jota 28/02/2021BOM (fiquei mais entusiasmado no início da leitura, depois nem tanto)Lido entre 24 e 27/02/2021.
Zadig ou Do Destino tem a vantagem de ser uma narrativa curta, ter capítulos curtos, um personagem simpático e algumas lições de moral (ou de filosofia) distribuídas pelo autor enquanto nos conta uma sucessão de peripécias que a vida (o destino) vai aprontando para Zadig. Não apreciei tanto assim esse “conto filosófico”, muito mais por culpa minha do que de Voltaire (1694-1778) ou do valoroso Zadig, claro. Sinto dificuldade em mergulhar profundamente em histórias de príncipes, princesas, sábios, feiticeiros, magos e outros personagens fabulosos ou nem tanto, mesmo quando elas não são tão escapistas.
Aprecio mais aquele tipo de história bem fincado na realidade, mas também sou capaz de me deixar transportar para mundos inexistentes (como o do planeta dos macacos, por exemplo): importa que seja uma boa narrativa, que cause interesse, espanto, que empolgue enfim. Desse modo, Gregor Samsa, transformado por Kafka num inseto, sempre me dirá muito mais do que Zadig, o belo, forte, sagaz, sábio personagem de Voltaire. Mas reconheço que, para quem viveu no tempo do autor ou logo depois, Zadig ou Do Destino tinha um enorme apelo, especialmente porque era uma história do Oriente, lugar que fascinava enormemente os europeus de então.