais envolvidos na investigação. Foi assim que Irineu conheceu Juliana.
Em 2008, ela desapareceu. Segundo as investigações, ela estaria morta, o responsável por sua morte não foi encontrado. Mas Irineu não se conformava com isso. E passou a procurar o culpado, colocando sua carreira em risco. Por tudo o que ele sabia sobre a rivalidade entre os Kock e Klein, Irineu acreditava que Franz Kock queria se vingar pela morte da esposa e teria alguma responsabilidade no desaparecimento de Juliana.
"O horizonte já estava quase completamente claro. 'Entraram na casa dos Klein', falara Gómez, ao telefone no dia anterior. 'E?' E novamente as reticências, junto com o sangue com a incompreensão. Agora, os raios de sol cegavam, pela janela do avião. No entanto, o caso continuava na penumbra, cada vez mais estranho. Irineu viajava para Curitiba às pressas porque sangue Klein tinha sido derramado no casarão do Batel de maneira grotesca." (página 106)
Em 2011, nada tinha sido provado ainda, e mais sangue Klein estava sendo derramado, de forma que Irineu acreditava que precisava lutar contra o tempo se quisesse manter a jovem Gabriela viva e longe da vingança dos Kock.
"O sentimento ruim aumentava, estar certo, dessa vez, significaria, também, estar perdido, ter sido derrotado na decisiva batalha para salvar Gabriela. Fechou os olhos e pensou no cansaço que sentia, na transformação por que passara ao longo de todos esses anos de trabalho no caso dos alemães, e na exaustão que, por fim, agora o dominava, de modo que até sua função de delegado parecia carecer de sentido. Talvez fosse melhor errar e ser demitido." (página 193)
A história não segue uma trajetória linear, intercalando capítulos que se passam nos anos de 2005, 2008 e 2011. No início, foi um pouco complicado me situar nas mudanças de tempo, de forma que precisei recorrer a uma linha do tempo com a história das duas famílias que há no início do livro, mas depois, achei até interessante a trama ir avançando e retrocedendo em uma simples virada de página, na mudança de capítulos.
Tendo personagens ligados a filosofia, o livro tem uma linguagem mais culta em alguns momentos, mas em outros, traz alguns palavrões para balancear. Há várias referências a outros livros, como Cem Anos de Solidão, por exemplo.
Achei a história mais interessante do que eu imaginava antes de começar a leitura, que me surpreendeu por ser fluida e não arrastada. Não consegui descobrir antecipadamente o mistério que cercava o desaparecimento de Juliana, fui junto com Irineu em suas investigações, sem conseguir prever nada e me surpreendendo com cada revelação. Gostaria que o final fosse mais expandido, detalhado, foi algo inesperado mas crível.
Num primeiro momento, a capa não tinha chamado minha atenção, mas até que tem sua beleza. As páginas são amareladas, as margens, o espaçamento e as letras tem bom tamanho.
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