Vitor173 06/12/2022"O mal escrito"Primeiro preciso esclacerecer o título da resenha, que nada mais é do que um trocadilho ruim com o nome do livro. Não é como se houvesse erros gramaticais, estruturais ou mesmo de tradução (por sinal, só vi 1 ou 2 pequenos erros). Ele é mal escrito pelo excesso. O autor pesa a mão nas descrições. E não é como se eu não gostasse de livros assim, mas ele introduz detalhes extremamente irrelevantes para a história, que se perdem em meio aos poucos detalhes importantes dos quais você não vai mais lembrar quando precisar deles, porque os inúteis te deixam cansado até chegar ao fim da leitura, aliás, bem antes disso. São várias e várias descrições de clima, cenário, pensamentos aleatórios sobre coisas que ninguém se importa. E isso se repete infinitas vezes, em todos os momentos, principalmente em momentos em que eles não deveriam estar presentes. Isso torna a história não somente enfadonha, mas inverossímil. Por exemplo, nenhum ser humano, após ver com os próprios olhos uma pessoa conhecida morta, no chão, com um tiro na cabeça, iria parar para pensar tal coisa: "Entra depressa num vagão quase vazio, na única estação em que teria preferido que estivesse cheio como uma lata de sardinhas, com odor corporal e mau hálito, cheiro de McDonald's, tinido metálico escapando de fones de ouvido, bicicletas, carrinhos de bebê, mochilas e skates, muitas pessoas com muitas coisas em um espaço muito pequeno. Mas hoje há apenas ela e mais umas dez pessoas. Um rapaz gordo de aparência italiana vestindo moletom, tênis e uma camiseta dos Mets, colares e pulseiras de ouro, lendo a seção de esportes do Daily News, olha Isabel de cima a baixo e faz um gesto de apreço com a cabeça, como se um sommelier acabasse de lhe oferecer uma prova de um bom vinho. Todos os outros a ignoram". Se você teve vontade de dormir lendo esse trecho, saiba que são só 2 parágrafos de 1 página, imagine ler isso por outras 330 páginas. Dá sono. É enfadonho. Chega a dar raiva. Não é possível que um editor não tenha visto isso e pensado que dava pra enxugar. Isso o tempo todo (e é o tempo todo mesmo) tira toda a vontade de ler, porque permeia até os momentos de tensão da história, ou mesmo os diálogos dos personagens. Às vezes você se perde sobre o quê eles estão conversando, porque entre as falas de cada um há uma enxurrada de encheção de linguiça. Dava pra cortar fácil umas 100 páginas desse livro.
Outra coisa que daria parar cortar: personagens. Pra quê criar (chute) 30 subpersonagens que ninguém se importa? Todos mal ou nada desenvolvidos, que não tem função alguma no texto a não ser a de fazer você pensar "Quem é essa pessoa? Ela já apareceu antes?" e se perder na linha temporal dos eventos. Personagens fracos, sem alma, sem desenvolvimento, sem qualquer tipo de necessidade de estarem lá. E o autor faz questão de jogar memórias e pensamentos desconexos deles, que não te levam a lugar algum na história. Seria melhor que não estivessem lá.
Isso sem contar que, a partir de um ponto (ou talvez desde o início e eu não tenha percebido), os capítulos ou trechos de capítulos se intercalam entre o presente e cortes de flashbacks dos personagens, e você se perde no que está acontecendo e no que já aconteceu. E não é como se eu não estivesse acostumado a esse recurso de quebra temporal, eu gosto e funciona em muitos livros, mas aqui não funcionou. Ou talvez seja consequência dos problemas já mencionados.
Sobre os personagens "principais", ou os que mais aparecem, nenhum deles é realmente cativante. Sinceramente, poderia todo mundo morrer que não ia fazer a menor diferença. Até a Isabel e seus dramas do passado que são contados às migalhas, até chegar nas últimas 20 páginas, onde tudo é dito de maneira rasa, e ainda bem, porque não aguentava mais ler esse livro.
Até porque, parando para pensar no enredo em si, toda a narrativa não condiz com algo factível. E tudo soa meio bobo e dramático demais. Meio spoiler: O tempo todo ficamos na expectativa de grandes revelações que não podem vir à tona, e quando ela vem, simplesmente não choca tanto (e no final percebemos que choca ainda menos). Não faz sentido mover, ainda que em parte, agentes do FBI para esconder do mundo que um bilionário famoso matou uma pessoa, uma vez que, antes disso, os próprios agentes do FBI vão sair por aí alertando às pessoas de que algo ruim sobre esse famoso virá à tona e, durante o processo para encobrir uma morte, eles irão provocar várias outras. A lógica não fecha.
Por mais simples que seja um livro, eu sempre termino a leitura com algum aprendizado. Eu poderia dizer que aprendi sobre o mercado editorial após esse livro, mas seria mentira. Nada descrito foi significativo, portanto, leio a última página sem carregar comigo nada do que li. Só não parei de ler, porque não gosto de abandonar leituras pelo caminho, por mais penosas que sejam, mas se isso não for problema para você e você estiver com vontade de desistir, desista!
Essa pode não der a opinião de todos, mas é a minha: não vale a pena a leitura. E pior, pelo final "aberto", tive a impressão de que o autor deu margem para uma continuação desse livro. Se é que isso já não existe, por favor, se for lançar um segundo livro desses, não desmate árvores para imprimi-lo, lance pelo menos em formato digital, o planeta agradece.
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